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Os esquemas que permitiram a Isabel dos Santos tornar-se a mulher mais rica de África

Milhares de documentos mostram como a empresária usou a Sonangol para angariar uma enorme fortuna. Vários portugueses foram cúmplices deste projeto.

19 de Janeiro de 2020 às 18:40
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Uma enorme divulgação de dados permitiu perceber o esquema que transformou Isabel dos Santos na mulher mais rica de África. Uma investigação de 117 jornalistas mostra como a empresária conseguiu angariar uma fortuna estimada em mais de dois mil milhões de euros. A investigação levada a cabo por 34 órgãos de comunicação social pertencentes ao Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) apurou centenas de benefícios conseguidos por Isabel dos Santos durante a presidência do seu pai, José Eduardo dos Santos.

Revela o jornal Expresso que a Sonangol transferiu, em cerca de seis meses, pelo menos 115 milhões de dólares de fundos públicos para o Dubai. O período em causa corresponde ao último terço do mandato de Isabel dos Santos frente à petrolífera estatal. Justificadas como pagamento de serviços de consultoria prestados à Sonangol, essas transferências tiveram como destino uma conta bancária de uma companhia offshore, a Matter Business Solutions, controlada pelo principal advogado da empresária angolana, o português Jorge Brito Pereira, sócio da Uría Menéndez, o escritório de Proença de Carvalho, revela o semanário, que participou na investigação a par - entre os órgãos portugueses - com a SIC.

Vários portugueses estarão envolvidos nestes esquemas que permitiram à empresária enriquecer. O Expresso refere a participação de Paula Oliveira, sócia principal da SDO, uma empresa de consultoria em Portugal e Angola criada em 2016; Mário Leite da Silva, gestor de negócios de Isabel dos Santos e diretor da Fidequity, empresa de gestão com sede na avenida da Liberdade; Jorge Brito Pereira, o advogado pessoal da empresária; e Sarju Raikundalia, administrador financeiro da Sonangol. S
egundo o procurador-geral da República de Angola, Raikundalia "abandonou o país" logo a seguir a ser exonerado da Sonangol.

Os Luanda Leaks resultaram da divulgação de mais de 715 mil emails, gráficos, contratos e auditorias obtidas pela Plataforma de Protecção de Delatores em África (PPLAAF, na sigla original).

Num pequeno resumo publicado por vários jornais do consórcio de jornalistas, escreve-se que:

- A Sonangol vendeu a Sindika Dokolo, marido de Isabel dos Santos, uma larga fatia da empresa mais importante do portfólio do casal: ações na Galp. O investimento de 11 milhões valorizou de tal forma que ascendeu aos 750 milhões de euros;

- 115 milhões de euros foram pagos a consultoras e enviados para contas no Dubai controladas por alguns dos associados mais próximos de Isabel dos Santos;

- A conta da Sonangol no Eurobic, onde estavam 57,4 milhões de dólares, foi esvaziada um dia depois de Isabel dos Santos ser afastada da empresa estatal.

Empresária nega todas as acusações

"Há um ataque orquestrado pelo atual governo movido politicamente e completamente infundado", refere a empresária num comunicado à BBC Africa. Isabel dos Santos diz ainda que as suas empresas foram alvo de um ataque informático. A filha de José Eduardo dos Santos nega ter cometido qualquer ato ilícito.

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