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Espanha: PP vence as eleições, falta saber se vai governar

Com 100% dos votos contados, a história das eleições legislativas espanholas está também contada. O PP venceu e reforçou a votação obtida seis meses antes mas encontra-se uma vez mais nas mãos do PSOE para governar. O Podemos, que falhou o objectivo de ser o segundo partido mais votado, já desafiou o PSOE a formar um “governo progressista”, cenário que surge como improvável. O PSOE é que vai decidir, sabendo que pode perder muito com essa decisão.

Reuters
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Participação eleitoral de 51,21%
Às 18:00 em Madrid (17:00 em Lisboa) dos mais de 36,5 milhões de espanhóis em condições de votar, apenas 50,68% já tinham depositado o seu voto nas urnas. O que representa uma diminuição face aos mais de 58% (58,22%) que se registavam à mesma hora nas legislativas espanholas realizadas em 20 de Dezembro do ano passado (20-D). A contabilização diz respeito a 97,28% das mesas eleitorais. 

Se às 14:00 a participação eleitoral se situava nos 36,87%, praticamente o mesmo valor registado no acto eleitoral realizado há seis meses (36,91%), as últimas horas mostram um menor empenho dos eleitores espanhóis em irem votar para tentar superar o bloqueio político vigente desde 20 de Dezembro.

Faltam agora menos de duas horas para o fecho das urnas em Espanha (encerram às 20:00 em Madrid, mais uma hora do que em Lisboa). A menos que haja um volte-face neste período, os eleitores espanhóis vão acabar por não corresponder aos vários apelos feitos pelos principais partidos políticos que pediram uma elevada participação.
Afluência menor em todas as regiões
Às 18:00 a afluências às urnas era inferior a 20 de Dezembro em todas as autonomias espanholas, no que parece confirmar-se como uma tendência clara de menor participação eleitoral. Na região autonómica da Catalunha a participação regista uma quebra em torno dos 10 pontos percentuais relativamente ao último acto eleitoral. 
Participação mais baixa da história democrática
Participação mais baixa da história democrática
Às 18:30 a secretária de Estado da Comunicação, Carmen Martínez Castro, e o subsecretário do Ministério do Interior, Luis Aguilera, classificaram de "notavelmente inferior" a participação registada até às 18:00 comparativamente com a afluência de há meio ano. O El Mundo adianta que os níveis de participação a duas horas do fecho das urnas é o mais baixo de sempre da história democrática espanhola. 

"Nunca foram tão baixos os dados de participação às seis da tarde na história da democracia", disse Carmen Martínez Castro numa conferência de imprensa transmitida em directo a partir do site do Ministério do Interior de Espanha. Ainda assim a secretária de Estado da Comunicação nota que, por outro lado, se verifica um nível "altíssimo" de votos por correio.
Garzón chega a Madrid
De acordo com a Esquerda Unida (IU, força pró-comunista que se apresenta a estas eleições coligada com o Podemos), o seu líder, Alberto Garzón, já chegou a Madrid para a partir das 20:00 locais acompanhar a divulgação das primeiras projecções à boca das urnas. Garzón estará no Teatro Goya junto a Pablo Iglesias, secretário-geral do Podemos. 
Faltam 20 minutos para o fecho das urnas
Já só faltam 20 minutos para o encerramento das urnas em Espanha. Logo após as 20:00 em Madrid, mais uma hora do que em Lisboa, serão conhecidas as sondagens à boca das urnas. 
Sondagens dão vitória ao PP e segundo lugar ao Unidos Podemos
Sondagens dão vitória ao PP e colocam Unidos Podemos à frente do PSOE. As primeiras duas sondagens à boca das urnas confirmam em grande medida as intenções de voto que vinham sendo antecipadas pelos estudos de opinião conhecidos ao longo das últimas semanas. 

A sondagem divulgada pela TVE atribui entre 117 e 121 deputados ao PP de Mariano Rajoy (menos do que os 123 eleitos em 20 de Dezembro), de 91 a 95 deputados para o Unidos Podemos (nas últimas eleições o Podemos elegeu 69 e a Esquerda Unida 2), entre 81 e 85 parlamentares para o PSOE (conseguiu 90 em Dezembro) e de 26 a 30 deputados para o Cidadãos (que compara com os 40 eleitos há meio ano).

