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Jorge Tomé: Venda do Banif ao Totta é feita "num contexto um bocado estranho"

A resolução do Banif teve um resultado "desastroso", na óptica do antigo líder do banco. À SIC Notícias, levanta dúvidas sobre a vitória do Santander Totta e diz que podia ter sido possível fazer mais.     

Miguel Baltazar/Negócios
24 de Dezembro de 2015 às 08:42
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"O resultado, na minha opinião, foi desastroso". Foi assim que Jorge Tomé, até domingo, 20 de Dezembro, presidente executivo do Banif, classificou a medida de resolução aplicada à instituição financeira pelo Banco de Portugal, que ditou o seu fim.

 

Jorge Tomé falava, em entrevista na SIC Notícias, no financiamento da operação (que envolveu a injecção imediata de 2.255 milhões de euros para capitalizar o Banif na sua integração no Santander Totta, que pagou em contrapartida 150 milhões de euros). Contudo, a escolha do comprador levanta dúvidas.

 

Até sexta-feira, 18, foram entregues seis propostas, embora apenas quatro tenham sido consideradas válidas pela administração. "O Santander concorreu, era um dos investidores muito fortes, é perfeitamente normal. Fez todo o seu trabalho". Contudo, mais que isso não sabe porque, apesar da tentativa venda da participação estatal de 60,5% no Banif ter sido liderada pela gestão do Banif, o Banco de Portugal "chamou a si o dossiê" após a recepção das propostas.

 

Para o gestor, acabou por haver uma negociação directa e não uma venda no âmbito de um concurso. E acredita que, se tivesse havido conversas com os vários compradores, poder-se-ia ter evitado a resolução.

 

A dúvida levantada por Jorge Tomé em relação ao comprador da unidade bancária do Banif surge quando questionado se, antes da apresentação das propostas na sexta-feira, já teria havido conversas entre o Santander Totta e o Banco de Portugal. "Pois, certamente houve. Mas certezas disso não tenho. Leva a crer que sim".  

 

Questionado na SIC Notícias se houve favorecimento, Jorge Tomé não respondeu directamente. "Houve um contexto um bocado estranho. O Santander estava no concurso. O estranho é que o que acabou por ser negociado com o Santander foi uma solução muito diferente da proposta. A estrutura da operação era muito diferente. Uma coisa é vender um banco dentro da continuidade do negócio da operação, outra é vender activos e passivos, sem concorrência".  

 

Jorge Tomé não tem dúvidas que o banco liderado por António Vieira Monteiro "escolheu" os activos que queria. "Escolheu os melhores". "Ao preço que quis".

 

Tomé liderava o Banif até domingo, quando o regulador, em coordenação com o Governo, anunciou a divisão do banco em três entidades: a parte bancária foi vendida ao Santander; foi criado um veículo para gerir os activos não bancários, como imobiliário e a Açoreana; o Banif permaneceu como uma entidade esvaziada de activos, com os accionistas e detentores de dívida pública (que deverão perder a totalidade dos investimentos).

 

Esta decisão do Banco de Portugal implicou uma injecção estatal imediata de 2.255 milhões de euros no banco (já vendido ao Totta), custo que poderá subir a 3 mil milhões de euros pela prestação de garantias ao Santander Totta e ao veículo de gestão de activos. Para trás, ficam já perdidos os 825 milhões de euros de ajuda estatal de 2012 que não foram devolvidos.

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