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Rajoy começou negociações para formar Governo, mas não pelo PSOE
O ainda primeiro-ministro espanhol garantiu que daria prioridade aos socialistas nas conversações para a formação de um Executivo, mas afinal começou por contactar com a Coligação Canária.
Prometeu mas só cumpriu meia promessa. Mariano Rajoy, primeiro-ministro espanhol em exercício, anunciou na segunda-feira que iniciaria conversações com os partidos com assento parlamentar ainda antes de o Rei Felipe VI iniciar a auscultação aos representantes partidários.
E foi isso que fez na manhã desta quinta-feira, 30 de Junho, ao reunir-se com a Coligação Canária, que elegeu um deputados nas eleições gerais espanholas (26-J) realizadas no domingo passado. Pelo que não cumpriu a garantia de que daria prioridade ao PSOE nessas negociações, a segunda força política em Espanha. Rajoy e o presidente da Coligação Canária, Fernando Clavijo, combinaram voltar a falar na próxima terça-feira.
A Cadena Ser revela que María Dolores de Cospedal, secretária-geral do PP presidido por Rajoy, também já conversou com representantes da Coligação Canária e também dos nacionalistas bascos (PNV), partido que obteve cinco mandatos em 26-J. Segundo aquela rádio espanhola, Cospedal garante que com esta iniciativa o PP pretende manter abertas todas as possibilidades que possam desbloquear o bloqueio institucional que impera em Espanha desde as eleições de 20 de Dezembro.
Longe da maioria e dependente do PSOE para garantir a sua investidura como primeiro-ministro, desta vez Rajoy anunciou que não abdicaria de formar Governo e que estaria disposto a tentar "todas as fórmulas" que possibilitem uma solução governativa, definindo como linha vermelha a procura de pactos com "partidos moderados".
Tendo em conta a persistente recusa do secretário-geral socialista, Pedro Sánchez, em viabilizar um Governo do PP e o aparente recuo do Cidadãos de Albert Rivera quanto ao veto a Mariano Rajoy, ganhou força a possibilidade de os populares tentarem uma solução pouco óbvia.
Rajoy poderia ser investido se aos 137 deputados do PP se juntassem os 32 do Cidadãos, os cinco do PNV e ainda o da Coligação Canária, perfazendo um total de 175 parlamentares. Pelo que faltaria apenas um deputado para a maioria absoluta (176 deputados), que poderia ser Pedro Quevedo, do partido nacionalista Nueva Canarias que foi eleito como independente nas listas apresentadas pelo PSOE naquelas ilhas espanholas.
Este cenário permitiria a formação de um Governo sem que o PSOE se comprometesse com o apoio ao PP e a Rajoy. Mas além de convencer PNV e os dois deputados provenientes das Canárias, o PP precisaria de conseguir o recuo do Cidadãos. Embora a exploração desta "fórmula alternativa" também permita a Mariano Rajoy mostrar ao PSOE e ao Cidadãos de que dispõe de outras possibilidades para voltar a ser investido chefe de Governo.
Cidadãos aproxima-se de aliança alargada
Esta quinta-feira a imprensa espanhola coincide na conclusão de que Albert Rivera, depois da pressão dos fundadores do partido que criticaram abertamente a recusa do presidente do Cidadãos a apoiar qualquer solução protagonizada por Rajoy, está disposto a recuar desde que também o PSOE se envolva na prossecução de um pacto alargado entre as forças chamadas moderadas: PP-PSOE-Cidadãos.
O El País escreve hoje que Mariano Rajoy continua a priorizar uma solução que envolva os socialistas. Onde os liberais dirigidos por Rivera seriam bem-vindos. No fundo seria a concretização da grande coligação proposta, em Fevereiro, pelo ainda chefe do Executivo espanhol quando definiu o que chamou dos cinco pilares que serviriam de base a tal acordo.
Tudo deverá começar a clarificar-se depois de 19 de Julho, data prevista para a constituição das novas cortes, ou seja, quando o Congresso (equivalente à Assembleia da República) resultante das eleições de domingo tomar posse.