Já a projecção à boca das urnas da GAD3 para o jornal ABC aponta para a vitória do PP com 30,4% (121 a 124 assentos parlamentares), a segunda posição ao Unidos Podemos com 24,8% (87-89), o PSOE em terceiro com 21,8% (84-86) e o Cidadãos com somente 13,2% (29-32 deputados).
Podemos e PSOE à beira da maioria absoluta
Podemos e PSOE à beira da maioria absoluta

Duas sondagens à boca das urnas põem Unidos Podemos e PSOE à beira da maioria absoluta. Este é um dos dois cenários de coligação. O outro, tido como mais provável, é o do bloco central, entre PP e PSOE. As projecções da GAD3 apontam para um intervalo de deputados entre 171 e 175, ao passo que a da Sigma Dos aponta para um intervalo entre 172 e 180. O número mágico que garante a maioria absoluta é 176.

Quanto ao outro cenário, de coligação entre os conservadores de Mariano Rajoy e os socialistas de Pedro Sánchez, não há dúvidas que terão deputados suficientes para atingir a maioria absoluta, mas o entendimento entre os dois partidos promete ser difícil. Sobretudo se houver uma alternativa de coligação à esquerda, com o Unidos Podemos. 

PSOE é para já o maior derrotado
Tendo em conta as duas mega sondagens conhecidas logo depois das 20:00 em Madrid, os socialistas liderados por Pedro Sánchez são os maiores derrotados. Na melhor das hipóteses em cada uma das projecções, o PSOE elege 85 ou 66 deputados, menos do que os 90 assentos parlamentares obtidos nas eleições de 20 de Dezembro. 

Há meio ano os socialistas registaram o pior resultado eleitoral desde a transição democrática, pelo que tudo aponta para que o PSOE registe agora um "novo" pior resultado. Tendo em conta que Sánchez encarou estas eleições com o objectivo de as vencer, tal resultado não poderá deixar de configurar uma grande derrota, em especial porque os socialistas - ao que tudo indica - serão ultrapassados pelo Unidos Podemos de Pablo Iglesias.

O líder do Podemos que já este domingo renovou o convite ao PSOE para uma coligação governamental, advertiu durante a última campanha que um eventual Governo Unidos Podemos-PSOE teria de ser chefiado pela força mais votada. Neste caso é Iglesias o líder de esquerda mais votado.  
Cidadãos também é derrotado

Outro provável derrotado destas eleições, a avaliar pelas sondagens à boca das urnas, é o Cidadãos. As duas sondagens à boca das urnas apontam para que o partido de Albert Rivera tenha recolhido 11,8% dos votos (Sigma Dos) e 13,2% (GAD3). Nas eleições anteriores, o Cidadãos obteve 13,9%, um resultado que na altura já ficou abaixo das expectativas. Ambas as sondagens apontam para uma perda de cerca de 10 deputados, ficando perto dos 30. Em Dezembro elegeu 40.

Com este resultado, Rivera arrisca-se a não ser determinante para nenhuma das soluções governativas. Nem conseguiria alcançar a maioria coligado ao PP, nem com uma aliança com os socialistas. Mas ainda é cedo para declarar vencedores e vencidos. 

Tudo na mesma
Outra leitura decorrente destas primeiras duas sondagens à boca das urnas é a de que, como apontavam os estudos de opinião anteriores às eleições deste domingo, se mantém um Parlamento altamente fragmentado sem que se vislumbre uma solução óbvia de Governo. 
Esquerda com mais votos do que a direita

Esquerda à frente: ambas as sondagens à boca das urnas convergem para que os partidos à esquerda (Podemos e PSOE) obtenham mais deputados do que a direita (PP e Cidadãos). É uma diferença de cerca de 20 deputados.

Desvio entre resultado final e projecções

Na rede social Twitter, o jornalista Pere Ríos alerta para potenciais desvios entre os números adiantados pelas sondagens e aquilo que serão os valores finais. Nas eleições de 20 de Dezembro as projecções para PP e PSOE ficaram abaixo da realidade. Cidadãos e sobretudo Podemos foram sobreavaliados. Será que a história se vai repetir? 

Podemos vence na Catalunha

Segundo a sondagem da Sigma Dos, a confluência regional catalã apoiada pelo Podemos - En Comú Podem - deverá ganhar as eleições na Catalunha, repetindo o feito de Dezembro. O líder do Podemos, Pablo Iglesias, manteve intacta durante a campanha a intenção de realizar um referendo sobre a independência da Catalunha.  

