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"Já não estou sob investigação", disse Trump aos russos após demitir director do FBI

Continuam a chegar novos capítulos no escândalo que envolve o presidente norte-americano, no âmbito de possíveis atitudes questionáveis na relação com altos responsáveis russos, nomeadamente durante uma reunião na semana passada com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia e o embaixador russo nos EUA. Um novo documento traz mais achas para a fogueira.

19 de Maio de 2017 às 21:35
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Esta sexta-feira, 19 de Maio, veio a lume mais um episódio do "furacão Trump", que tem criado uma forte tensão política nos EUA – muito especialmente no que diz respeito às relações entre Washington e Moscovo.

 

No encontro que Donald Trump manteve na semana passada na Sala Oval da Casa Branca com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, e o embaixador russo nos EUA, Sergey Kislyak, o presidente dos EUA comprometeu informação secreta e sensível sobre o autoproclamado Estado Islâmico, avançava ao início da semana o The Washington Post.

 

Agora, num documento que sintetiza essa reunião, e ao qual o The New York Times teve acesso, Trump terá dito a Lavrov e a Kislyak que despedir o director do FBI, James B. Comey, tinha retirado "grande pressão" sobre ele. Esta reunião, recorde-se, decorreu logo no dia a seguir a Trump demitir Comey.

 

"Acabei de despedir o director do FBI. Ele era maluco, um autêntico doido", declarou Donald Trump, segundo o documento – que foi lido ao NYT por um responsável norte-americano que pediu anonimato. "Sofri grande pressão por causa da Rússia. Isso já acabou", terá acrescentado. "Não estou sob investigação", rematou o chefe do Executivo norte-americano.

Este documento com os comentários de Trump, explica a Bloomberg, tem por base as anotações que foram feitas na Sala Oval durante a reunião do presidente com Lavrov e Kislyak e que têm estado a circular como sendo o registo oficial do que se passou no encontro.

Na terça-feira, o The New York Times tinha já avançado que James B. Comey poderia ter sido demitido da direcção do FBI por se recusar a fechar a investigação ao ex-conselheiro de Segurança Nacional Michael Flynn.

 

O jornal sublinhou que o presidente norte-americano pediu a Comey que encerrasse a investigação federal que estava a decorrer quanto à actuação de Flynn, algo que o director do FBI considerou "impróprio".

 

O pedido terá sido feito numa reunião na Sala Oval, em Fevereiro, segundo um memorando escrito logo de seguida por Comey e ao qual o NYT teve acesso. "Espero que possa pôr de lado [a investigação]", disse Trump a Comey, de acordo com o memorando.

 

A existência deste pedido "é a prova mais clara de que o presidente tentou influenciar directamente o Departamento da Justiça e a investigação do FBI relativamente às ligações entre a equipa de Trump e a Rússia", acusou o NYT.

 

A Casa Branca, entretanto, veio desmentir o conteúdo deste memorando, mas continuam a surgir novos documentos, como o de hoje, que colocam o presidente em maus lençóis.

 

Comey escreveu o memorando - a detalhar a conversa com o presidente – logo a seguir à reunião, que teve lugar depois de Flynn se ter demitido, segundo duas pessoas que leram o documento.

 

Esse mesmo memorando está incluído numa pasta com documentação compilada por Comey relativamente ao que percepcionou como "esforços impróprios do presidente para influenciar uma investigação em curso". Este tipo de notas escritas por agentes do FBI são grandemente utilizadas em tribunal como prova credível de conversas ocorridas.

 

Recorde-se que no passado dia 20 de Fevereiro, Trump nomeou o tenente-general H. R. McMaster como seu novo conselheiro de Segurança Nacional, depois da renúncia de Michael Flynn devido aos contactos com russos sobre as sanções a Moscovo.

Com as novas informações que vão surgindo quase diariamente, não há ainda uma conclusão quanto ao motivo pelo qual Comey foi demitido.

 

James Comey tinha admitido publicamente em Março que o FBI estava a realizar uma investigação para determinar se tinha havido esforços da Rússia para influenciar os resultados das eleições presidenciais de 8 de Novembro e se haveria elementos da equipa de Trump envolvidos, relembra a Bloomberg.

 

Quando Trump demitiu Comey, a Casa Branca comunicou que a decisão se tinha baseado numa recomendação do Departamento da Justiça e que estava relacionada com a forma como o FBI tinha gerido a investigação relativa aos emails enviados pela democrata Hillary Clinton através de um servidor particular quando era secretária de Estado, de 2009 a 2013.

 

Nessa altura, a Casa Branca garantiu que tinha tido mesmo a ver com Hillary e nada com a investigação às ligações russas. Mas, um dia depois, Trump declarou à BBC que tinha despedido o director do FBI por a questão EUA-Rússia ser uma invenção. "Quando decidi fazê-lo [demitir Comey], disse para mim mesmo: ‘bem, esta coisa da Rússia com o Trump é tudo invenção". E foi por essa razão, defendeu, que achou por bem retirar o então chefe dos serviços federais do cargo – para encontrar alguém mais competente, como frisou na altura.

Além desta questão, a investigação que está a ser levada a cabo para determinar se houve uma coordenação entre a Rússia e a campanha eleitoral de Trump já identificou um actual responsável da Casa Branca como "pessoa de interesse", avançou a Bloomberg esta sexta-feira ao final do dia.



(notícia actualizada às 22:32)

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