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Trump revelou informação classificada a diplomatas russos

O The Washington Post avança que o presidente norte-americano, Donald Trump, revelou informação confidencial ao ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia e ao embaixador russo nos EUA, aquando do encontro na semana passada na Sala Oval.

Reuters
15 de Maio de 2017 às 23:43
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No encontro que Donald Trump manteve na semana passada na Sala Oval da Casa Branca com o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergey Lavrov, e o embaixador russo nos EUA, Sergey Kislyak, o presidente dos EUA comprometeu informação secreta e sensível sobre o autoproclamado Estado Islâmico, avança o The Washington Post.

 

No passado dia 11 de Maio, a Casa Branca já se tinha sentido obrigada a reagir à publicação de fotos deste encontro – e que não tinham sido autorizadas.

Agora, o The Washington Post revela que, nesta reunião com aqueles dois altos responsáveis russos, Trump acabou por colocar em risco uma importante fonte de informação classificada sobre o Daesh – "um acordo de partilha de informação considerada tão sensível que os seus detalhes foram negados aos aliados e cujo acesso era apertado e muito restringido mesmo dentro do governo norte-americano", diz o jornal norte-americano citando altas patentes dos EUA.


"A informação que o presidente divulgou tinha sido fornecida por um parceiro dos EUA através de um acordo de partilha de informação secreta. (…) O referido parceiro não deu aos Estados Unidos permissão para partilhar esse material com a Rússia", refere a mesma publicação.

O jornal destaca que Donald Trump falou sobre uma ameaça específica relacionada com o uso de computadores portáteis nos aviões - e, a este propósito, na semana passada foi divulgado que a Administração Trump está a pensar alargar à Europa uma proibição de uso de laptops nas cabinas dos aviões comerciais que já vigora face a alguns países, sobretudo do Médio Oriente e Norte de África.


Os responsáveis que falaram com o The Washington Post dizem que a decisão de Trump de divulgar esta informação sensível coloca em perigo a cooperação com um aliado que tem acesso às operações internas do Estado Islâmico.

Após a reunião de Trump com Lavrov e com Kislyak, responsáveis de topo da Casa Branca tomaram medidas no sentido de conter os danos, telefonando de imediato para a CIA e a Agência de Segurança Nacional, diz ainda a mesma publicação.

 

"Trata-se de informação com palavras-código", declarou ao jornal um responsável norte-americano conhecedor do processo, usando terminologia que se aplica a um dos níveis mais elevados de classificação empregues pelas agências de serviços secretos nos EUA.

O conselheiro de Segurança Nacional, H. R. McMaster, já reagiu entretanto a esta notícia e garantiu que Trump não falou com os seus interlocutores russos sobre fontes, métodos de espionagem ou operações militares que não fossem já conhecidas.

A revelação do The Washington Post surge numa altura em que a Rússia se tem apresentado em várias frentes no centro da pressão política sobre a Casa Branca, recorda o jornal.

 

O caso mais recente diz respeito à decisão do presidente norte-americano de demitir o director do FBI, James B. Comey, em plena investigação daquela agência a possíveis ligações entre a campanha presidencial de Trump e Moscovo. Foi logo no dia seguinte a demitir Comey que Trump se reuniu com Lavrov e com Kislyak.

 

Mas há mais… e já levou a uma demissão de peso na Administração do presidente republicano.


Informação passada a russos volta assim a estar na berlinda

No passado dia 20 de Fevereiro, Trump nomeou o tenente-general H. R. McMaster como seu novo conselheiro de Segurança Nacional, depois da renúncia de Michael Flynn devido aos contactos com russos sobre as sanções a Moscovo.

 

O tenente-general reformado Flyyn tinha apresentado a sua demissão a 13 de Fevereiro. A polémica em torno de Flynn surgiu quando, uns dias antes, o The Washington Post noticiara que o conselheiro de Trump tinha falado – durante contactos telefónicos com representantes russos, nomeadamente o embaixador russo nos EUA, Sergey Kislyak – sobre as sanções impostas pelos EUA à Rússia na sequência da anexação unilateral da Crimeia pela Rússia em 2014.

 

Flynn começou por negar esses factos, sendo depois acusado de mentir quando admitiu que o tema das sanções poderia ter surgido durante os telefonemas – alguns dos quais feitos ainda durante a campanha de Trump para as eleições presidenciais de 8 de Novembro de 2016.

 

Por esse facto, Flynn pediu desculpas ao vice-presidente Mike Pence [que o tinha defendido em várias ocasiões a respeito desta polémica], reconhecendo que lhe tinha fornecido "informação incompleta" sobre essas conversas. O tenente-general achou então, por bem, apresentar a sua demissão.

 

No dia seguinte, 14 de Fevereiro, Kellyane Conway, conselheira da Casa Branca, declarou que Michael Flynn tinha a confiança de Trump – apesar de o presidente ter mantido o silêncio. Mas, logo depois, a 15 de Fevereiro, Sean Spicer, porta-voz da Casa Branca, comunicou em conferência de imprensa que a demissão de Flynn tinha sido decidida pelo próprio presidente devido a uma "perda de confiança".

 

Entretanto, a 8 de Maio soube-se que Barack Obama tinha aconselhado Trump a não contratar Michael Flynn como seu conselheiro de Segurança Nacional. A informação, citada pela Lusa, foi dada à NBC e CNN por fontes próximas do ex-presidente.

Agora, a partilha de informação sensível dos EUA com a Rússia volta a estar no centro das atenções.


(notícia actualizada pela última vez à 01:35)

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