Para Lucía Martín, dirigente do En Comú Podem, as sondagens indiciam "um bom resultado para nós, embora tenhamos de de ser prudentes".

Na primeira reacção Unidos Podemos fala em chefiar Governo de esquerda
Na primeira reacção Unidos Podemos fala em chefiar Governo de esquerda

Alberto Garzón, líder da Esquerda Unida (IU) e número dois do Unidos Podemos, diz que sondagens reforçam a esperança de que se confirme uma "oportunidade histórica no nosso país".

 

Reagindo às duas projecções à boca das urnas, Garzón falou na "prudência ante interpretações" porque as "projecções falham", mas considerou que se antecipa "um bloco conservador e um bloco progressista que poderá alcançar a maioria absoluta".

 

O líder dos pró-comunistas da IU mostrou "esperança que se confirme esta tendência" que aponta para a hipótese de, juntos, Unidos Podemos e PSOE poderem obter a maioria dos 350 deputados do Parlamento espanhol, o que permitira formar "um Governo de esquerda, chefiado pelo Unidos Podemos, e com o PSOE". 

PP e Unidos Podemos dividem liderança nas principais regiões

Segundo as projecções da Sigma Dos, PP e Unidos Podemos disputam a liderança em grande parte das maiores regiões autonómicas. PP vence em Madrid, Galiza, Castela e Leão, por exemplo. A coligação Unidos Podemos, ou as confluências regionais apoiadas pelo Podemos, vence em Catalunha, Comunidade Valenciana, Euskadi (País Basco). Em várias regiões há um empate em número de deputados entre PP e Unidos Podemos. A grande excepção é a Andaluzia onde o PSOE deverá ficar à frente. 

Ainda só estão contados 8,85% dos votos

A esta hora só são conhecidos 8,85% dos votos, segundo os números oficiais do Ministério do Interior de Espanha. PP lidera com 31% dos votos, seguido do PSOE com 24% e do Podemos a curta distância dos socialistas. Cidadãos tem para já 9%. Dado que as cidades mais pequenas são as primeiras a fechar a contagem, é natural que PP e PSOE tenham mais votos agora do que terão no final. O contrário deverá passar-se com Podemos e Cidadãos.  

Com 40% dos votos contados o PP vence e o PSOE surge em segundo
Com 40% dos votos contados o PP vence e o PSOE surge em segundo

Numa altura em que estão contabilizados 40,01% dos votos, o PP surge em primeiro lugar com 31,06% (135 deputados), seguido pelo PSOE que regista 24,04% (94 mandatos).

 

O Unidos Podemos está na terceira posição com 21,39% (69 assentos parlamentares) e o Cidadãos está em quarto lugar com 11,39% (27 mandatos).

 

Há porém que ter em conta que nesta altura as circunscrições eleitorais com mais eleitores (grandes cidades) estão ainda com um escrutínio de votos relativamente baixo. 

Em Madrid só estão contados 12% dos votos

Em Madrid, a esta hora só estão contados 12% dos votos, o que contrasta com os 47% a nível nacional. É também muito abaixo das principais cidades espanholas: Barcelona leva já contados 42%, Valência 46%, Sevilha 45% e Saragoça 54%. 

Cidadãos Madrid insiste que é preciso evitar terceiras eleições
No Twitter, a secção de Madrid do Cidadãos reitera a importância de evitar eventuais terceiras eleições. Pelo que apela ao diálogo a às negociações pós-eleitorais. 

Potenciais coligações com 61% dos votos
O site do El Diario apresenta o número de deputados, com base em 61% dos votos escrutinados, alcançado por cada uma das potenciais coligações de Governo. Pode ver aqui
68% dos votos

Se o resultado, contados 68% dos votos, se se mantiver até ao final, PSOE e Unidos Podemos não conseguem ter a maioria dos assentos no congresso espanhol: ficariam com 161, a 15 deputados da maioria absoluta. 

Podemos fala em mau resultado
Podemos fala em mau resultado

Íñigo Errejón do Unidos Podemos reagiu aos resultados já conhecidos (com entre 60% e 70% dos votos contados) assumindo que se esta tendência se confirmar "não são bons resultados, não são os que esperávamos". "Não são um bom resultado para Espanha porque atrasam o processo de mudança política", disse o número dois do Podemos.

