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Apesar de aceitar dialogar com Rajoy, direcção interina do PSOE mantém veto

Depois da primeira reunião da comissão gestora socialista, o presidente Javier Fernández explicou que uma eventual abstenção à investidura de Rajoy não configura um apoio ao líder do PP. Mas Fernández lembra que o "não" a Rajoy "continua vigente".

Reuters
03 de Outubro de 2016 às 17:33
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Durou apenas uma hora a primeira reunião da recém-eleita comissão gestora dos socialistas espanhóis, encarregue de guiar os destinos do PSOE até que sejam realizadas novas eleições primárias no partido. No final, o presidente desta comissão interina, Javier Fernández (na foto), sinalizou a possibilidade de o PSOE se abster numa hipotética sessão de investidura de Mariano Rajoy, presidente do PP, lembrando, porém, que tal posição não significaria o apoio socialista ao primeiro-ministro espanhol ainda em exercício.

 

Prometendo ter como objectivo "devolver a normalidade" ao partido, e já depois da conclusão do encontro agendado para definir a estratégia do partido, Javier Fernández anunciou esta segunda-feira, 3 de Outubro, em declarações aos jornalistas, estar disponível para dialogar com Rajoy se este o solicitar. Contudo, Fernández fez questão de lembrar que o veto a Mariano Rajoy "continua vigente".

 

O responsável interino pelo PSOE não escondeu a sua preferência por um cenário que evite novas eleições, reiterando que já enquanto presidente das Astúrias defendia esta posição, que promete manter quando se realizar o próximo encontro do Comité Federal, o órgão máximo socialista entre congressos. Mas apesar de ter acenado com a possibilidade de uma eventual abstenção à investidura de Rajoy como primeiro-ministro, o próprio Fernández fez questão de notar que tal decisão cabe exclusivamente ao Comité Federal, cuja próxima reunião continua sem data agendada.

 

Aconteça o que acontecer, e independentemente da posição dos membros da actual comissão gestora que integra alguns dos socialistas mais próximos de Susana Díaz, rival do agora ex-secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez, a posição oficial do partido em relação a Rajoy dependerá sempre do que vier a ser decidido pelo Comité Federal. Apesar de ter sido anunciado para este sábado o próximo encontro do Comité Federal, a reunião deste órgão só deverá ter lugar a 15 ou 22 deste mês.

 

Órgão que mantém em vigor o "não" ao líder popular desde a resolução aprovada em 28 de Dezembro do ano passado, depois de as eleições de 20 desse mês terem determinado o Parlamento espanhol mais fragmentado desde a transição democrática espanhola.

 

Sánchez pode recandidatar-se à liderança socialista

 

Praticamente à mesma hora a que Fernández anunciava a posição da comissão gestora socialista, Pedro Sánchez revelava que pretende manter-se como deputado no Congresso (câmara baixa do Parlamento espanhol), enquanto elementos afectos ao ex-líder falavam à imprensa espanhola sobre a eventual intenção do último secretário-geral se recandidatar nas próximas primárias do partido.

 

Além de ter de decidir a posição do partido em relação a Mariano Rajoy, o Comité Federal socialista terá também de marcar uma data para as primárias do PSOE, perfilando-se a "baronesa" territorial Susana Díaz como potencial candidata. Apesar de forte crítica do imobilismo de Sánchez no veto a Rajoy, Susana Díaz defendeu hoje que cabe à comissão gestora dirigir o partido, com a dirigente andaluza a não se comprometer com um eventual apoio à abstenção em relação a Rajoy. Díaz que tem defendido a impossibilidade de os socialistas governarem apenas com 85 deputados.

 

Já o número dois do PSOE andaluz, Juan Cornejo, a exemplo do presidente da comissão gestora, insistiu que os socialistas da Andaluzia continuam a apoiar o "não" a Rajoy, tal como ratificado pelo órgão competente.

 

O calendário aperta em Espanha. Os partidos, designadamente o PSOE, que se encontra num processo de luta interna que ficou visível no passado sábado com a demissão de Sánchez, após não ver respaldada a sua proposta de realização de primárias ainda em Outubro como forma de legitimar a sua liderança, têm até 31 desse mês para encontrar uma solução. Caso contrário, o rei Felipe VI é obrigado a dissolver as cortes e a marcar novas eleições, que seriam as terceiras no espaço de um ano.

 

Mariano Rajoy continua em suspenso do que vier a ser decidido pelo PSOE, partido que continua a deter a chave para a superação do bloqueio institucional que vigora em Espanha desde 20 de Dezembro de 2015. Contando com o apoio do Cidadãos, basta ao PP a abstenção dos deputados socialistas para garantir a renovação do mandato de Rajoy. Pelo seu lado, o Podemos – que falhou o "sorpasso" ao PSOE nas eleições de 26 de Junho, mas que pode beneficiar dos sinais de fractura no seio socialista para garantir o objectivo de ultrapassar os socialistas como principal partido da esquerda espanhola – já veio pressionar os líderes territoriais socialistas responsáveis pela actual direcção do PSOE para que não viabilizem um novo Governo liderado pelo ainda primeiro-ministro em funções. 

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