Notícia
Ban Ki-moon pede "acção urgente na Síria
O secretário-geral das Nações Unidos afirmou esta segunda-feira, em Seul, que "não pode haver impunidade" para o uso de armas químicas. As investigações ao ataque da passada quarta-feira devem começar "dentro de horas", disse Ban Ki-moon.
"Todas as horas contam. Não nos podemos dar ao luxo de perder mais tempo. Todos vimos as imagens na televisão. Este foi, claramente, um episódio terrível. Devemos [esta investigação] as famílias das vítimas", disse o secretário-geral das Nações Unidas, citado pelo "The Guardian", referindo-se ao alegado ataque com armas químicas, a 21 de Agosto, perto da capital síria. A oposição síria afirmou que 1.300 pessoas morreram neste ataque, enquanto o regime de Damasco desmente formalmente ter realizado um ataque militar com gases tóxicos.
Ban Ki-moon defende que a comunidade internacional deve agir se os inspectores das Nações Unidas encontrarem evidência de que ocorreu "uma grave crime contra a Humanidade".
Após a intervenção do secretário-geral das Nações Unidas, em Seul, um franco atirador não identificado atingiu a tiro a coluna de veículos das Nações Unidas que se dirigia ao local do ataque, adiando a inspecção.
"O primeiro veículo da equipa de investigadores foi deliberadamente atingido por múltiplos disparos de atiradores não identificados", disse Martin Nesirky, porta-voz das Nações Unidas que adiantou que não há feridos.
"Todas as opções estão em aberto"
Esta manhã, o ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, William Hague, admitiu a possibilidade de uma resposta internacional ao presumível ataque com armas químicas, sem o apoio unânime do Conselho de Segurança da Nações Unidas. "Será possível responder às armas químicas sem a total unanimidade do Conselho de Segurança da ONU? Eu diria que sim", afirmou William Hague à cadeia britânica BBC.
Questionado sobre a possibilidade de realizar ataques militares esta semana, Hague afirmou:
"Não vou excluir ou não qualquer coisa, não vou especular sobre isso em público". "É possível empreender acções com base em grandes necessidades humanitárias, é possível fazer isso em vários cenários", acrescentou o responsável.
"Nós, os Estados Unidos e outros países, incluindo França, fomos muito claros de que não podemos permitir, no século XXI, a ideia de utilizar impunemente armas químicas, mas, de momento, não posso estar a falar de opções militares".
O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Ahmet Davutoglu, declarou que Ancara está pronta a participar numa coligação internacional contra a Síria, mesmo sem o consenso das Nações Unidas.
"Se for formada uma coligação contra a Síria, a Turquia participará", afirmou Ahmet Davutoglu numa entrevista ao diário “Milliyet” publicada esta segunda-feira.
O Presidente francês, François Hollande, afirmou esta segunda-feira, ao diário “Le Parisien”, que a resposta da comunidade internacional deve ocorrer ainda esta semana. "Tudo se vai pedir nesta semana. Há várias opções em cima da mesa, que vão do reforço das sanções internacionais até incursões aéreas, passando por armar os rebeldes", declarou o chefe de Estado francês.
Hollande advertiu que, embora seja muito cedo para dizer "categoricamente" o que vai acontecer, vai dar-se "algum tempo" ao processo diplomático, mas "não se vai esperar muito”.
"Não se pode ficar sem agir face ao uso de armas químicas", disse o Presidente francês, que no fim-de-semana conversou por telefone com o Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama,
com o primeiro-ministro britânico, David Cameron, e com a chanceler alemã, Angela Merkel, entre outros, para começar a coordenar a resposta.
"A que vão levar as nossas discussões? Vai saber-se nos próximos dias", disse à emissora de rádio "Europe 1" o ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Laurent Fabius, para quem a comunidade internacional "não pode contentar-se" com a afirmação de que o que aconteceu na última quarta-feira é "inaceitável".
"Todas as opções estão em aberto", insistiu o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, que frisou que a reacção será "proporcional ao massacre".
Entretanto, os dois aliados de Damasco, a Rússia e o Irão, já advertiram os países ocidentais contra qualquer resposta militar internacional contra a Síria.
Síria pronta para encarar "todos os cenários"
O regime sírio já reagiu, afirmando que está pronto para encarar "todos os cenários". "As ameaças ocidentais de ataque contra a Síria entram no quadro das pressões psicológicas e políticas contra a Síria, mas, em qualquer caso, estamos prontos para encarar todos os cenários", disse a mesma fonte à agência noticiosa francesa AFP.
"Esperemos que quem tenta desencadear uma acção militar se mostre razoável. Estamos convencidos de que a saída da crise só poderá ser política", declarou. "Qualquer problema, em qualquer ponto que seja, terá impacto em toda a região, porque a situação na Síria é complexa e complicada", acrescentou.
O presidente sírio, Bashar al-Assad, preveniu Washington que qualquer intervenção militar contra o regime estará condenada "ao fracasso", considerando insensatas as acusações ocidentais sobre o uso de armas químicas pelas forças sírias.
No sábado, a organização não-governamental de assistência médica "Médicos Sem Fronteiras" afirmou que 355 pessoas "com sintomas neurotóxicos" morreram depois do ataque, em três hospitais da região de Damasco, sem poder "confirmar cientificamente a causa destes sintomas".
Com base em relatórios médicos, o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), ONG com sede em Londres, contou mais de 300 mortos devido a gás tóxico, incluindo dezenas de rebeldes.
A oposição síria afirmou que 1.300 pessoas morreram neste ataque com armas químicas. O regime de Damasco desmentiu formalmente ter realizado um ataque militar com gases tóxicos.
De acordo com a ONU, mais de 100 mil pessoas morreram na Síria, desde o início da revolta contra o regime, em Março de 2011.
(Notícia actualizada às 13h36)