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Brexit pode beneficiar conservadores em Espanha

Os espanhóis em Londres não têm tarefa fácil para votar nas eleições do seu país.  Três dias depois do referendo no Reino Unido, mostram-se apreensivos e mais do que isso decepcionados.

Alexandra Machado
26 de Junho de 2016 às 12:48
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Poderiam ter votado durante a semana, ou enviado o boletim pelo correio, mas houve quem preferisse uma ida ao consulado espanhol em Londres para depositar o seu voto. Mas nem todos conseguiram votar. O processo não é fácil. Requer semanas de preparação, com pedidos de papéis e registos. Até receberem o envelope que lhes dá acesso as urnas.

 

Pablo, engenheiro, está à porta do consulado com a indicação de que é do Podemos. Quer verificar o que está a correr mal. E já percebeu que nem tudo vai bem. Os espanhóis que vivem no estrangeiro são muitos, mas contam pouco. Não têm um círculo próprio. Votam para os círculos das suas regiões. E para votarem tem de estar registados nos respectivos consulados. Muitos não o fizeram e optam por não o fazer.

 

Os espanhóis são hoje chamados a votar novamente, depois de os partidos não terem conseguido um acordo que permitisse a constituição de um governo, após as eleições de 20 de Dezembro, dia em que o PP recebeu mais votos.

 

São chamados a votar três dias depois de se saber que o Reino Unido tinha optado pelo Brexit. Os espanhóis estão apreensivos e mais do que isso decepcionados. "Não gosto que tivessem renegado a União Europeia". Muitos, diz a arquitecta Sónia, por simplismo. Veio de bicicleta para entregar o voto. Fez tudo o que era preciso, mas vai dizendo que o processo de votação é muito complicado.

 

África também não está preocupada, mas deixa a questão: "como é possível?".

As palavras diferem, mas o sentimento é o mesmo. Afinal são estrangeiros a viver em Londres e sentem-se hoje um bocadinho mais estrangeiros.

 

E pode o Brexit ter influência no resultado em Espanha? As opiniões vão-se dividindo. Sidali, que está em Londres há ano e meio, não acredita que mude alguma coisa. Rubio vai acabando por admitir que possa ajudar os partidos mais conservadores. Também Sónia pensa o mesmo, especialmente se se incutir medo. Aí acaba por não se gostar tanto do desconhecido.

 

Não é o caso dos emigrantes, que mudaram e não temem o desconhecido. Pablo vai registando os acontecimentos. Espera mudanças no seu país, mas também admite que os indecisos prefiram optar pelos conservadores, até porque a campanha acabou também por falar da necessidade de estabilidade. Algo que o Brexit não trará nos próximos tempos. E assim o que se passa cá pode ter influência lá. 

* enviada especial a Londres

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