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PP dá aval a Rajoy para negociar com o Cidadãos

O Comité Executivo do PP deu luz verde para que Rajoy negoceie com Rivera as condições apresentadas pelo Cidadãos como contrapartida ao apoio à investidura do ainda primeiro-ministro. Porém, o PP nem sequer discutiu o teor dessas condições, diz Rajoy.

Reuters
17 de Agosto de 2016 às 15:13
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O resultado foi o que se esperava. Na reunião realizada esta quarta-feira, 17 de Agosto, o Comité Executivo Nacional do PP deu aval a Mariano Rajoy e à direcção dos populares para que negoceiem com Albert Rivera, presidente do Cidadãos, as condições apresentadas por este partido como forma de votarem favoravelmente a investidura do líder popular.

 

Falando aos jornalistas após a reunião desta manhã, Mariano Rajoy, primeiro-ministro ainda em exercício, explicou ter recebido carta branca do Comité Executivo para negociar com o Cidadãos, sublinhando, porém, que tal não significa que o PP tenha aceitado as seis condições impostas pelo partido de Rivera.

 

E para surpresa de todos, Mariano Rajoy afiançou ainda que durante o encontro do Comité Executivo popular não fora sequer discutido o teor das condições do Cidadãos. "Não falámos das condições. Acordámos facultar à direcção do partido negociar com o senhor Rivera", notou Rajoy que perante a incredulidade de alguns jornalistas disse ter somente convocado a reunião deste órgão do PP para "o meu partido me autorizar a negociar" com Rivera.

 

Mariano Rajoy foi também novamente omisso quanto à sua intenção de se apresentar, ou não, ao debate de investidura, uma pré-condição estabelecida por Rivera, prévia à aceitação, por parte dos populares, das condições do Cidadãos.  Rivera exigiu que Rajoy defina "data e hora" para o debate de investidura. Mas uma vez mais Rajoy optou por colocar a pressão sobre o secretário-geral do PSOE, dizendo que antes de "decidir terei de falar com o senhor [Pedro] Sánchez". O líder popular foi mesmo mais longe, referindo-se de forma dúbia às condições impostas pelo Cidadãos: "Podemos aceitar muitas coisas, ou não".
 

Depois de em Janeiro ter rejeitado a incumbência atribuída pelo rei de Espanha de tentar formar governo, desta vez Rajoy aceitou essa responsabilidade, embora não tenha assegurado a sua apresentação no Congresso espanhol (equivalente à Assembleia da República) para o debate de investidura. Rajoy não quer correr o risco de se apresentar à investidura sem os apoios necessários à concretização da mesma.

 

Como tal, Mariano Rajoy especifica que para já "o tema não é a data do debate, é a formação de um governo". E para formar governo requerem-se duas condições, o apoio do Cidadãos (…) e o do PSOE". O presidente do PP continua a colocar o ónus do prolongamento da "actual situação de interinidade" nos ombros dos socialistas.

Socialistas devem reiterar "não" a Rajoy

 

Notando que "desde a Segunda Guerra Mundial não há nenhum país na Europa onde se tenham repetido eleições por incapacidade de formar governo", Mariano Rajoy recordou que Espanha corre o risco de ter de repetir eleições, pela segunda vez. Para o evitar, Rajoy tentará falar com Pedro Sánchez para garantir o apoios dos socialistas e para "saber qual é o seu critério sobre a data em que deve celebrar-se o debate de investidura".

 

Para esta quarta-feira, Sánchez convocou a Comissão Permanente do PSOE, que segundo fontes socialistas citadas pelo El Mundo servirá para ratificar o "não" já dado a Rajoy e que foi decretado pelo Comité Federal socialista depois das eleições gerais de 26 de Junho. No entanto, antes de voltar a conversar com Sánchez, Mariano Rajoy precisará de, em primeiro lugar, garantir o apoio do Cidadãos, algo que está dependente de medidas tendentes à alteração da lei eleitoral e ao reforço da luta contra a corrupção.

 

Trata-se em concreto da limitação dos mandatos do primeiro-ministro a oito anos ou dois mandatos, do fim dos indultos aos condenados por corrupção, da reforma da lei eleitoral, da obrigatoriedade de demissão de qualquer detentor de cargos públicos acusado de corrupção, de fazer com que estes possam ser julgados por tribunais comuns e ainda pela criação de uma comissão parlamentar de inquérito ao caso Bárcenas (o ex-tesoureiro do PP envolvido em esquemas de corrupção).

 

Albert Rivera já garantiu que estas condições são inegociáveis, sustentando que a luta contra a corrupção deve ser feita sem quartel. Antes de começar a negociar sectorialmente com o Cidadãos, Rajoy mantém que nesta altura "o mais importante e o que Espanha necessita é de um acordo para formar governo" e reitera que esta é uma responsabilidade que "não cabe apenas ao PP".

No fundo, Rajoy aponta à prossecução de três objectivos. "Formar governo, não repetir eleições e começar a governar sem ser com um Governo em funções". Mas para alcançar qualquer destes objectivos, o primeiro-ministro espanhol em funções está dependente da mudança de posição de Pedro Sánchez, até porque Rajoy parece indisponível para ir à investidura sem garantias da sua nomeação. 

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