 

Errejón lembrou que se trata ainda de "resultados incompletos", deixando uma reacção definitiva do Unidos Podemos para quando os resultados forem completos.

 

Nesta altura o Unidos Podemos segue em terceiro atrás do PSOE, com os dois partidos somados a ficarem aquém da maioria absoluta de 176 deputados. O que a confirmar-se deixa a força encabeçada por Pablo Iglesias sem os dois objectivos definidos para estas eleições: ultrapassar o PSOE e garantir uma maioria parlamentar de esquerda.

 

Apesar desta tendência negativa para o partido, Errejón considera que mesmo assim tais resultados "solidificam" a posição do Podemos no espectro político espanhol. Íñigo Errejón fez ainda questão de deixar aberta a porta para um entendimento de Governo com o PSOE.

 

"Continuaremos com a mão estendida e com disposição para formar um Governo progressista", concluiu antes de garantir que "daremos a cara pelo resultado final".

Contados 80% dos votos o PP melhora resultado de Dezembro

Quando já estão contabilizados 80,35% dos votos, o PP está na primeira posição com 32,37% e 135 deputados, mais 12 mandatos do que nas eleições de 20 de Dezembro. Já o PSOE consegue conter danos e assegura o segundo lugar com 23,22% e 89 mandatos, somente menos 1 do que os 90 assentos parlamentares conseguidos há seis meses.

 

Nesta altura os grandes derrotados são os novos partidos. O Unidos Podemos fica-se pelos 21,29% e 71 deputados e o Cidadãos alcança 12,57% e 30 assentos. 

Com 82% contados só uma coligação a dois (PP-PSOE) consegue a maioria

Mantendo-se os resultados tais como estão com 82% dos votos contados, PP e Cidadãos ficariam a nove deputados da maioria absoluta, com 166. PSOE e Podemos conseguem só 158 deputados.

Com 98,5% dos votos contados o PP ganha com 33%
Quando está contabilizados 98,45% dos votos, o PP segue com 33% e 137 deputados, mais 14 do que há seis meses. Segue-se o PSOE com 22,70% e 85 mandatos, o Unidos Podemos com 21,11% e 71 assentos, e ainda o Cidadãos com 13,03% e 32 deputados.
Pablo Iglesias admite derrota e quer dialogar com o PSOE
Pablo Iglesias admite derrota e quer dialogar com o PSOE

O líder do Podemos assumiu a derrota ao considerar que nesta noite eleitoral o Unidos Podemos obteve "resultados que não são satisfatórios. Tínhamos expectativas diferentes".

 

"Preocupa-nos a perda de votos do bloco progressista", disse Pablo Iglesias numa alusão às votações conseguidas por PSOE e Unidos Podemos. "Preocupa-nos que o PP e o bloco conservador tenham aumentado os seus apoios", acrescentou Iglesias que disse ser o momento de "privilegiar o diálogo entre as forças progressistas".

 

Ou seja, Iglesias quer conversar com o PSOE e o seu líder Pedro Sánchez. Iglesias disse mesmo ter escrito uma mensagem a Sánchez "para conversarmos, mas ainda não recebi resposta". O líder do Podemos sinalizou assim a vontade de tentar negociar um acordo com os socialistas. No entanto os deputados de PSOE e Unidos Podemos não bastam para chegar à maioria de 176 deputados. 

 

Já em resposta às perguntas dos jornalistas, Iglesias garantiu não estar arrependido de não ter apoiado Pedro Sánchez e o acordo de Governo firmado entre PSOE e Cidadãos. Foi precisamente a não eleição de Sánchez que espoletou os passos constitucionais que culminaram com a marcação de novas eleições para este domingo, 26 de Junho. 

Sondagens também perderam eleições

Outro grande derrotado da noite é… as empresas de sondagens. Ao longo de toda a campanha eleitoral e mesmo nas sondagens à boca das urnas apontaram sucessivamente para um segundo lugar da coligação Unidos Podemos, remetendo para terceiro plano os socialistas do PSOE. Quanto ao PP, o partido de Rajoy foi sempre subavaliado nas sondagens. E é a segunda vez que tal acontece: também em Dezembro, as sondagens à boca das urnas falharam, subavaliando os partidos históricos PP e PSOE e sobreavaliando os emergentes Podemos e Cidadãos. 

suspeita

E no ar ficará sempre a suspeita se o resultado do referendo no Reino Unido que ditou a saída deste país da União Europeia, com grande choque em todo o continente, prejudicou a coligação Unidos Podemos. Será isso que explica a diferença entre o resultado das eleições e as sondagens? É improvável porque a divergência repetiu-se igualmente nas sondagens à boca das urnas. 

