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Porque é que a redução de horário da Função Pública aumenta custos?
Horas extraordinárias e eventuais novas contratações para compensar redução de horários podem pressionar aumento da despesa. O Ministério das Finanças diz que tomará as medidas necessárias.
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Os partidos Os Verdes, PCP, Bloco de Esquerda e PS apresentaram na Assembleia da República propostas para a reposição do horário de trabalho no Estado.
Apesar de divergirem na data de entrada em vigor (que o PS propõe que seja mais tarde) e no número de pessoas abrangidas (que o PS propõe que seja inferior, limitando-se a quem tem contrato de trabalho em funções públicas), nenhum dos diplomas concretiza a segunda garantia do programa de Governo: o regresso às 35 horas mas "sem implicar aumento dos custos globais com pessoal".
A questão dos custos foi muito discutida quando, em 2013, o anterior governo avançou para o aumento do horário de trabalho, das 35 horas para as 40 horas semanais. Mas as estimativas nem sempre foram coerentes: quando em Maio Pedro Passos Coelho enviou uma carta com novas medidas de austeridade à troika estava previsto que a semana de 40 horas poupasse 204 milhões de euros em 2014; na carta que o governo enviou ao Tribunal Constitucional a defender o interesse público da medida estavam previstos 208 milhões de euros e no relatório do Orçamento do Estado para 2014 ficaram inscritos 153 milhões de euros.
Na altura, a poupança foi justificada com a redução dos encargos de funcionamento dos serviços, ou seja, pela poupança em horas extraordinárias, pela maior facilidade em organizar os serviços que trabalham por turnos e pela possibilidade de acomodar a redução de funcionários, que em quatro anos recuou 10%.
Agora, o regresso das 35 horas pode levar a um aumento de custos com pessoal, quer por via das horas extraordinárias, quer por via da eventual necessidade de contratar mais pessoal para colmatar as horas em falta ou para garantir o período de funcionamento ou de atendimento dos serviços são algumas das vias pelas quais o aumento do horário pode gerar despesa.
Esta terça-feira o Ministério das Finanças indiciou que vai propor alterações ao diploma na especialidade, introduzindo regras que permitam conter os custos, designadamente com horas extraordinárias. As medidas não foram detalhadas.