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Sánchez reitera não a Rajoy e coloca PSOE na oposição
O secretário-geral socialista reiterou que o PSOE votará contra a investidura de Rajoy. Para Pedro Sánchez o ainda chefe de Governo deve apresentar-se à investidura para "pôr em marcha o motor da democracia".
No final do encontro com o rei de Espanha realizado esta quinta-feira, 28 de Julho, no Palácio da Zarzuela, Pedro Sánchez deixou tudo na mesma. O secretário-geral do PSOE reiterou a intenção dos socialistas de votarem contra a investidura de Mariano Rajoy, mas defendeu que o ainda primeiro-ministro em funções tem a "responsabilidade constitucional de se apresentar à investidura".
Confrontado com a provável necessidade de o PSOE se abster para assegurar a investidura de Mariano Rajoy, Pedro Sánchez considerou que o líder do PP "tem opções de poder ser investido chefe de governo" e lembrou que tem a seu favor o facto de todos os partidos rejeitarem a ideia de hipotéticas terceiras eleições. Por outro lado, assegurou que "o PSOE não vai entorpecer as negociações do senhor Rajoy para formar governo". Minutos antes, o líder do Cidadãos, Albert Rivera, tinha apresentado como soluções para o bloqueio institucional a formação de uma ampla coligação ou a abstenção em bloco das forças moderadas para viabilizar a investidura de Rajoy. Sánchez rejeita ambos os cenários.
DIRECTO https://t.co/4sJtHR72DQ Pedro Sánchez descarta la abstención en bloque que proponía Rivera https://t.co/4PRqvP4SEP
— EL PAÍS (@el_pais) 28 de julho de 2016
Sánchez sublinha que o PSOE dispõe de apenas 85 deputados em 350, e não tem outra hipótese que não "votar contra e não apoiar quem queremos mudar" e ficar na oposição que foi a vontade expressa pelos espanhóis nas eleições gerais de 26 de Junho. Lembrou ainda que Rajoy conseguiu garantir a eleição de Ana Pastor como presidente do Parlamento após um acordo com o Cidadãos e a abstenção de deputados de pequenas forças nacionalistas.
"Mas [Mariano Rajoy] tem de se apresentar à investidura", sustentou Sánchez para quem "o importante não é tanto o resultado da investidura, mas pôr em marcha o motor da democracia". Nesse sentido, o líder socialista pede a Rajoy que o faça o quanto antes porque num sistema parlamentar como o espanhol é fundamental que "cada qual assuma a sua responsabilidade constitucional".
Classificando o actual quadro político em Espanha após mais de seis meses sem um governo em plenitude de funções como um "momento tão novo da vida política espanhola", Pedro Sánchez defendeu que "o dilema real é se o PP e Mariano Rajoy são capazes de articular uma maioria suficiente no Parlamento que lhe permita governar este país".
Na perspectiva do líder socialista o dilema não passa, portanto, por saber se o PSOE se deve ou não abster para, juntamente à prometida abstenção do Cidadãos, assegurar a investidura de Rajoy, antes por o líder popular "ler e aceitar os resultados de 20 de Junho" em vez de os tentar alterar.
Ou seja, Sánchez considera que, tendo em conta a maioria minoritária do PP no Congresso espanhol (equivalente à Assembleia da República), "a obrigação do senhor Rajoy é oferecer aos seus potenciais aliados" alternativas políticas que lhe permitam recolher apoios à sua investidura.
Ao longo de mais de 30 minutos, Sánchez foi-se sempre esquivando a uma resposta conclusivo sobre se com esta posição pretende provocar terceiras eleições ou apresentar-se ele próprio à investidura. Certo é que se Rajoy aceitar a incumbência de formar governo que o rei lhe tentará conferir no encontro desta tarde na Zarzuela, e não for eleito, então começa a contar o prazo constitucionalmente previsto de 60 dias para a formação de governo.
Neste período podem surgir outros candidatos à investidura. Mas se ao fim de dois meses não houver governo, Felipe VI terá de dissolver as cortes e convocar novas eleições, que seriam as terceiras em menos de um ano.
Iglesias quer mas duvida que PSOE explore governo das esquerdas
Já o líder da coligação Unidos Podemos (aliança entre Podemos e Esquerda Unida, pró-comunista) reiterou a intenção de formar um governo progressista e de esquerda com os socialistas, embora tenha reconhecido que os "o PSOE não parece disposto".
Depois do breve encontro mantido com Felipe VI, Pablo Iglesias admitiu ainda que a votação de ontem no Parlamento catalão, que aprovou um plano tendente à secessão da região autonómica face a Madrid, torna ainda mais complicado um hipotético acordo com o PSOE, partido que recusou negociar uma solução governativa com o Podemos por considerar que este partido coloca em causa a integridade territorial do país.
Pablo Iglesias no vislumbra alternativa a Rajoy y augura que C's y PSOE le abrirán camino https://t.co/oIASolxAFM pic.twitter.com/SvvB53M6dj
— Europa Press (@europapress) 28 de julho de 2016
Depois de ter sido o maior derrotado nas eleições de 26 de Junho, o líder do Unidos Podemos afiança que esta força de esquerda não quer "umas terceiras eleições". Iglesias considera ainda que tal cenário não se verificará, porque "o Cidadãos vai mudar a sua abstenção por um sim" a um governo liderado por Mariano Rajoy o que permitiria ao PSOE "facilitar as coisas com uma abstenção".