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Papa pede à elite de Davos que reconheça o seu papel na criação de pobreza

O Papa Francisco disse esta quarta-feira à elite que se reúne em Davos que deve considerar a sua própria responsabilidade na criação de pobreza e pediu que não se ignore o choro dos mais pobres.

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20 de Janeiro de 2016 às 16:53
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Numa mensagem lida por um cardeal de topo do Vaticano em Davos, o Papa Francisco decidiu colocar o dedo na ferida e exigir responsabilidades a empresários, líderes políticos, investigadores, empreendedores e activistas que compõem a restrita elite convidada a estar presente na 46.ª edição do Fórum Económico Mundial.

Francisco – que fez da defesa dos mais pobres um dos bastiões do seu papado – disse aos presentes que "chorar pela dor dos outros não significa somente partilhar do seu sofrimento, mas também, e acima de tudo, permite compreender que as nossas próprias acções são a causa da injustiça e da desigualdade".

"Quando nos apercebemos disto, tornamo-nos totalmente humanos, uma vez que assumir a responsabilidade pelos nossos irmãos e irmãs é parte da nossa humanidade comum. Não tenham medo de abrir as vossas mentes e corações aos pobres. Desta forma, poderão ser livres para explorar os vossos talentos e capacidades, e descobrir a felicidade de uma vida completa, que o consumismo por si só não pode providenciar", disse.

O papa urgiu as empresas e sociedades a reconhecer o seu papel na criação da pobreza numa altura em que a organização não-governamental Oxfam revelou que "62 pessoas possuem tanto capital como a metade mais pobre da população mundial" e que a riqueza acumulada por 1% da população mundial, entre os mais ricos, superou a dos 99% restantes, em 2015, um ano mais cedo do que se previa.


"Apelo a todos mais uma vez: não esqueçam os pobres", escreveu Francisco.

O Papa apelou ainda que não se permita que os humanos sejam substituídos por "máquinas sem almas", num encontro cujo mote é exactamente a quarta revolução industrial, protagonizada pela robótica e pela inteligência artificial.

"Face às profundas e épicas mudanças, os líderes mundiais são desafiados a garantir que a quarta revolução industrial, o resultado dos avanços na robótica, na ciência e na tecnologia, não conduzem à destruição da pessoa humana – para que esta seja substituída por uma máquina sem alma", exigiu nesta mensagem.

A protecção do ambiente também não ficou esquecida, tendo apelado aos líderes políticos que não permitam que o mundo se transforme "num jardim vazio para proveito de alguns escolhidos". Assim, insta-os a "fazer um esforço concertado para perseguir a sustentabilidade e o desenvolvimento integral".

O Fórum Económico Mundial de Davos reúne mais de 2500 pessoas, alguns dos homens e das mulheres mais influentes do mundo em diversas áreas, para discutir não só a economia, como as alterações climáticas, a medicina, o terrorismo, o cibercrime, entre outros temas.

Este evento anual começou esta quarta-feira e prolonga-se até 23 de Janeiro.

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