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Estados Unidos “preparados para avançar” para a Síria

O secretário de Estado da Defesa americano afirmou que “os recursos [militares] estão posicionados por forma a cumprir com qualquer opção que o Presidente queira tomar”.

27 de Agosto de 2013 às 16:24
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Esta terça-feira, em entrevista à BBC, Chuck Hagel, anunciou que o Departamento de Defesa já forneceu, a Barack Obama, Presidente dos Estados Unidos, “todas as informações para todas as contingências”. “Ele já as analisou. Estamos preparados para avançar”, atirou.

 

Pronunciando-se sobre o ataque em que terão sido utilizadas armas químicas, Hagel considera ser “bastante provável a utilização de armas químicas contra o povo sírio”. Questionado sobre a investigação a cargo dos inspectores das Nações Unidas, mostrou novamente a sua convicção: “Penso que os serviços de inteligência irão concluir que não foram os rebeldes a utilizar esse tipo de armamento, e surgirão, provavelmente, provas contundentes de que terá sido o Governo sírio o responsável. Para já aguardamos aquilo que os factos e os serviços de inteligência venham a mostrar”.

 

Esta entrevista do secretário de Estado, acontece menos de 24 horas depois de John Kerry, secretário de Estado americano, ter assegurado que existem provas “irrefutáveis” da utilização de armas químicas pelo regime de Assad, tendo acusado Damasco de destruir evidências. Kerry aproveitou, ainda, para revelar que a Administração americana está na posse de informação adicional, que tornará pública nos próximos dias, sobre o referido ataque.

 

O antigo candidato à Casa Branca referiu-se ao ataque da última quarta-feira como uma “obscenidade moral que desafia qualquer código de conduta”. Aproveitou para lembrar que o “Presidente Obama acredita que terá de haver responsabilização para aqueles que recorram às armas mais hediondas contra as pessoas mais vulneráveis”. 

 

Desde o bombardeamento, alegadamente protagonizado por Assad, na última quarta-feira, a comunidade internacional tem-se desmultiplicado em reacções e tomadas de posição sobre esta questão.

 

Inicialmente a divisão essencial era entre aqueles países que defendiam a necessidade de maiores esclarecimentos e provas conclusivas, e aqueles que, como a Turquia, se mostraram prontos para uma eventual resposta contra Damasco. Israel, por exemplo, garantiu, ainda na semana passada, que o recurso a armas químicas tem sido “prática reiterada” pelas forças fiéis a Assad. A generalidade dos países preferia escudar-se na necessidade de apuramento dos factos, função a cargo dos inspectores das Nações Unidas. Estes só ontem, segunda-feira, puderam investigar o ataque, depois de pressões internacionais sobre Assad.

 

Nos dois últimos dias as diferenças de opinião parecem gizar ainda maior afastamento de posições. De um lado os principais aliados da Síria, como o Irão, a Rússia e a China. Do outro, os países tradicionalmente classificados como “Aliados”, a que se junta a Turquia, com vontade de protagonizar um papel de maior relevo na região.

 

O Irão, apoiante de Assad e do grupo libanês político-militar xiita, o Hezbollah, que tem destacado combatentes para se enfileirarem com as forças pró-regime, já ameaçou os Estados Unidos com a garantia de que qualquer ofensiva militar contra a Síria acarretaria “graves consequências”. Aviso acompanhado por Assad. A Rússia não contempla nenhum tipo de acção executada fora do âmbito do Conselho de Segurança das Nações Unidas e, no seguimento do Irão, prevê “consequências catastróficas” para a região caso se verifique uma resposta militar. Recorde-se que a Rússia, tal como a China, detém capacidade de veto, o que pode, em qualquer momento, paralisar qualquer tipo de resposta daquela organização. A China mantém que é fundamental aguardar até que sejam apurados factos evidentes. Até lá, considera que não deve assumir mais nenhum tipo de posição.

 

Entre os “Aliados”, o Reino Unido deixa transparecer que conjectura uma resposta militar. O Parlamento vai reunir-se na próxima quinta-feira e David Cameron, primeiro-ministro inglês, já interrompeu as suas férias. O caso é sensível. François Hollande, Presidente francês, assume que existem várias possibilidades que vão desde o “reforço das sanções internacionais até incursões aéreas, passando por armar os rebeldes".

 

A Reuters avançou que, segundo fonte diplomática francesa, “não existem dúvidas “ da responsabilidade do executivo de Assad neste ataque.

 

A Turquia, como referido atrás, mostra-se disponível para participar num eventual ataque militar contra o regime vigente na Síria, tendo já criticado a “inacção” das Nações Unidas. Entretanto a Liga Árabe, que reuniu os seus 22 membros esta terça-feira, no Cairo, acusa o Governo sírio da utilização de armas químicas e “exige que todos os perpetradores deste ataque hediondo sejam presentes em julgamento internacional”. Deste encontro saiu, também, um pedido às Nações Unidas para que “ultrapassem as diferenças entre os seus membros e assim possam tomar as medidas necessárias, capazes de terminar com as violações e crimes de genocídio que o regime sírio tem vindo a executar ao longo destes mais de dois anos”.

 

O Conselho de Segurança das Nações Unidas está dividido e corre o risco de ficar imobilizado, via capacidade de veto. Mas tanto a França como o Reino Unido, já avisaram que podem agir fora do âmbito das Nações Unidas caso exista “uma grande necessidade humanitária”. Obama já referiu, há largos meses, que a utilização de armamento químico seria a “linha vermelha” que os Estados Unidos não poderiam aceitar. Enquanto segue o impasse, as Nações Unidas já revelaram que nestes cerca de dois anos e meio de conflito, já morreram mais de 100 mil pessoas e foram registados para cima de 1,7 mil milhões refugiados.

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