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Barack Obama admite intervenção limitada na Síria
O presidente norte-americano, Barack Obama, pode estar a planear um ataque contra a Síria com objectivos e duração limitada, refere esta terça-feira a imprensa dos Estados Unidos.
Perante aquilo que os Estados Unidos dizem ser "a utilização inegável de armas químicas contra civis", Barack Obama equaciona uma acção de retaliação pensada para durar não mais de dois dias, procurando manter o país à margem de uma maior intervenção numa guerra civil que se prolonga há 29 meses, indica o “Washington Post” citando fontes não identificadas do Governo.
Já o “New York Times” destaca que Obama ainda terá que decidir sobre o tipo de operação militar, mas prefere uma acção limitada.
Num cenário de curta duração e com objectivos definidos, o “New York Times” explica que a acção militar deverá envolver o lançamento de mísseis a partir de navios no Mediterrâneo contra alvos militares sírios.
O jornal acrescenta que não seria uma missão prolongada visando o Presidente sírio Bashar al-Assad ou a alteração do equilíbrio do conflito.
A imprensa salienta ainda que nos próximos dias, enquanto Barack Obama mantém contactos de alto nível com os seus aliados, serão reveladas informações que sustentam a utilização de armas químicas por parte do regime sírio.
EUA sem dúvidas sobre utilização de armas químicas
O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, garantiu esta segunda-feira não ter dúvidas sobre a utilização de armas químicas na Síria na passada semana, considerando tratar-se de "uma indecência moral" perante a qual os responsáveis devem responder.
"Foram utilizadas armas químicas na Síria. É inegável", afirmou Kerry aos jornalistas, numa intervenção proferida em Washington.
De acordo o chefe da diplomacia norte-americana, "a situação a que [o mundo] assistiu na
semana passada na Síria choca a consciência mundial. Desafia qualquer código de moralidade. O massacre massivo de civis, a morte de mulheres e crianças inocentes através do recurso a armas químicas é moralmente indecente".
"O Presidente (norte-americano Barack) Obama considera que aqueles que recorreram às armas mais atrozes contra as populações mais vulneráveis do planeta devem responder por isso", acrescentou Kerry, citado pela agência France Presse.
Segundo o secretário de Estado, "nada é mais grave agora e nada é mais escrutinado que a utilização de armas químicas".
À semelhança de declarações proferidas por outros membros do Governo norte-americano no passado fim-de-semana, também Kerry acusou o regime sírio de ter oferecido aos investigadores das Nações Unidas um acesso "muito tardio" à zona atingida pelo ataque de 21 de Agosto e de ter "bombardeado" e "destruído sistematicamente as provas" no terreno.
"Este não é o comportamento de um Governo que nada tem a esconder", sublinhou o diplomata.
De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), organização não-governamental com sede em Londres, pelo menos 322 pessoas morreram durante na quarta-feira, mas a oposição coloca o número em 1.300 vítimas. O regime sírio negou responsabilidades no ataque.
A guerra civil na Síria, que começou com uma revolta popular contra o regime de Bashar al-Assad em Março de 2011, já fez mais de 100 mil mortos, segundo as Nações Unidas.