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Moscovici admite revisão da dívida grega, mas recusa perdão
Na Grécia é urgente a reforma do sistema de pensões. Em Espanha continua-se à espera que Rajoy forme Governo e, apesar das reformas em curso, Itália precisa de reduzir a dívida. Pierre Moscovici falou à Bloomberg sobre alguns dos temas mais prementes na Europa actualmente.
Em Davos, o Comissário Europeu dos Assuntos Económicos e Financeiros, Pierre Moscovici, disse à Bloomberg que "a seu tempo" a dívida grega pode ser revista, mas recusa um perdão de dívida. O responsável europeu tem encontro marcado com Alexis Tsipras no Fórum Económico Mundial, com quem deverá discutir a reforma do sistema de pensões que considera urgente.
"Agora o que precisamos é de uma corajosa e ambiciosa revisão do sistema de pensões, o que nunca é simples", disse Moscovici em entrevista à Bloomberg, adiantando que isto "deve acontecer tão breve quanto possível".
O comissário europeu adiantou que já existe um "rascunho" desta reforma, mas que é preciso trabalhar em "parâmetros mais precisos", algo que espera começar a fazer ainda em Davos, onde tem encontro marcado com o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras.
Questionado sobre a possibilidade de um perdão de dívida à Grécia, o responsável negou dizendo que "os europeus não desejam isso", mas abriu a porta para a revisão dos termos da dívida.
"Podemos estender as maturidades, podemos trabalhar nas taxas de juro. Veremos isso a seu tempo, mas primeiro a prioridade é ter uma discussão forte e positiva sobre este sistema de pensões", acrescentou.
Sobre o curso das negociações com o Governo grego, Moscovici adiantou que "clima é muito construtivo".
Nesta conversa não ficou esquecida a situação política de Espanha, onde ainda não foi formado um Governo. Questionado sobre quando espera um orçamento de Espanha, Moscovici explicou que não pode haver orçamento sem Governo e que, nesse sentido, a Comissão Europeia espera que seja formado Governo em Espanha o mais breve possível.
Sobre a Itália, o Comissário Europeu para os Assuntos Económicos disse que "estamos longe do que é admissível". "Sim, o Governo italiano está a fazer reformas, isso é positivo. Sim, está a reduzir o défice - e pode também gozar de alguma flexibilidade -, mas sobretudo, é necessário também que a Itália reduza o rácio de dívida face ao PIB".
O primeiro-ministro italiano comprometeu-se este ano a reduzir a dívida italiana para 131,4% do PIB, abaixo dos 132,8% de 2015. Esta seria a primeira redução do rácio da dívida em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) desde 2007, escreve a Bloomberg.
Ao mesmo tempo, Matteo Renzi procura uma maior margem de manobra nos objectivos de redução do défice, de forma a financiar reduções nos impostos de 35 mil milhões de euros nos próximos três anos, com vista a impulsionar a economia. As exigências do líder italiano têm dificultado as relações com a Comissão Europeia.