O ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, quer ultrapassar em definitivo as diferenças que separam Atenas e Berlim, deixando ficar os erros no passado para construir um novo futuro para "a nossa união monetária".

Varoufakis prometeu, aquando da tomada de posse, manter as publicações no seu blogue pessoal. Esta sexta-feira voltou a fazer jus à promessa para afirmar agora, em 2015, "que a Grécia permanece em crise" é chegada a altura de "acabar com o jogo tóxico de atribuição de culpas e com o apontar de dedos moralistas". O ministro helénico acrescenta que é preciso ultrapassar o "passa culpas" entre Atenas e Berlim e trabalhar em benefício do "interesse comum".

Num texto em que elenca as razões para se ter oposto, em 2010, ao primeiro resgate financeiro à Grécia, argumentos que ainda considera válidos, Yanis Varoufakis sustenta que a Grécia não deveria ter contraído empréstimos dos parceiros europeus numa altura em que a "dívida pública [grega] era insustentável".

E recorda que a Grécia não deveria ter contraído nenhum empréstimo sem antes começar por implementar "procedimentos no sentido da reestruturação da dívida e de se assumir o incumprimento parcial perante os credores do sector privado".

Na última madrugada, em Bruxelas, os líderes da Grécia, França e Alemanha, juntamente aos presidente do Eurogrupo, Banco Central Europeu e Comissão Europeia terem acordado que o Executivo helénico terá de apresentar, nos próximos dias, uma lista específica de reformas.Varoufakis diz agora que o acordo alcançado a 20 de Fevereiro com os ministros das Finanças do euro "oferece uma excelente oportunidade para seguir em frente".

Depois de vários líderes europeus terem apontado o dedo a Atenas por estar a procrastinar não apenas a aplicação das medidas acordadas, mas também o estabelecimento de novos compromissos, Varoufakis garante agora que "vamos implementar imediatamente" o acordo "tal como os nossos líderes exortaram na reunião informal de ontem".

Em jeito de conclusão, o responsável pelas Finanças helénicas nota que "olhando em frente e para lá das actuais tensões, a nossa tarefa conjunta é a de redesenhar a Europa".

Entretanto, o Guardian escreve que fontes oficiais da Grécia já referiram que a lista de reformas prometida esta madrugada deverá ser conhecida ainda antes do próximo período pascal, sendo que o mesmo jornal britânico avança que o Eurogrupo poderá reunir-se novamente já na próxima sexta-feira, possivelmente para discutir as reformas que Atenas terá de aplicar para garantir capacidade de financiamento numa altura em que os cofres helénicos estão quase vazios.