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Brexit junta PP, PSOE e Cidadãos contra populismo do Podemos

Apesar das eleições gerais deste domingo, também em Espanha o Brexit tomou conta das atenções. Nenhum partido ficou indiferente, com PP, PSOE e Cidadãos a falarem na importância de garantir estabilidade, aproveitando para, com o Podemos em pano de fundo, criticar populismos.

Reuters
25 de Junho de 2016 às 15:17
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O presidente do PP e ainda primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, reagiu à decisão britânica de abandonar a União Europeia (UE) enquanto chefe de Governo, dizendo que Madrid "toma nota com tristeza o resultado favorável a que o Reino Unido abandone a UE".

 

Esta sexta-feira, na Moncloa, Rajoy não descurou a campanha para as eleições deste domingo, 26 de Junho (26-J), falando na necessidade de os mercados terem "serenidade e calma" e notando que, "se fosse há uns anos", a turbulência ontem sentida nas bolsas, nos juros da dívida e nos mercados cambiais poderia ter consequências muito graves para Espanha. Ou seja, é a "estabilidade" proporcionada pela sua governação que permite a Espanha encarar com confiança o Brexit.

 

"Agora é particularmente importante fazer passar uma mensagem de estabilidade. Não são momentos para acrescentar incertezas", concluiu num implícito apelo ao voto no PP em 26-J, as segundas eleições em seis meses que deixaram Espanha envolta num bloqueio político que ameaça precisamente a "estabilidade" do país.

 

Já sobre a possibilidade de um referendo acerca da independência da Catalunha, como defende o Podemos e o Governo da região autonómica catalã, Rajoy recorreu ao Brexit para reforçar a garantia de que "não vamos autorizar nunca um referendo sobre a autodeterminação de uma parte de Espanha".

 

Apontando mira ao Podemos - que concorre às eleições de amanhã aliado à Esquerda Unida (Unidos Podemos) – e também à direita espanhola representada pelos populares, Pedro Sánchez, secretário-geral do PSOE, afirmou que "o que aconteceu no Reino Unido é a confluência entre uma direita irresponsável e o populismo, e eu não quero isso em Espanha".

 

Ameaçado pelo Unidos Podemos, que surge à frente dos socialistas nas intenções de voto, e perante a liderança nas sondagens mantida pelo PP, Sánchez tentou assim situar os partidos de Rajoy e Pablo Iglesias nos extremos, deixando o centro moderado para os socialistas.

 

Já a olhar apenas para o Unidos Podemos, o líder do PSOE acrescentou que "os populistas transmitiram à sociedade britânica que as soluções falsas do populismo podem resolver as soluções reais".

 

A acção de campanha ontem realizada em Madrid contou também com a presença do ex-líder do partido Felipe González também atacou a direita europeia (o PP pertence ao Partido Popular Europeu), defendendo que "já chega de políticas neoconservadoras, a Europa precisa de uma resposta social-democrata, reformista, agora mais do que nunca".

 

González atacou forte David Cameron, primeiro-ministro britânico demissionário, ao explicar que "se querem sair, se decidiram sair por irresponsabilidade do seu chefe de Governo, há que respeitar essa decisão. Mas não podemos passar panos quentes, outros imitarão esse nacionalismo, essa xenofobia, esse populismo demagógico", atirou desta feita com Pablo Iglesias no horizonte.

 

Também o Cidadãos fez mira a PP e Podemos. Pela voz do presidente do partido, Albert Rivera, o Cidadãos explicou que este domingo os espanhóis são também chamados a decidir se preferem "um Governo que lidere na Europa, ou que peça permissão", criticando a postura alegadamente submissa do Executivo chefiado por Mariano Rajoy.

 

A outra escolha em cima da mesa faz-se entre "apoiar populismos ou [um Governo] que garante oportunidades e ilusão", prosseguiu Rivera antes de fazer uma clara defesa do federalismo europeu. "essa terceira via que nós representamos pode trazer soluções e passos em frente na Europa. Queremos reformar e fortalecer o projecto europeu, concretizar os Estados Unidos da Europa", disse Albert Rivera que se mostrou muito crítico da liderança de Cameron a quem acusou de "irresponsabilidade histórica" por ter convocado um "referendo para dividir".

Podemos tenta conter danos

 

Numa mensagem publicada ainda na sexta-feira na rede Twitter, Pablo Iglesias, cabeça de lista pelo Unidos Podemos, admitiu tratar-se de um "dia triste para a Europa". Iglesias surgiu claramente a tentar minimizar os danos eleitorais que os receios decorrentes do Brexit podem implicar para um partido que, embora a posição agora mais moderada face a Bruxelas, se afirma muito crítico da UE.

 

"Devemos mudar de rumo. Para uma Europa justa e solidária, da qual ninguém queira sair. Temos de mudar a Europa", resumiu. Já ao final do dia de ontem, citado pelo El País, Iglesias lamentou as declarações feitas pelos seus principais adversários sobre a decisão tomada pelo povo britânico, sublinhando que "a democracia não é um risco". Iglesias sentiu também necessidade de afiançar o compromisso do Unidos Podemos em relação à pertença à UE, relativizando o facto de o seu parceiro de coligação, a Esquerda Unida (pró-comunistas), defender a saída do euro.

 

Depois de o início da campanha ter ficado marcado pela ultrapassagem do Unidos Podemos ao PSOE, dois casos acabaram por tomar conta da última semana. Primeiro pela polémica espoletada com a divulgação de gravações em que Jorge Fernández-Díaz, ministro do Interior de Rajoy, surge a conspirar com Daniel de Alfonso, director da Oficina Antifraude da Catalunha, contra os partidos independentistas da região autonómica. Já esta sexta-feira foi o Brexit a tomar conta das atenções da generalidade dos órgãos de comunicação social e dos discursos políticos.

 

Apontados pelas sondagens como os partidos (PP e Unidos Podemos) mais votados em 26-J, resta esperar para ver se este domingo os votos dos espanhóis vão ser, ou não, influenciados por estes dois temas, com o primeiro a poder penalizar o PP, um partido já fortemente desgastado pelo fenómeno da corrupção, e o segundo com possibilidades de retirar votosdo centro e centro-esquerda ao Unidos Podemos. 

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