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Parlamento rejeita intervenção militar do Reino Unido na Síria
O Parlamento britânico rejeitou esta quinta-feira uma intervenção militar na Síria. David Cameron afirmou, no final da votação, que irá respeitar a decisão. A Casa Branca já reagiu afirmando que agirá de acordo “com os melhores interesses dos Estados Unidos”.
Com 285 votos contra e 272 a favor, o Parlamento britânico acabou de rejeitar uma intervenção militar na Síria. No final da votação, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, garantiu ao líder trabalhista que irá respeitar a decisão da Casa dos Comuns. “Acredito, profundamente, na necessidade de uma resposta dura ao uso de armas químicas. Mas também acredito no respeito da vontade da Casa dos Comuns. Ficou muito claro esta noite que o Parlamento britânico não quer uma acção militar. O Governo irá agir de acordo com essa decisão”, afirmou o primeiro-ministro britânico no final da votação.
Após longas horas de debate na Casa dos Comuns, 285 deputados (alguns, membros do Partido Conservador de Cameron) votaram contra a participação do Reino Unido numa intervenção militar na Síria. O Governo de David Cameron apresentou no Parlamento uma resolução em defesa de uma intervenção militar, mesmo que sem o apoio da Nações Unidas, sob o signo da “intervenção humanitária”.
O primeiro-ministro britânico defendeu perante os deputados uma posição de força por parte do Reino Unido por “se tratar de uma catástrofe humanitária que tem de ter consequências”, lembrando que “se nada for feito, nada impedirá o aumento do recurso a armas químicas”.
“Nós sabemos que o regime [sírio] possui armas químicas. Sabemos que as utilizaram no passado. Sabemos que atacaram aquela zona. Existem vídeos e inúmeras imagens que comprovam o uso de armas químicas. Estamos perante uma questão de julgamento político”, sustentou David Cameron.
A Casa Branca já reagiu afirmando que agirá de acordo “com os melhores interesses dos Estados Unidos”. “Já tivemos conhecimento da votação no Parlamento britânico. Os Estados Unidos vão continuar a consultar o governo do Reino Unido – um dos nossos maiores aliados e amigos. Mas como já afirmamos anteriormente, as decisões do Presidente Obama são guiadas pelos melhores interesses dos Estados Unidos. Ele [Barack Obama] acredita que há interesses vitais em jogo para os Estados Unidos e que os países que violam as normas internacionais relacionadas com o uso de armas químicas devem ser responsabilizados”, afirmou esta quinta-feira Caitlin Hayden, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, citado pelo britânico “The Guardian”.
Esta noite, alguns meios de comunicação social noticiam que o Presidente dos Estados Unidos pode - mesmo sem o apoio do Reino Unido e sem o aval das Nações Unidas - avançar sozinho para uma intervenção militar na Síria. "Apesar do Presidente Obama ainda não ter tomado a decisão final, todas as indicações sugerem que a intervenção pode ocorrer assim os inspectores das Nações Unidas deixarem a Síria. Os inspectores devem deixar a capital, Damasco, este sábado", avança o "New York Times".
A Administração Obama esteve esta quinta-feira reunida com os principais líderes do Congresso norte-americano para analisar, precisamente, a situação na Síria. O encontro terminou já perto da 01h00 desta sexta-feira.
No local onde teve lugar o alegado ataque com armas químicas, no passado dia 21 de Agosto, os inspectores das Nações Unidas já recolheram dados "consideráveis" e vão fazê-los chegar quanto antes ao secretário-geral da organização, afirmou esta quinta-feira um porta-voz das Nações Unidas, de acordo com a agência Lusa.
Os dados recolhidos serão agora enviadas para laboratórios europeus, podendo a sua análise levar mais de uma semana, precisou o porta-voz das organização, Farhan Haq, em declarações aos jornalistas.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, interrompeu uma viagem à Europa para regressar ainda esta quinta-feira a Nova Iorque devido à situação na Síria. "A partir de amanhã [sexta-feira], Ban Ki-moon vai falar com os Estados-membros [das Nações Unidas] e tentar fazer avançar as discussões sobre os que se passa na Síria", disse o porta-voz da organização.
Recorde-se que o Conselho de Segurança das Nações Unidas esteve esta quinta-feira reunido - a segunda vez em dois dias - para analisar a situação na Síria. Este encontro terá ocorrido a pedido da Rússia. No final do encontro nenhum dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança - China, Estados Unidos da América, Reino Unido, França e Rússia - prestou declarações à imprensa, não sendo conhecido o que foi debatido na reunião.
(Notícia actualizada à 01h31 com mais informações)