Sánchez responsabiliza o Podemos pela "melhoria dos resultados da direita"
Sánchez responsabiliza o Podemos pela 'melhoria dos resultados da direita'

Ao contrário do que aconteceu na noite eleitoral de 20 de Dezembro, desta feita o secretário-geral socialista assumiu desassombradamente a vitória do PP. 

 

Mesmo tendo tido mais votos, o PSOE perdeu cinco deputados (com 99,66% votos contados) face a Dezembro, melhorando do pior resultado eleitoral desde a transição democrática para o pior desde 1977.

 

Ainda assim, Pedro Sánchez sustentou que "apesar das dificuldades extraordinárias, dos augúrios que anunciavam um forte retrocesso do PSOE (…) o PSOE voltou a reafirmar a sua posição" de maior força da esquerda.

 

"Fê-lo em Dezembro e fê-lo agora contra uma coligação de mais de 20 partidos que tinham como único propósito de superar o PSOE", afirmou Sánchez com o Podemos e Pablo Iglesias em ponto de mira.

 

"O Podemos teve a hipótese de apoiar um Governo progressista do PSOE", lembrou o líder socialista que de seguida acusou "Iglesias e a sua intransigência" de ter provocado "a melhoria dos resultados eleitorais da direita". Em Março o Podemos votou ao lado do PP, inviabilizando a investidura de Sánchez – que teve o apoio do Cidadãos - como primeiro-ministro.

Rivera assume derrota e vê nos resultados necessidade de mudar a lei eleitoral
Rivera assume derrota e vê nos resultados necessidade de mudar a lei eleitoral

O presidente do Cidadãos quis, "ao contrário de outros líderes", assumir um resultado aquém das expectativas para o partido. "A verdade é que queríamos mais", reconheceu para de seguida ver nestes resultados a necessidade de mudar a lei eleitoral.

 

"Só com mais um ponto teríamos mais 10 mandatos. Esta é a lei que temos e temos de mudá-la", disse Rivera que reiterou a vontade de "continuar a crescer", até porque "há mais de 3 milhões de espanhóis que disseram que o centro existe e deve ficar".

 

Apontando exemplos de como o Cidadãos foi penalizado pelo sistema eleitoral espanhol, Albert Rivera prosseguiu dizendo que a primeira coisa que o partido fará na próxima legislatura será encetar esforços para "ter uma lei eleitoral em que todos os eleitores espanhóis valham o mesmo".

 

Olhando ainda para os números da noite eleitoral, o líder do Cidadãos considerou que os resultados mostraram que "muitos espanhóis disseram não aos extremos" e à "corrupção". É por isso que Rivera promete "defender, no novo Parlamento, a regeneração política e a mudança". E concluiu dizendo-se "orgulhoso de pertencer a um partido de inconformistas".

 

Rajoy reclama "direito a governar"
Rajoy reclama 'direito a governar'

Prometendo "à altura das circunstâncias", Mariano Rajoy reagiu à vitória nas eleições deste domingo de forma bastante emotiva e com elogios vários ao seu partido. Na parte substancial da reacção, o primeiro-ministro em exercício reclamou o direito de ser o PP a governar.

 

"Dizem-me aqui (público) que recorde que ganhámos as eleições. É verdade, vencemos as eleições. Reclamamos o direito a governar precisamente porque ganhámos as eleições", proclamou o presidente do PP neste discurso que classificou como o "mais difícil da minha vida".

 

"Vamos estar à altura das circunstâncias (…) Faremos tudo para fazer de Espanha uma melhor nação", prometeu Rajoy para depois concretizar que vai o PP vai dialogar com todas as forças políticas com assento parlamentar.

 

"A partir de amanhã teremos de começar a falar com todo o mundo. E fá-lo-emos", afiançou Rajoy por entre gritos da audiência: "Sim se pode, Sim se Pode…".

 

Rajoy colocou a tónica deste discurso também na unidade de Espanha e na crítica subentendida aos partidos que, pelos seus programas e promessas, colocam em causa a integridade do Estado espanhol.

