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Israel garante que foram utilizadas armas químicas

O ministro israelita garante “que não foi a primeira vez” que a Síria usou armas químicas. O Governo sírio rejeita e diz que as imagens são “fabricadas”.

22 de Agosto de 2013 às 19:31
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De acordo com o “The New York Times”, o ministro dos Serviços de Informação e Relações Internacionais de Israel, Yuval Steinitz, garante que “de acordo com os nossos serviços, foram utilizadas armas químicas”, tendo acrescentado “que seguramente não foi a primeira vez”. Apesar de não se referir especificamente ao bombardeamento desta quarta-feira, perpetrado pelas forças de Bashar al-Assad, presidente da Síria, Yuval Steinitz assegura que este tipo de armamento tem sido utilizado de forma regular e consistente.

 

O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Laurent Fabius, já se tinha pronunciado, em declarações a uma televisão francesa, ameaçando com o “uso de força” caso fosse provada a utilização de armamento químico. Fabius diz que nesse caso “terá de haver uma reacção da comunidade internacional na Síria”, deixando de lado, porém, a “utilização de tropas no terreno”.

 

O turco, Ahmet Davutoglu, ministro dos Negócios Estrangeiros, também reagiu: “Todas as linhas vermelhas foram ultrapassadas, mas a ONU não parece capaz de tomar uma decisão. É o momento de todos aqueles que delinearam linhas vermelhas responderem”, numa alusão directa a Barack Obama que, há alguns meses, se referiu à utilização de armas químicas como “a linha vermelha que faria mudar a equação”.

 

Portugal juntamente com outros países europeus, em comunicação à imprensa, informaram ser signatários de uma carta enviada ao subsecretário-geral das Nações Unidas, que insta a uma “investigação urgente” da situação. As reacções às várias fotografias e filmagens do incidente levaram a uma reunião, com carácter de urgência, do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Os Estados Unidos pediram esta reunião. O secretário-geral Ban Ki-moon, secretário-geral das Nações Unidas (ONU), mostrou-se chocado com as imagens divulgadas, mas do encontro saiu apenas uma indicação quanto à necessidade de melhor “clarificação” do sucedido.

 

Apesar da reduzida vontade da Casa Branca intervir, outra vez, militarmente no Médio Oriente, a pressão internacional poderá levar a uma abordagem próxima daquela que permitiu a intervenção militar aérea aquando da deposição de Khadafi na Líbia. Obama afirmou, mais do que uma vez, que “os Estados Unidos não iriam tolerar a utilização de armas químicas contra o povo sírio”.

 

Em reacção às acusações sobre o Governo de Assad, o ministro da Informação sírio, Omran Zoabi, desdramatizou aquilo que classificou de “histeria” garantindo que as imagens até agora conhecidas são “fabricadas”. O principal aliado sírio na região, o governo xiita do Irão, também se pronunciou sobre a eventual utilização de armas químicas, afirmando, através do ministro dos Negócios Estrangeiros, Mohammad Javad Zarif, que se alguém utilizou este tipo de armamento, “foram os grupos terroristas”.

 

Numa carta, anterior aos recentes acontecimentos, a que a agência noticiosa AFP teve acesso, o general Martin Dempsey, chefe do Estado-Maior dos Estados Unidos, justificava que “o campo que nós escolhermos apoiar deve estar preparado para promover os seus interesses e os nossos, o que ainda não acontece”. Apesar de reconhecer a capacidade americana para “destruir a aviação síria”, responsável pelos bombardeamentos constantes contra os grupos rebeldes, avança que tal opção “não seria decisiva no terreno militar” o que acabaria por “envolver [os Estados Unidos] no conflito”.

 

Dempsey assegura que os Estados Unidos podiam “mudar o equilíbrio militar” na Síria, mas seriam incapazes de “resolver os problemas religiosos, étnicos e tribais que alimentam o conflito”. O general afiança que este conflito e “a luta pelo poder irão continuar depois de terminar o regime de Assad”, e defende que a ajuda humanitária se faça numa “escala maior” do que a actual. Esta posição de Dempsey é anterior ao último bombardeamento, sobre o qual recaem acusações de ter sido utilizado gás.

 

A Síria envolve um rol de dúvidas sobre dever, ou não, actuar e como actuar. Para já, parece ter falhado a política dos Estados Unidos que consistia em fornecer equipamento militar aos grupos rebeldes sírios. Depois das programadas saídas da presença militar americana, definidas pela administração Obama, do Afeganistão e do Iraque, a política externa norte-americana vira-se agora para a Ásia-Pacífico. Resta saber se a pressão dos acontecimentos e dos principais países poderá alterar o rumo da diplomacia americana.

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