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PSOE rejeita viabilizar investidura de Rajoy e deixa Espanha em suspenso
Vencedor das eleições, Rajoy reclamou o direito a governar e assumiu vai em primeiro lugar tentar obter o apoio dos socialistas. Mas o PSOE já avisou que não vai apoiar nem abster-se numa votação para a investidura de Rajoy.
No dia seguinte às eleições que reforçaram o peso parlamentar do PP de Mariano Rajoy, a situação política continua longe de estar clarificada. Depois de no discurso de vitória deste domingo Rajoy ter reclamado o direito a governar, esta segunda-feira, 27 de Junho, o primeiro-ministro espanhol em exercício adiantou que nas negociações para a formação de Governo dará prioridade ao PSOE, até por continuar a ser "a segunda força política do nosso país".
Mas já esta manhã, através do porta-voz do partido, Antonio Hernando, os socialistas anunciaram que "não vamos apoiar a investidura de Rajoy nem nos vamos abster". E se o presidente do PP "quer dialogar", Hernando instou Rajoy a fazê-lo com os partidos ideologicamente mais próximos.
Apesar de ter conquistado mais votos e mandatos do que há seis meses, o PP continua distante dos 176 deputados necessários para garantir a maioria absoluta. Para ser investido chefe de Governo, Rajoy necessita do apoio do PSOE ou, pelo menos, da abstenção dos socialistas.
Contudo, em paralelo à intransigência do secretário-geral do PSOE, Pedro Sánchez, que mesmo não tendo sido ultrapassado pelo Unidos Podemos acabou por perder mandatos face a Dezembro, surge reforçada a ameaça à sua liderança. Susana Díaz, presidente do Governo autonómico da Andaluzia que é dada como forte candidata à sucessão de Sánchez, defendeu hoje que os resultados das eleições mostram ser "evidente que o eleitorado nos enviou para a oposição".
Na mesma linha, o também socialista Guillermo Fernández-Vara, presidente do Governo da Estremadura, considera que "seria um erro" se o PSOE tentasse formar Governo, isto depois de em Março Pedro Sánchez ter visto, por duas vezes, vetada ao insucesso a tentatvia de investidura. Para já certa é a reunião do Comité Federal do partido hoje agendada para 9 de Julho pela direcção socialista. Este encontro servirá para decidir o posicionamento do PSOE quanto à prossecução de um Governo em Espanha, mas poderá também consagrar em definitivo a aspiração de Susana Díaz à sucessão de Sánchez.
O PSOE tem ainda em cima da mesa a possibilidade de dialogar com o Unidos Podemos, o grande derrotado da última noite eleitoral. Reconhecendo o mau resultado, Pablo Iglesias disse ainda no domingo que convidará Sánchez para conversar, confidenciando logo depois não ter obtido resposta da parte do líder socialista. É que no PSOE há um grande consenso contrário a hipotéticas conversações com o Podemos.
Cidadãos quer negociar a três
Depois de por várias vezes ter assegurado que não apoiaria um Executivo liderado por Mariano Rajoy, considerando que o presidente do PP não pode proporcionar a "mudança" necessária, o presidente do Cidadãos, Albert Rivera, garantiu hoje que "não há veto" ao primeiro-ministro ainda em funções.
Ainda assim Rivera acabou por insistir na garantia de que "não vamos apoiar nenhum Governo de Mariano Rajoy", embora de seguida tenha avançado que o Cidadãos vai tentar proporcionar uma negociação a três "entre as forças constitucionalistas", referindo-se ao seu partido ao PP e ao PSOE. Só assim será possível "impulsionar as mudanças que Espanha necessita".
Rajoy já propôs em várias ocasiões a formação de uma "ampla coligação" PP-PSOE-Cidadãos, tendo na última campanha eleitoral renovado o convite a Sánchez e Rivera sustentando que está nas mãos destes líderes possibilitar uma solução governativa que evite o "ridículo" de terceiras eleições. Para já Albert Rivera mostra disponibilidade para negociar mas prefere deixar a viabilização de um Executivo popular para o PSOE porque "para apoiar o senhor Rajoy basta o PSOE, o Cidadãos não faz falta".
O presidente do PP disse esperar que até ao dia 19 de Julho, data prevista para a tomada de posse do Congresso (equivalente à Assembleia da República) resultante das eleições deste domingo, já haja condições para ter um "acordo de mínimos" que garanta a sua investidura como primeiro-ministro. Todavia, questionado pelos jornalistas presentes na conferência de imprensa desta manhã sobre a possibilidade de voltar a recusar a incumbência de se apresentar no Congresso para tentar ser investido, como fez em Janeiro último, Rajoy preferiu não prestar qualquer esclarecimento.