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Rajoy vai mesmo à sessão de investidura, mas com escassa margem de ser investido

Está cada vez mais difícil desbloquear o impasse político em Espanha. Apesar de ter aceitado as condições de Rivera, Rajoy parece estar convencido de que falhará a sua investidura. Já Pablo Iglesias anunciou que tem conversado com Sánchez sobre a possibilidade de um governo das esquerdas.

Reuters
18 de Agosto de 2016 às 15:16
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Não ata nem desata. O emaranhado político em Espanha parece cada vez mais longe de estar resolvido. Isto apesar de no encontro a dois realizado esta quinta-feira, 18 de Agosto, Mariano Rajoy, líder do PP e primeiro-ministro em exercício, ter comunicado ao presidente do Cidadãos que os populares aceitam as seis condições apresentadas por Albert Rivera para votar a favor da investidura do ainda chefe de Governo.

 

"Hoje demos um passo decisivo para o objectivo de formar governo e de não se repetirem eleições", anunciou Rajoy aos jornalistas depois do encontro com o líder do Cidadãos. O presidente conservador confirmou que "amanhã iniciaremos negociações" sectoriais por forma a enquadrar as condições exigidas por Rivera.

 

Outra novidade deixada por Mariano Rajoy, e que decorre da condição prévia estabelecida por Rivera, passa pela garantia de que o líder do PP vai mesmo apresentar-se à sessão de investidura, algo que até aqui não dava como garantido pese embora ter aceitado a incumbência atribuída pelo rei Felipe VI de tentar formar governo.

 

A data não foi, porém, anunciada, com Rajoy a explicar que primeiro terá de falar com Ana Pastor, presidente do Congresso espanhol (equivalente à Assembleia da República), para lhe dizer que "estou à disposição de acudir à sessão de investidura quando ela considerar oportuno". A Constituição estabelece que é o líder do Congresso quem tem de agendar o debate de investidura.


Contudo, em Espanha a imprensa adianta que Rajoy está fortemente convencido de que não conseguirá ser investido primeiro-ministro, encarando já o cenário de novas eleições, as terceiras em menos de um ano. Esta quinta-feira, o jornal El Mundo garante que, após uma semana de reflexão na Galiza, Rajoy está convicto de que a sua investidura sairá fracassada.

 

É que sabendo que os 32 deputados do Cidadãos não bastam para garantir a sua investidura, Mariano Rajoy tinha a esperança de que conseguiria levar Pedro Sánchez, secretário-geral do PSOE, a abandonar a sua reiterada rejeição a um Executivo popular e, ainda ontem, o primeiro-ministro espanhol dizia que tentaria voltar a conversar com o líder socialista dado que "para formar governo requerem-se duas condições, o apoio do Cidadãos (…) e o do PSOE".

 

Rajoy referiu que procurará também um entendimento com o deputado da Coligação Canária, mas reconheceu que os 170 deputados (PP, Cidadãos e Coligação Canária) "não são suficientes", pelo que insistiu que voltará a tentar garantir o apoio de Pedro Sánchez. Se o não conseguir, "teríamos de ir a eleições", avisa Rajoy ñotando que tal possibilidade significará que "uns, os que bloqueiam, teriam muito mais culpa do que os outros, que querem negociar".

 

O presidente do PP pretendia assegurar o apoio dos socialistas antes de falar com Ana Pastor sobre o agendamento da sessão de investidura, mas a exigência do Cidadãos para que a mesma fosse marcada levou Rajoy a ceder. Questionado por uma jornalista sobre o que o levou a mudar de ideias, Rajoy limitou-se a perguntar: "Que quer que faça?".

 

Esta resposta deixa subentendido que Rajoy sente estar de mãos atadas, por sua vez com o futuro nas mãos de Sánchez. Também Albert Rivera atirou a responsabilidade pela manutenção do bloqueio institucional para as costas de Sánchez, sustentando que cabe ao PSOE "tornar possível a governabilidade".

Esta quinta-feira o conservador ABC escreve que Rajoy telefonou duas vezes a Sánchez, na terça e quarta-feira passadas, para tentar marcar um encontro para desbloquear o actual impasse. Todavia, a resposta de Sánchez voltou a ser um rotundo "não". Esta atitude foi ontem reforçada depois de a Comissão Permanente do PSOE, convocada por Sánchez, ter reafirmado o veto a qualquer solução governativa protagonizada por Rajoy.

 

Ao contrário do sucedido em Fevereiro passado, quando Rajoy aceitou reunir-se com Sánchez para discutir um eventual apoio à investidura do então candidato a  primeiro-ministro, incumbido pelo rei Felipe VI depois da rejeição de Mariano Rajoy justificada pelo líder popular com a falta de apoios, o líder socialista recusa agora reunir-se com o presidente do PP.

 

Iglesias reabre porta de governo das esquerdas

 

Parecia definitivamente fechada, mas Pablo Iglesias, secretário-geral do Podemos, reabriu hoje a de manhã a possibilidade de um governo das esquerdas entre PSOE e aquela força de extrema-esquerda.

  

Depois de mais de duas semanas ausente dos holofotes, Iglesias reapareceu em cena dizendo hoje no Congresso que concorda com Sánchez sobre a necessidade de esperar pelo debate de investidura de Rajoy. E se este "fracassar", Iglesias afiança estar de acordo com Sánchez sobre perante tal cenário a necessidade de "dialogar" acerca da formação de um "governo progressista".

No entanto, também o número de deputados do PSOE e do Unidos Podemos (coligação entre Podemos e Esquerda Unida que concorreu às eleições de 26 de Junho) não é suficiente para assegurar a investidura de um candidato, presumivelmente Pedro Sánchez. O governo das esquerdas foi uma possibilidade colocada de parte depois das eleições gerais de 20 de Dezembro, porque também então a concretização de um eventual pacto entre PSOE e Podemos exigia o apoio dos partidos nacionalistas representados no Congresso, hipótese desde logo colocada de parte pela direcção socialista. 

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