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Síria: Reino Unido considera possível resposta internacional sem apoio da ONU
O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, William Hague, disse esta segunda-feira que uma resposta internacional ao presumível ataque com armas químicas na Síria era possível sem o apoio unânime do Conselho de Segurança da Nações Unidas.
"Será possível responder às armas químicas sem a total unanimidade do Conselho de Segurança da ONU? Eu diria que sim", afirmou Hague à cadeia britânica BBC.
A pressão para uma acção internacional na Síria está a aumentar, depois de um presumível ataque das forças do regime de Bashar al-Assad com gás perto de Damasco, na semana passada. Activistas disseram que morreram centenas de pessoas.
Questionado sobre a possibilidade de realizar ataques militares esta semana, Hague afirmou: "Não vou excluir ou não qualquer coisa, não vou especular sobre isso em público".
"É possível empreender acções com base em grandes necessidades humanitárias, é possível fazer isso em vários cenários", acrescentou.
"Nós, os Estados Unidos e outros países, incluindo França, fomos muito claros de que não podemos permitir, no século XXI, a ideia de utilizar impunemente armas químicas, mas, de momento, não posso estar a falar de opções militares".
O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Ahmet Davutoglu, declarou que Ancara está pronta a participar numa coligação internacional contra a Síria, mesmo sem consenso na ONU.
"Se for formada uma coligação contra a Síria, a Turquia participará", afirmou Ahmet Davutoglu numa entrevista ao diário “Milliyet” publicada esta segunda-feira.
Os dois aliados de Damasco, a Rússia e o Irão, já advertiram os países ocidentais contra qualquer resposta militar internacional contra a Síria.
A missão de peritos da ONU deu já início à investigação, no terreno, sobre o alegado ataque com armas químicas, a 21 de Agosto, perto da capital síria.
"Depois desta missão, as Nações Unidas deverão tomar uma decisão sobre sanções. Se esta decisão não for tomada, há outras opções", acrescentou.
"Trinta e seis ou 37 países já estão a debater estas opções", insistiu o chefe da diplomacia turca.
No sábado, a organização não-governamental de assistência médica "Médicos Sem Fronteiras" afirmou que 355 pessoas "com sintomas neurotóxicos" morreram depois do ataque, em três hospitais da região de Damasco, sem poder "confirmar cientificamente a causa destes sintomas".
Com base em relatórios médicos, o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), ONG com sede em Londres, contou mais de 300 mortos devido a gás tóxico, incluindo dezenas de rebeldes.
A oposição síria afirmou que 1.300 pessoas morreram neste ataque com armas químicas. O regime de Damasco desmentiu formalmente ter realizado um ataque militar com gases tóxicos.
De acordo com a ONU, mais de 100 mil pessoas morreram na Síria, desde o início da revolta contra o regime, em Março de 2011.