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Fim do acordo desacelera Novo Banco. Lucra 745 milhões e distribui 30%
O fim antecipado do acordo de capital contingente teve um custo de 63 milhões. Lucro compara com 743 milhões em 2023 e é apresentado quando a instituição prepara uma nova fase, com uma dispersão em bolsa ou uma venda direta.
O Novo Banco obteve um lucro de 744,6 milhões de euros em 2024, num aumento residual (0,2%) face ao ano anterior (743 milhões), anunciou a instituição financeira em comunicado. O resultado é, ainda assim, um recorde na história da insittuição financeira.
A desaceleração face aos aumentos expressivos nos últimos anos fica a dever-se, em parte, a custos de 62,7 milhões de euros relacionados com o fim antecipado do acordo de capital contingente (CCA, na sigla inglesa).
No entanto, é esse fim que permite que pela primeira vez o banco anuncie que vai remunerar os acionistas, com um dividendo de 224,6 milhões de euros. "O Conselho de Administração Executivo irá propor à Assembleia Geral de Acionistas, a realizar no dia 21 de março de 2025, a distribuição de um dividendo no montante de 224,6 milhões de euros, refletindo um 'payout' de 60% do resultado do segundo semestre", lê-se no documento. O dividendo proposto representa cerca de 30% do lucro do ano passado.
A rentabilidade do banco em dezembro de 2024 foi de 17,4%. O capital em excesso, acumulado durante os últimos anos em que estava impedido de distribuir dividendos, reflete-se em rácios elevados. O "Common Equity Tier 1" (CET 1) atingiu 20,8%.
A Margem Financeira atingiu 1,18 mil milhões de euros, acima dos 1,14 mil milhões de 2023. A taxa da margem atingiu 2,79%. O encaixe com comissões aumentou de 296,1 milhões para 323 milhões de euros. O produto bancário comercial subiu 4,4% para 1,5 mil milhões de euros.
No lado dos custos, além da despesa de 62,7 milhões de euros relativa ao fim antecipado do CCA, contabiliza-se um crescimento de 4,2% dos custos operacionais para 499,2 milhões de euros, "incluindo 8,6 milhões de 'write-offs' de intangiveis".
As provisões aumentaram 60 milhões de euros, "reflexo da provisão para o processo de transformação, no montante de 57,3 milhões, enquadrada no programa estratégico de inovação e simplificação que o Banco tem em curso".
O volume de depósitos cresceu 5,7% para 29,8 mil milhões de euros.
A carteira de crédito atingiu 27,9 mil milhões de euros, tendo aumentado 3,6% face a 2023.
O rácio de transformação cresceu de 81,2% em 2023 para 82,9% no final do ano passado.
O crédito malparado ("Non-Performing-Loans", ou NPL) caíram 23,7%, fixando-se em 864 milhões de euros. O rácio de NPL desceu 1,1 pontos percentuais para 3,3%, enquanto o nível de cobertura aumentou de 84,3% para 96,6%. O rácio líquido de NPL caiu assim de 0,7% para 0,1%.
Em 2024 o Novo Banco pagou 30,5 milhões de euros em impostos (5,8 milhões em 2023) e 32,2 milhões na contribuição sobre o setor bancário.
IPO à vista mas venda direta também é cenário
Ao fim de mais de dez anos de vida – e mais de sete desde que foi vendido ao fundo norte-americano Lone Star - o Novo Banco prepara uma nova fase da sua vida depois de uma restruturação dura que implicou uma redução do número de trabalhadores e balcões, a venda de operações internacionais e a alienação de ativos problemáticos, sobretudo imobiliário e crédito malparado que herdou do antigo Banco Espírito Santo.
O cenário central da instituição financeira é uma Oferta Pública Inicial (IPO, na sigla inglesa) - a Lone Star admite vender até 30% do capital. Essa operação, a acontecer, será feita na praça de Lisboa. No entanto, a venda direta continua a não estar totalmente afastada. Os CEO das principais instituições financeiras que operam em Portugal nunca colocaram de parte o cenário de compra e recentemente a Caixa Geral de Depósitos admitiu que a operação poderia fazer sentido, mediante condições que não revelou.
Notícia alterada às 07h47 para refletir o "payout" de 30,16% sobre o resultado do ano completo de 2024, em vez dos 60% referidos na versão inicial que reportavam um cálculo do banco que tem por base apenas os resultados do segundo semestre.