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Ataque à Síria pode levar petróleo até aos 150 dólares

Société Générale receia que os preços subam até 30%, se um ataque militar desencadear reacções de outros países.

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Uma intervenção militar na Síria pode levar os preços do petróleo a subirem até 30%, para um novo máximo histórico de 150 dólares por barril, admitem analistas do Société Générale. Mais do que a possível perda do fornecimento de crude sírio, que se tem tornado cada vez mais irrelevante nos últimos anos, o receio do banco francês é que "o ataque à Síria possa desencadear reacções de outros países e levar a perturbações no fornecimento em outros locais mais importantes", nomeadamente o Iraque.

"Acreditamos que o Brent pode subir nos próximos dias até aos 120-125 dólares, seja em antecipação ao ataque ou numa reacção ao mesmo", diz o Société Générale. O Brent chegou a ganhar 2,6% na quarta-feira, para 117 dólares, já o WTI superou os 112 dólares, um máximo de dois anos. No entanto, num cenário mais extremo, em que o Irão – único aliado da Síria na região – procure incitar episódios de violência no Iraque, "o Brent pode disparar, por um período breve, até aos 150 dólares".

Seria um novo máximo histórico, superando os 147,50 dólares por barril tocados em Julho de 2008. Michael Wittner, o analista do Société Générale que realizou o estudo, nota, contudo, que se o Brent atingir esse recorde, a Arábia Saudita ou os países da Agência Internacional de Energia podem libertar para o mercado uma parte das reservas, o que poderia "arrefecer" os preços. Além disso, a previsível quebra da procura energética se os preços subissem também limitaria o avanço da cotação, explica o banco.

"Nenhum país tem, sozinho, impacto suficiente no fornecimento de petróleo global, com excepção talvez da Arábia Saudita", diz António Comprido, secretário-geral da Apetro. Contudo, se houver uma intervenção militar, e se esta se alastrar a outros países da região, "poderemos chegar a variações de preços de alguma magnitude", afirma.

Intervenção causará "desordem"

São vários os especialistas que concordam que a crise na Síria tem potencial para destabilizar o mercado energético global. "O risco de acção militar contra o regime de Assad aumentou na sequência dos ataques químicos recentes, e o Ocidente arrisca ver-se arrastado para o meio dos conflitos na região [do Médio Oriente]", diz a consultora Energy Aspects. E "dado que o resultado de qualquer intervenção militar deverá causar alguma desordem, acreditamos que as portas estão abertas para que o Brent se aproxime dos 120 dólares", acrescenta.

O Commerzbank diz que, "apesar do potencial para destabilização na região", o preço do Brent tem negociado desde o início da Primavera Árabe num intervalo com máximo nos 120 dólares. "Esse nível deverá revelar-se um obstáculo significativo", acredita Eugen Weinberg, responsável pela análise de matérias-primas do banco alemão.

Combustíveis já estão a subir

Independentemente de até onde poderá subir o preço do barril, certo é que os combustíveis vão ficar mais caros. Nos mercados, a cotação da gasolina e do gasóleo registou fortes valorizações nas últimas sessões. Considerando o preço médio desta semana face ao da anterior (utilizado pelas gasolineiras para actualizarem os preços), regista-se um agravamento de mais de 2% em ambos os casos. No "diesel", tendo em conta o efeito cambial, a subida é mais forte, de 2,85%. Mantendo-se a tendência durante as próximas sessões, na próxima semana os automobilistas deverão começar já a sentir os efeitos da tensão em torno da Síria na hora de atestarem o depósito.

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