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Isabel dos Santos: Arresto das contas impede divisão da posição na Galp

Numa entrevista à Reuters, a empresária disse que o arresto das contas e empresas por parte do governo angolano prejudicou as suas intenções de dividir a posição na Galp. Acusou ainda o presidente João Lourenço de a estar a usar como "bode expiatório".

13 de Janeiro de 2020 às 12:31
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O congelamento dos seus ativos por parte do governo de Angola prejudicou as intenções de Isabel dos Santos de dividir a sua posição na Galp, que partilha com a Sonangol, através da Amorim Energia, disse a empresária angolana, numa entrevista à agência Reuters

A Sonangol tem uma posição indireta na petrolífera portuguesa através da Amorim Energia. Esta "holding" controla 33,34% da empresa portuguesa e é detida a 55% pela família Amorim e a 45% pela Esperanza. Por sua vez, a Esperaza tem como acionistas a Sonangol (60%) e Isabel dos Santos (40%), sendo-lhe, pois, atribuída uma fatia de 15% da Galp.

Os analistas do Caixabank BPI escreveram numa nota que "os rumores sobre uma alteração da participação da Amorim Energia e da Esperaza têm estado em cima da mesa há algum tempo" e ganharam força depois do presidente da petrolífera estatal  Sonangol ter dito que a participação na Galp "era estratégica".

No entanto, para já, e uma vez que as contas e empresas de Isabel dos Santos foram arrestadas pelo governo de Angola o processo pode não ser tão ágil quanto isso, adiantou a empresária. 

Atualmente, o presidente angolano João Lourenço tem em marcha um plano para privatizar um total de 175 empresas até 2022, onde se inclui a Sonangol. Na entrevista à Reuters, Isabel dos Santos disse que o presidente podia não ter "outra hipótese" senão tornar a empresa privada, para fazer face às avolumadas dívidas que foi acumulando. 

No final do ano passado, o tribunal de Luanda ordenou o arresto das participações de Isabel dos Santos e do marido Sindika Dokolo, nas empresas onde têm posição acionista, como por exemplo na Sonangol, na Unitel e nos bancos BIC e BFA. Para além disso, o tribunal decidiu também congelar as contas bancárias do casal. 

Isabel dos Santos recusou as acusações de corrupção de que está a ser alvo e disse que o governo de Angola está a usá-la como "bode expiatório" numa "caça às bruxas" levada a cabo pelos líderes angolanos para enfraquecer a influência e poder do seu pai e antigo presidente de Angola, José Eduardo dos Santos. 

A empresária, considerada a mulher mais rica do continente africano pela Forbes, com uma fortuna avaliada em 2 mil milhões de dólares, afirmou à agência de notícias que "este é um julgamento político de um Estado perseguidor e de magistrados servis e partidários". 

Em entrevista ao Negócios, Isabel dos Santos, já tinha dito que as suas empresas em Angola tinham sido condenadas à morte com a decisão de arresto dos seus bens e que este caso tem como objetivo "mascarar" o fracasso da política económica do presidente João Lourenço.

A empresária referiu à Reuters que tem como missão galvanizar o setor privado para impulsionar o crescimento no seu país, o segundo maior exportador de petróleo da África, a terceira maior economia da África Subsariana, mas onde mais de dois terços da população vive com menos de 2 dólares (1,80 euros) por dia, segundo o Banco Mundial. 

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