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PP vai votar condições de Rivera e Rajoy eleva pressão sobre socialistas

A direcção popular vai votar as seis condições impostas por Rivera para que o Cidadãos apoie a investidura de Rajoy. Mas apesar de considerar as negociações entre PP e Cidadãos "um passo em frente", Rajoy mantém que sem o PSOE não haverá governo.

Reuters
10 de Agosto de 2016 às 12:40
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A principal conclusão do mais recente encontro entre Mariano Rajoy e Albert Rivera é que nesta altura os presidentes do PP e do Cidadãos, respectivamente, colocam o ónus da formação de governo sobre os ombros de Pedro Sánchez, secretário-geral do PSOE.

 

Também importante foi o anúncio feito por Rajoy depois da reunião realizada esta quarta-feira, 10 de Agosto, por Rajoy, comunicando que, já na próxima semana (17 de Agosto), o Comité Executivo nacional do PP vai votar as seis condições definidas por Rivera como contrapartida para conferir apoio ao ainda primeiro-ministro no debate de investidura.

 

Para o líder popular a proposta do Cidadãos e o encontro desta manhã constituem "um passo em frente" no sentido de superar o bloqueio institucional que vigora há mais de sete meses no país. Rivera quer medidas que no essencial visam alterar a lei eleitoral e reforçar a luta contra a corrupção, em especial por parte dos agentes políticos. Mas o presidente do Cidadãos quer, como pré-condição, que Mariano Rajoy marque "data e hora" para tentar ser investido primeiro-ministro.

 

Ora, quanto às condições do Cidadãos, o chefe do Executivo em exercício remete para a órgão do PP uma decisão depois de avaliadas as "implicações destas propostas" que configuram "reformas constitucionais importantes". Por outro lado Rajoy, que desta vez, ao contrário do sucedido em Janeiro, aceitou a responsabilidade atribuída pelo rei de tentar formar governo, embora não garantindo que se apresentará ao debate de investidura se não contar com os apoios suficientes, responde à exigência de Rivera com um "já veremos". A data de investidura, se a houver, só será conhecida "depois que se reúna o Comité Executivo do PP, e não antes", atirou Mariano Rajoy. 

No entanto, apesar de considerar que foi dado um "segundo passo muito importante para conseguir o grande objectivo de Espanha ter governo e evitar terceiras eleições", o presidente do PP eleva a pressão sobre os socialistas. Uma vez mais Rajoy sustentou que "se o PSOE mantém o não [a um solução protagonizada pelo PP] teremos novas eleições", colocando de vez para trás das costas a possibilidade de acordos com pequenos partidos nacionalistas.

 

Rajoy explicou que "um dirigente político deve ser o mais realista possível" para justificar a impossibilidade de, aos 169 deputados do PP e do Cidadãos, somar pelo menos seis de pequenas forças separatistas. Por exemplo, recorda Rajoy, mesmo com os nacionalistas bascos (PNV) a investidura não é assegurada. Já o Cidadãos sempre recusou negociar com forças que ponham em causa a integridade territorial do país e, depois do encontro de hoje, Rivera afirmou que procurar obter o apoio de partidos separatistas "não está em cima da mesa e não é viável".

 

Sempre no campo dos cenários, confrontado sobre se após um eventual pronunciamento do PP favorável às exigências do Cidadãos, voltará a tentar conversar com Pedro Sánchez, Rajoy garante que sim, até porque na semana passada "Sánchez disse que está à disposição para escutar o que eu tenha para dizer". É verdade que o líder socialista mostrou abertura para voltar a conversar com Rajoy, mas é também verdade que Sánchez avisou, desde logo, que a posição do PSOE é inamovível e que passa por enjeitar apoiar um novo governo do ainda primeiro-ministro. O PSOE insta a direita a entender-se e a procurar potenciais aliados.

 

Rivera fala em recuperar acordo com PSOE para convencer Sánchez

 

Rajoy e Rivera coincidem na atribuição da responsabilidade aos socialistas pelo actual impasse político. O líder popular lamenta que não tenha sido possível, como o PP quis após as eleições de 20 de Dezembro, formar uma "ampla coligação" dos partidos considerados moderados (PP, PSOE e Cidadãos) porque "não foi sequer possível sentarmo-nos à mesa", numa alusão à "nega" dada por Sánchez na semana passada.

 

Mas mesmo assim Rajoy assegura que "continuarei a tentar somar o PSOE aos grandes acordos de que Espanha necessita", porque Rajoy continua a "acreditar" que um Executivo formado pelos partidos do arco constitucional beneficiaria de um "sólido apoio parlamentar" que permitiria executar "as reformas pendentes no nosso país (...) reformas por consenso e duradouras".

 

Nesse sentido, Albert Rivera pensa incluir nas hipotéticas conversações com o PP medidas que constavam do acordo celebrado em Fevereiro entre Cidadãos e PSOE e que permitiram ao partido centrista votar favoravelmente a investidura de Pedro Sánchez.

 

Esse acordo é "um bom mecanismo para procurar um acordo transversal de conteúdos", considera Rivera para quem a hipótese de apoiar Rajoy não representa o engolir de um sapo apesar do veto anunciado ainda antes do acto eleitoral de 26 de Junho ao nome do presidente do PP. "Há duas opções, ou um governo que seja teu e de que gostes, ou não há governo", conclui Rivera levando em linha de conta que "a paciência dos espanhóis tem limites". Sánchez continua a ser o pivot deste processo.


(Notícia actualizada às 13:11)

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