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Conselheiro de Trump diz que partilha de informação com Moscovo foi "apropriada"

O conselheiro que de imediato desmentiu a notícia que dava conta de que Donald Trump havia partilhado informação "altamente confidencial" com o Kremlin vem agora dizer que essa foi uma acção "totalmente apropriada". Terá sido Israel a providenciar a informação aos EUA.

Reuters
16 de Maio de 2017 às 19:56
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Pouco depois de Donald Trump ter defendido, através do Twitter, que tinha todo o direito de partilhar informação sensível com a Rússia, foi a vez do seu conselheiro para a Segurança Nacional, H.R. McMaster, vir a terreiro garantir que o presidente dos Estados Unidos teve uma acção "totalmente apropriada".

 

Em conferência de imprensa realizada na tarde desta terça-feira, 16 de Maio, na Casa Branca, McMaster prosseguiu a tentativa da administração americana em conter os potenciais danos decorrentes da violação daquilo que são as normas não escritas das relações diplomáticas em matéria de trocas de informações providenciadas por serviços de informações.

 

Foi precisamente McMaster quem se prontificou a desmentir a notícia, inicialmente avançada pelo Washington Post, que dava conta de que Trump tinha, numa reunião com o ministro dos Estrangeiros russo, Sergey Lavrov, e com o embaixador russo em Washington, Sergey Kislyak, falado sobre planos do Estado Islâmico (EI, ou Daesh) para realizar ataques a bordo de voos comerciais recorrendo a computadores portáteis.

 

O encontro com os elementos do Kremlin foi realizado, na Casa Branca, no dia seguinte ao presidente americano ter demitido o James Comey, director do FBI, que tinha pedido mais meios – humanos e financeiros – para continuar a investigação às ligações de Trump e respectiva administração ao Kremlin. Michael Flynn, o antecessor de McMaster como conselheiro para a Segurança Nacional, demitiu-se após menos de um mês no cargo depois de ter mentido sobre conversas mantidas com diplomatas russos durante o período de transição para a tomada de posse como presidente. 

 

Na segunda-feira, McMaster garantiu que Trump não tinha feito qualquer referência a fontes ou aos métodos de espionagem utilizados para aceder à informação disponibilizada aos serviços americanos por um país aliado. Uma revelação que, no mínimo, pode ser considerada uma brecha às regras sobre a partilha de dados recolhidos através de espionagem, que exige autorização do Estado que recolheu primeiramente a informação para que esta seja partilhada.  

 

Agora, o conselheiro vem dizer que, "no contexto da discussão" entre Trump e os diplomatas russos, a partilha de informações feita pelo presidente foi "consistente com a rotina de troca de informações entre um presidente e quaisquer líderes". McMaster reiterou que Trump pode "partilhar qualquer tipo de informação que ele considere necessária para garantir a segurança do povo americano".

 

Foi também esta a narrativa hoje utilizado por Trump no Twitter, fazendo uso da prerrogativa que permite ao presidente falar sobre informações confidenciais sem ter de pedir qualquer autorização para o efeito.

 

No entanto, a questão não é legal, o que está em causa são as consequências políticas deste caso, com a CNN a notar que nenhuma das explicações para Trump ter partilhado a informação lhe é favorável: a primeira é que Trump poderia desconhecer as reais implicações do que estava a fazer ao partilhar informações sensíveis; a segunda é a de que teria perfeita noção.

 

Entretanto foi a vez de Trump voltar a falar no tema. Numa conferência de imprensa, ladeado pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, de visita a Washington, o presidente americano reiterou que o encontro da semana passada com Lavrov "foi muito bem-sucedido".

 

Sobre este primeiro encontro com Erdogan, aproveitando ainda a argumentação de que a informação partilhada com Moscovo serviu para convencer a Rússia a reforçar o seu empenho na luta contra o terrorismo islâmico, Trump disse que "queremos garantir tanta ajuda quanto possível para lutar contra o terrorismo".

 

Já Erdogan assumiu que a Turquia irá, junto com os EUA, combater todos os grupos terroristas com presença naquela região, embora não tenha esquecido as milícias curdas (YPG), assegurando que Ancara não aceitará que Washington continue a financiar estas forças curdas.

 

Israel terá sido a fonte da informação

 

Também esta terça-feira, o New York Times adianta, citando um antigo e também um actual membro da Casa Branca, ambos sob condição de anonimato, que os dados partilhados por Trump com o Kremlin foram fornecidos a Washington por Israel, o país do Médio Oriente que detém os serviços de informações mais eficazes.


O que a ser verdade pode provocar um abalo nas relações entre Israel e os Estados Unidos, historicamente o principal aliado israelita. Não só porque a revelação feita por Trump pode colocar em causa a fonte que garantiu a informação sobre os planos do Daesh, mas também porque essa mesma informação pode ser partilhada pelo Kremlin com o seu principal aliado no Médio Oriente, o Irão, um país inimigo dos israelitas e que até há bem pouco tempo clamava pela erradicação do mapa do Estado de Israel.

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