O El País teve acesso a uma nota interna do Eurogrupo onde pode ler-se que "as autoridades gregas tentam recuar nos compromissos continuamente" bem como, que tentam travar os acordos alcançados em Fevereiro e que visam alargar o resgate.

"O tratamento aos funcionários da troika é inaceitável", refere ainda o diário espanhol, acrescentando que Atenas fez descarrilar esta semana as negociações técnicas, aceitando apenas contactos políticos.

Por outro lado, e ainda que Atenas se tenha comprometido a não tomar decisões unilaterais, aprovou recentemente uma lei para mitigar a crise humanitária que o país atravessa. "Não há colaboração entre as equipas em Bruxelas e Atenas e as possibilidades de ultrapassar o exame em Abril são remotas", destaca ainda a nota do Eurogrupo.

No final da "minicimeira" sobre a Grécia realizada em Bruxelas na quinta-feira, 19 de Março, à margem de um Conselho Europeu, Angela Merkel afirmou que o encontro teve lugar num espírito de "confiança mútua", tendo ficado bem claro que "nada mudou" relativamente ao compromisso alcançado no Eurogrupo de 20 de Fevereiro passado sobre o prolongamento da assistência à Grécia.

Alexis Tsipras, por sua vez, afirmou-se "mais optimista" depois da reunião sobre a Grécia que juntou esta noite, em Bruxelas, vários líderes europeus, afirmando que "todas as partes" se comprometeram a tudo fazer para ultrapassar o actual impasse. No entanto, e de acordo com a publicação espanhola que cita fontes europeias, "o tempo e a paciência estão a esgotar-se para a Grécia".

Palavras idênticas proferiu o ministro das Finanças da Eslováquia. Peter Kazimir, numa entrevista à

Bloomberg: "Estamos a ficar sem paciência e vontade de discutir estas questões repetidas vezes – sentimos que esta abordagem não vai levar a lugar nenhum".

"Não estamos convencidos que o Governo grego esteja" a jogar com todas as cartas "se não está à procura de cenários diferentes", acrescentou.

Dado que a relação entre Atenas e os restantes parceiros europeus aparentam já ter tido melhores dias, a Europa terá três cenários possíveis em cima da mesa, de acordo com fontes europeias do El País.

Uma das possibilidades é que os parceiros europeus consigam convencer Alexis Tsipras para a necessidade de mudar de visão e aceitar os fundos europeus a troco de condições. Uma outra possibilidade prende-se com questões técnicas que permitam aos ministros das finanças do euro, de alguma maneira, apoiar uma escapatória para Tsipras. E um terceiro cenário é um "acidente".

Recentemente, Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, considerou que a possibilidade de uma saída acidental da Grécia da Zona Euro é uma ameaça real, e garantiu ser fundamental "evitar um cenário tão idiota". Ainda assim, para a Europa o cenário mais plausível é um terceiro resgate ainda que planos de contingência estejam a ser elaborados para caso a Grécia saia mesmo do euro.

Grécia recebe dinheiro quando entregar lista

Um porta-voz do Governo grego, Gabriel Sakellaridis, citado pelo The Guardian, apontou que Atenas espera receber o financiamento que tanto necessita quando apresentar uma nova lista de reformas económicas. O Governo de Tsipras terá de apresentar uma lista específica de reformas nos próximos dias, anunciaram na madrugada desta sexta-feira os seus parceiros europeus, acrescentando que o Eurogrupo está disponível para se reunir assim que necessário.

"O que foi discutido foi que uma vez que as reformas sejam submetidas, e de forma detalhada, ao Eurogrupo, aí o financiamento vai ser desbloqueado para a economia grega", sustentou Gabriel Sakellaridis