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Apelo do Rei de Espanha ao diálogo entre partidos parece condenado ao fracasso

Felipe VI decidiu não iniciar nova ronda de consultas aos partidos, preferindo esperar por sinais de entendimentos entre as forças partidárias. Contudo, os sinais vindos dos partidos apontam para a continuação do impasse político.

Reuters
05 de Setembro de 2016 às 20:04
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Depois de se reunir esta segunda-feira, 5 de Setembro, com a presidente do Congresso de Deputados, Ana Pastor, o rei Felipe VI tomou a decisão de "não iniciar por enquanto" uma nova ronda de auscultação aos partidos com assento parlamentar.

 

Pela voz da dirigente popular, o rei acrescentou ainda um apelo ao "diálogo, concertação e compromisso" dos diferentes partidos tendo em vista a prossecução de uma solução governativa que coloque um ponto final a mais de oito meses sem um governo em plenitude de funções.

 

Depois de fracassada a segunda tentativa de investidura de Mariano Rajoy, primeiro-ministro espanhol em exercício, na sexta-feira, Felipe VI decidiu não avançar com consultas aos partidos tendo em conta que nesta altura não há qualquer indício de que o bloqueio institucional pode ser superado. O monarca espanhol considera necessárias mais conversações para responder "aos problemas dos cidadãos", num momento em que Espanha parece caminhar para novas eleições.

 

Pelo seu lado, Pedro Sánchez, secretário-geral do PSOE, continua a não se posicionar para uma candidatura à chefia do governo espanhol, rejeitando mesmo, para já, essa hipótese, embora tenha já dito que pretende dialogar com todos os partidos e tenha dado sinais de que procurará o apoio do Podemos e do Cidadãos. O Comité Federal socialista deu esta segunda-feira carta branca para que Sánchez negoceie com aqueles partidos.

 

Contudo, apesar de na semana passada Pablo Iglesias, líder do Podemos, ter voltado a desafiar Sánchez a promover um governo progressista – que dependeria da abstenção do Cidadãos ou do apoio de partidos nacionalistas – o Cidadãos veio hoje reafirmar a "incompatibilidade" com aquele partido de extrema-esquerda. Nas palavras do porta-voz do Cidadãos, a única solução viável passa por um acordo entre PP e PSOE.

 

Na linha do que vem defendendo desde as eleições de 20 de Dezembro do ano passado, Mariano Rajoy reiterou hoje que apesar de a "aritmética suportar tudo", a opção "razoável passa por um governo PP-PSOE-Cidadãos". Rajoy insiste na ampla coligação dos partidos chamados moderados, pese embora a mesma continue a ser rejeitada pelos socialistas.

 

Nesta altura as especulações avolumam-se. Como ficou claro no discurso proferido por Sánchez na sexta-feira, quando sustentou a rejeição a Rajoy, o líder socialista parece querer tentar novamente ser investido, sendo que a imprensa espanhola adiante que, desta feita, apenas o tentará se tiver garantido previamente os apoios necessários.

 

O problema é que além da dificuldade em alcançar uma solução PSOE-Podemos com abstenção do Cidadãos, internamente esta hipótese é rejeitada por importantes figuras do partido. Ainda esta segunda-feira a secção da Andaluzia do PSOE, liderada por Susana Díaz, a principal rival interna de Sánchez, classificou como "inviável" um acordo a três entre PSOE, Podemos e Cidadãos.

 

Na expectativa de que surja alguma possibilidade de solução, o rei irá aguardar por novidades. Que não deverão chegar antes das eleições regionais, no final deste mês, no País Basco e na Galiza. Até lá Felipe VI pode esperar ou retomar as consultas aos partidos. Garantido é que se a 31 de Outubro não tiver sido encontrada uma solução, Felipe VI convocará novas eleições, as terceiras num ano.

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