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Rogoff: Bancos centrais precisam de ponderar taxas de juro negativas
O investigador e professor de Harvard acredita que chegou à altura de os bancos centrais ponderarem aplicar taxas de juro negativas. Rogoff deu uma entrevista à Bloomberg em Davos, onde decorre o Fórum Económico Mundial.
Kenneth Rogoff considera que os bancos centrais têm de começar a ponderar aplicar taxas de juro negativas. Rogoff diz que o mundo atravessa um "super-ciclo de dívida" que "vai acabar um dia", e acredita que "estaríamos em melhor situação" se a China deixasse flutuar mais livremente a taxa de câmbio da sua moeda.
"Penso certamente que o grande fenómeno é que os bancos centrais estão a enfrentar estas taxas de juro globais reais mais baixas. Acho que temos de ponderar ter taxas de juro negativas", disse o economista e professor de Harvard, Kenneth Rogoff, à Bloomberg.
Segundo o mesmo, e apesar de considerar que ainda se está muito longe desta realidade, os efeitos das taxas de juro negativas "são perfeitamente mensuráveis", sendo que "existem diferentes formas de o aplicar".
Para o economista, o mundo atravessa um "super-ciclo de dívida" que começou nos EUA, estendeu-se à Europa e começa a afectar os mercados emergentes, mas acrescenta que a mesma "vai acabar um dia". "Não penso que estamos numa estagnação secular", acrescentou.
Sobre a actuação do Banco Central Europeu, Rogoff assinalou que o programa de "quantitative-easing teve um efeito limitado" e salientou que Mario Draghi tem ferramentas limitadas ao seu dispor para estimular a economia e manter a inflação nos 2%. "A não ser que [o BCE] consiga alterar radicalmente os seus instrumentos, não é fácil", disse.
Questionado se a queda do preço do petróleo é uma equação simples de excesso de oferta no mercado, disse que tem "dificuldade em contextualizar porque há tanto pânico".
"Historicamente há esta ideia de que os preços do petróleo estão a cair porque há um excesso de oferta. Há mais petróleo para nós consumirmos, o que normalmente é algo bom, ainda que se considerem as questões da oferta e da procura, normalmente é um impulso. Obviamente, a China está a abrandar, se é isso que está a penalizar os preços do petróleo, isso não é bom", afirmou.
"Mas, eu tenho dificuldade em contextualizar porque há tanto pânico. Claro que se estivermos a pensar na Rússia ou no Brasil, isso é preocupante. Eu estou muito preocupado com a China".
Sobre o país asiático, o economista defende que "estaríamos em melhor situação" se a China deixasse fluturar mais livremente a taxa de câmbio e acrescentou que apesar de reconhecer que as autoridades do país são "competentes", estas estão a tentar controlar algo que ninguém controla. "Se vais tentar ganhar credibilidade tentando controlar coisas que não controlas, vai ficar mal visto", concluiu.
Rogoff falou à Bloomberg em Davos, onde está a ter lugar o 46º Fórum Económico Mundial que se prolonga até ao próximo sábado. Este evento anual reúne na cidade suíça mais de 2.500 líderes empresariais, políticos, empreendedores, activistas, investigadores e figuras públicas.