Notícia
Líderes em Davos pedem à China que comunique de forma mais clara
Os dois delegados chineses em Davos ouviram líderes mundiais a pedir maior clareza na comunicação do país sobre as suas políticas económicas. Em causa está a turbulência que levou a China a intervir nos mercados para defender a sua moeda e, depois, a entrar em "mercado urso".
"Há um problema de comunicação", disse Christine Lagarde, líder do Fundo Monetário Internacional, num painel promovido pela Bloomberg em Davos, onde decorre o Fórum Económico Mundial.
A responsável referia-se à gestão que a China tem feito para adoptar uma taxa de câmbio definida mais pelos mercados e menos pelas autoridades. "Mais e melhor comunicação serviria certamente melhor essa transição", acrescentou a líder do FMI.
No mesmo sentido, Gary Cohn, presidente do Goldman Sachs, disse neste painel que "a comunicação é, de facto, o mais importante aqui" e que "todos queremos ser clarificados".
"Estão certos, nós devemos fazer um melhor trabalho e estamos a aprender", assumiu Fang Xinghai, vice-presidente da Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China. "O nosso sistema não está estruturado de forma a que consigamos comunicar claramente com o mercado", explicou.
Jiang Jianqing, presidente do Banco Industrial e Comercial da China, salientou, porém, que os desafios económicos do país são "muito difíceis" e que é preciso "coragem" para os resolver.
A sua convicção é que a taxa de crescimento do país, que no ano passado registou o valor mais baixo desde 1990, pode continuar a baixar.
Sobre a desvalorização do yuan, Fang Xinghai garantiu que "desvalorizar a moeda não é do interesse da China" e que isso não serve o propósito do Governo de "levar a cabo a sua estratégia de transição" para a economia.
Sobre esta transição – de uma economia assente em investimento e na indústria, para uma economia de serviços e de consumo – Lagarde caracterizou-a como "gerível".
"Percebo que exista alguma preocupação sobre este ano na China", assumiu Fang Xinghai.
Em apenas 10 sessões, as primeiras de 2016, as sucessivas quedas das bolsas empurraram a China para "mercado urso".
A economia do país cresceu 6,9% em 2015, o ritmo mais lento dos últimos 25 anos. Tanto a produção industrial como as vendas a retalho ficaram abaixo das estimativas no final do ano.
"Não podemos permitir que a taxa de crescimento abrande demasiado", disse Fang Xinghai, explicando que um recuo desta natureza criaria demasiados problemas financeiros.
O responsável sinalizou ainda que o apoio à economia irá continuar e que a China tem ao seu dispor ferramentas para o fazer, nomeadamente através da política fiscal.