 

"Ganhámos uma batalha por Espanha (…) Neste partido somos espanhóis com muita honra e orgulho. Defendemos os interesses gerais dos espanhóis por cima de quaisquer outras considerações", prosseguiu o governante que fez também questão de valorizar a governação do PP.

 

"Vivemos quatro anos complicados e difíceis, mas Espanha agora já levantou a cabeça, estamos a caminhar na direcção correcta. Ganhámos as eleições e estamos à disposição do povo espanhol, como sempre".

Afinal a participação foi idêntica a 20 de Dezembro
Ao contrário dos dados oficiais divulgados a duas horas do encerramento das urnas (que apontavam para uma fraca participação eleitoral, bastante abaixo das últimas eleições), num momento em que já estão contabilizados 99,99% dos votos, a afluência final dos eleitores foi de 69,84%.

Assim, a participação que às 18:00 em Madrid chegou a ser dada como a mais fraca da história democrática espanhola, acabou por superar os 69,67% verificados há seis meses atrás.
Resultados finais
Já há resultados oficiais definitivos. Estão contabilizados 100% dos votos. Deixamos aqui os resultados conseguidos pelos quatro principais partidos nas eleições deste domingo (26-J), comparando-os com os números verificados no acto eleitoral de 20 de Dezembro (20-D).  

O PP venceu com 33,03% e 137 mandatos, que compara com 28,71% e 123 deputados em 20-D. O PSOE ficou na segunda posição com 22,66% e 85 assentos parlamentares, sendo que há seis meses os socialistas obtiveram 22,00% e 90 mandatos. 

Em terceiro lugar surge o Unidos Podemos com 21,10% e 71 deputados. Nas últimas eleições o Podemos ( e as três confluências regionais apoiadas pelo partido) teve 20,7% e elegeu 69 deputados. Já a Esquerda Unida (IU, orça a que o Podemos se aliou para as eleições de 26-J) tinha conseguido alcançar 3,68%, elegendo 2 deputados. O que significa que a aliança Unidos Podemos não conseguiu melhorar o resultado (quer em votos quer em mandatos) face ao acumulado de Podemos e IU em 20-D.

Por fim, o Cidadãos teve 13,05% e garantiu 32 mandatos, resultado que compara com os 13,94% e os 40 assentos alcançados há meio ano, acabando penalizado pela conversão de votos e mandatos do método de Hondt.
Agora é (outra vez) tempo de negociar
Agora é (outra vez) tempo de negociar

Se fossem tiradas fotografias às tabelas finais dos resultados das eleições de 20-D e 26-J daria perfeitamente para jogar às diferenças. Os espanhóis foram chamados a votar pela segunda vez em seis meses para desbloquear o impasse político que longas conversações partidárias não permitiram ultrapassar. Os eleitores votaram para deixar quase tudo na mesma, pelo que caberá uma vez mais aos partidos a responsabilidade de negociar para encontrar uma solução governativa.

 

Nestas negociações é o PSOE e o seu líder Pedro Sánchez quem assume papel principal. Os socialistas são o pivot quer para a formação de um Governo de bloco central, quer para um eventual Governo das esquerdas. Sabendo que uma aliança com o Cidadãos não basta para chegar à maioria, Mariano Rajoy (presidente do PP) precisa de Sánchez para formar Governo.

 

Um pacto PP-PSOE ou PP-PSOE-Cidadãos (ambos garantem a maioria) consagraria a intenção de Mariano Rajoy que já na última campanha fez novo convite (a Sánchez e Rivera) para uma "ampla coligação" dos partidos chamados moderados e que têm mais a uni-los do que a separá-los. Resta saber se Sánchez, que repetidamente garantiu que não viabilizaria um Executivo do PP, e, ou Albert Rivera, que exige o afastamento como contrapartida ao apoio a um Governo popular, estão dispostos a recuar.

 

Sánchez pode ainda negociar um acordo com o Unidos Podemos numa espécie de geringonça à espanhola. Contudo, o PSOE e a aliança liderada por Pablo Iglesias somam apenas 156 deputados, longe dos 176 que asseguram a maioria absoluta, pelo que precisariam do apoio do Cidadãos. Porém Rivera rejeita negociar com o Podemos. 

Para já é tempo de negociar e de o rei de Espanha ouvir o que têm a dizer os partidos com assento no Parlamento.

Até já

O Negócios acaba aqui o relato das eleições espanholas. Obrigado a todos os leitores!

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