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Casa Branca furiosa após publicação de fotos por Moscovo

A Casa Branca viu-se hoje novamente numa situação embaraçosa por Moscovo ter divulgado fotos comprometedoras de uma reunião à porta fechada entre o Presidente norte-americano, Donald Trump, e o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov.

Reuters
11 de Maio de 2017 às 22:07
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As imagens mostram um Donald Trump sorridente a apertar a mão a Lavrov e ao embaixador russo em Washington, Serguei Kisliak, e também posando ao lado deles, num encontro ocorrido na quarta-feira na Sala Oval.

 

Esta reunião era já vista como uma bela jogada diplomática para com o Kremlin: recepção com passadeira vermelha apenas alguns meses após a imposição de sanções norte-americanas à Rússia pela sua ingerência nas eleições presidenciais de 2016.

 

Diplomatas experimentados interrogavam-se hoje sobre as razões por que o Presidente tinha aceitado receber os dois dignitários russos, uma honra habitualmente reservada aos chefes de Estado e que foi, neste caso, muito criticada por a Rússia estar no centro de um grande escândalo político nos Estados Unidos.

 

O actual Governo continua de facto mergulhado em acusações de conluio entre a equipa de campanha de Trump e responsáveis russos, entre os quais o embaixador Kisliak, para favorecer a sua candidatura sobre a da sua adversária democrata, Hillary Clinton. Três inquéritos, no Congresso e no FBI (polícia federal), estão neste momento em curso.

 

A divulgação destas fotos contribui para dar a impressão de que a Rússia obteve uma vitória diplomática expressiva e a Casa Branca foi manipulada.

 

"Felicitações, Kollegi (colegas), por terem obtido estas fotos! Grande jogada!", declarou Michael McFaul, ex-embaixador norte-americano em Moscovo.

 

As fotografias foram publicadas pelo ministério dos Negócios Estrangeiros russo na sua conta da rede social Flickr.

 

"O formato da operação-foto não permite tirar fotografias à revelia das pessoas", salientou Maria Zakharova, porta-voz do ministério, na sua conta do Facebook. "Os interlocutores americanos não pediram que as fotografias não fossem divulgadas", acrescentou.

 

Em público, a Casa Branca tentou manter a face: "É normal que ele (Trump) se reúna com o ministro dos Negócios Estrangeiros", declarou Sarah Huckabee Sanders, porta-voz do Governo, condenando as críticas.

 

Mas, em privado, os responsáveis da Casa Branca indignaram-se contra o que consideraram ser um abuso de confiança. Segundo eles, o Presidente russo, Vladimir Putin, exigiu este encontro entre o seu ministro e Trump, como contrapartida à sua recente reunião com o secretário de Estado norte-americano, Rex Tillerson, em Moscovo.

 

A Casa Branca foi informada de que um fotógrafo oficial russo estaria presente, dando a entender que as imagens captadas seriam para os arquivos mas não se destinavam a ser agora publicadas. "O nosso fotógrafo oficial e o deles estavam presentes, é tudo", indicou um assistente pouco depois do encontro.

 

Mas quando as imagens foram divulgadas em todo o mundo, através de um órgão de comunicação público russo, a fúria apoderou-se da Casa Branca por ter sido assim enganada, tendo dois responsáveis admitido que não tinham sido avisados da sua publicação.

 

O almirante Mike Rogers, director do serviço de escutas e espionagem NSA, declarou hoje, numa audição no Congresso, não ter sido pessoalmente consultado sobre um eventual risco de ciber-intrusão ou pirataria das comunicações quanto a esta reunião na Sala Oval, e não ter conhecimento de que a NSA tenha sido consultada sobre essa questão.

 

A reunião de Trump e Lavrov ocorreu algumas horas depois de o Presidente norte-americano ter despedido o director do FBI, James Comey, cujos serviços foram encarregados de investigar a existência de um eventual conluio entre a campanha de Trump e as autoridades russas.

 

A presença na Sala Oval do embaixador Kisliak serviu apenas para exacerbar o mal-estar, já que os seus contactos com elementos próximos de Trump estão no centro das suspeitas de conluio.

 

Já em meados de Fevereiro, Michael Flynn viu-se obrigado a abandonar o cargo de director da segurança nacional por não ter revelado os seus contactos com o embaixador russo.

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