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Sem apoio de Sánchez e Rivera, Rajoy avisa que novas eleições "seria uma vergonha"

Mariano Rajoy sublinha que sem o apoio do PSOE não haverá investidura e sem o apoio do Cidadãos será impossível formar um governo minimamente estável. Rajoy não confirma se se apresenta à investidura e Rivera coloca pressão sobre o PSOE.

Reuters
03 de Agosto de 2016 às 11:25
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Terminada a primeira ronda com os partidos chamados moderados (PSOE e Cidadãos), Mariano Rajoy confirmou não haver ainda margem para garantir a sua investidura como primeiro-ministro nem, muito menos, apoios mínimos que garantam um governo sólido.

 

Depois de ontem ter ouvido Pedro Sánchez, secretário-geral do PSOE, reiterar o não à sua investidura, esta quarta-feira, 3 de Agosto, o primeiro-ministro espanhol em exercício encontrou-se com Albert Rivera, recebendo também da parte do presidente do Cidadãos uma nega. Falando aos jornalistas, Mariano Rajoy explicou aquilo que neste momento considera "óbvio": "Se o PSOE votar não, não haverá investidura. E se o Cidadãos não colaborar, dificilmente poderá haver um governo com um mínimo de estabilidade". 

 

O presidente do PP - única força política a sair vencedora das eleições gerais de 26 de Junho – defende assim a necessidade, não só de o PSOE viabilizar a sua investidura, mas de o Cidadãos ir além da garantia de abstenção numa segunda votação de investidura.

 

Ou seja, defendendo que "não se pode prolongar muito mais esta situação de interinidade", que subsiste após "mais de sete meses com um Governo interino e de um resultado claro nas eleições", Mariano Rajoy quer negociar com o Cidadãos um conjunto de medidas que garantam, por exemplo, a aprovação do próximo Orçamento do Estado. Perante esta incerteza, Rajoy vai avisando que a realização de "terceiras eleições num ano seria uma vergonha".

 

"Se o PSOE diz não, não, não, estamos condenados a repetir eleições"

No entanto, na reunião desta manhã Albert Rivera optou por passar a bola ao PSOE, sustentando que "há que permitir que alguém governe", algo que o Cidadãos está a facilitar "com esta abstenção" para que "o país possa seguir em frente". Tal como tem dito Rajoy, também Rivera considera que "se o PSOE diz não, não, não, estamos condenados a repetir eleições".

 

Na opinião deste líder centrista, "neste momento, não há alternativa a Rajoy", pelo que se o PSOE fizesse o mesmo que o Cidadãos seria possível desbloquear o impasse institucional vigente desde 20 de Dezembro do ano passado, data das eleições que determinaram o Parlamento mais polarizado da histórica democrática espanhola.

 

"Oxalá tivéssemos os 85 deputados do PSOE para desbloquear esta situação", admitiu Albert Rivera que tal como ontem fez Pedro Sánchez instou Rajoy a clarificar se pretende, ou não, apresentar-me na câmara baixa do Congresso espanhol para tentar ser investido como primeiro-ministro. É que apesar de aceitar a responsabilidade atribuída pelo rei Felipe VI de tentar formar governo, Rajoy não explicitou até ao momento – e voltou a não fazê-lo esta quarta-feira – se aceita tentar a investidura mesmo sem garantia de que a mesma seja viabilizada.

 

Ora, para Albert Rivera esta indefinição é inconstitucional, com o líder do Cidadãos a defender que a Constituição determina que um candidato que aceite a incumbência atribuída pelo monarca espanhol tem de tentar ser investido. 

Rajoy define quatro temas a discutir com o Cidadãos

 

O primeiro-ministro ainda em funções repetiu a mensagem segundo a qual deveriam ser os partidos constitucionalistas (PP, PSOE e Cidadãos) a assegurar uma solução governativa. E perante a recusa de PSOE e Cidadãos a formar uma "ampla coligação", o líder popular sublinha que "cada um de nós está obrigado a colaborar para superar esta situação de bloqueio".

 

O problema é que Rajoy continua sem apoios à sua investidura, continua sem confirmar se tentará ser investido mesmo sem ter garantidos os apoios necessários – falhada a investidura começa a contar o prazo constitucional de 60 dias para a formação de governo, caso contrário são agendadas novas eleições.

 

Ainda assim, Rajoy revelou que manterá uma "linha aberta" com Rivera para discutir quatro questões essenciais para o futuro de Espanha. São estes a definição dos objectivos de estabilidade orçamental e da dívida pública, estipular um tecto de gastos para o Estado espanhol, definir as medidas que garantam o cumprimento das novas metas orçamentais acordadas com Bruxelas após o cancelamento da multa por défice excessivo e ainda a aprovação do Orçamento do Estado para o próximo ano.

 

O plano orçamental tem de ser aprovado, segundo a Constituição, até 1 de Outubro, devendo também ser enviado para Bruxelas até 15 do mesmo mês, caso contrário ressurge a ameaça de sanções. Para que Madrid possa fazê-lo dentro dos prazos, seria necessário haver um governo em plenitude de funções, no máximo, na primeira semana de Setembro.

 

Como tal Mariano Rajoy continuará a tentar assegurar a "contribuição" do Cidadãos na definição de um conjunto de pontos base para um acordo que permita salvaguardar os compromissos europeus de Espanha, a "urgência" de aprovar um Orçamento, enfrentar o desafio independentista e prosseguir a recuperação económica.

 

Todavia, para já, o Cidadãos recusa participar numa solução governativa, preferindo fazer uma "oposição responsável". Albert Rivera acrescenta que neste momento "a posição do Cidadãos é a mais flexível, a mais razoável". Resta saber se será suficiente para superar o actual impasse político. Rajoy afiança que o seu "primeiro objectivo é que não se repitam eleições", mas não garante que não haverá novo acto eleitoral.

(Notícia actualizada pela última vez às 12:05)

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