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FMI: Saída da Grécia do euro será dolorosa e dispendiosa mas pode ser acomodada

O economista-chefe do Fundo Monetário Internacional admite que a situação na Grécia se deteriore e que os mercados financeiros possam ser assolados por uma nova tempestade.

Negócios 14 de Abril de 2015 às 15:53
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A saída da Grécia da união monetária será um evento muito doloroso e dispendioso mas que pode ser acomodado pelo resto da Zona Euro, admitiu nesta terça-feira, 14 de Abril, o  economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI), citado pelo The Guardian. "Uma crise grega não pode ser descartada" e esse "evento poderá perturbar os mercados financeiros", disse ainda, agora citado pela Bloomberg.

 

Olivier Blanchard falava, em Washington, na apresentação das novas perspectivas macroeconómicas, no âmbito das quais o FMI reviu em baixa, de 2,9% para 2,5%, a previsão de crescimento da economia grega para este ano, antecipando uma aceleração para 3,7% em 2016.

 

A possibilidade de uma crise aberta na Grécia tem vindo a ser crescentemente admitida por fontes do governo grego e das instituições da troika, à medida que se arrastam as negociações e os cofres de Atenas vão ficando vazios.

De acordo com relatos na imprensa grega, Poul Thomsen, que desde 2010 tem acompanhado de perto a Grécia em representação do FMI, terá dito aos directores do Fundo que as negociações "não estão a funcionar", que Atenas continua a negar acesso a dados para perceber qual é a real dimensão das necessidades financeiras do país, pelo que não pode antecipar se será possível concluir com sucesso o actual resgate ao país – etapa fundamental para que possa ser desembolsada a última fatia do empréstimo da troika, de sete mil milhões de euros.

 

O Financial Times avançava ontem, citando fontes oficiais helénicas, que Atenas está a preparar-se para se declarar em "default" no caso de não chegar a acordo com os seus credores internacionais no final de Abril. A primeira instituição a qual não pagará será o FMI, a quem deverá reembolsar 2,5 mil milhões de euros em Maio e Junho, escrevia o jornal, que foi depois desmentido por vários responsáveis gregos.
 

Um ‘default’ da Grécia constituiria um choque sem precedentes para a união monetária, que conta já com 16 anos de existência, sublinha o Financial Times, recordando que foi há cinco anos que a Grécia recebeu o primeiro dos dois programas de assistência financeira da troika (BCE, Comissão Europeia e FMI) e que ascenderam a um total de 245 mil milhões de euros.

 

"A advertência quanto a um ‘default’ iminente poderá ser uma táctica negocial, reflectindo o objectivo do governo de conseguir as condições o mais flexíveis possíveis dos seus credores, mas destaca a realidade dos cofres públicos gregos, que estão a esvaziar-se rapidamente", acrescenta o FT.

 

A perspectiva de ‘default’ é real, o que já levou outros governos europeus a começarem a delinear planos de contingência. No curto prazo, um incumprimento da dívida por parte da Grécia levaria indubitavelmente à suspensão da ajuda de emergência do BCE aos sector financeiro helénico, ao encerramento de bancos gregos, a controlos de capital e a uma maior instabilidade económica, salienta o FT.

 

"Apesar de não forçar automaticamente a Grécia a sair da Zona Euro, um ‘default’ dificultaria bastante a Tsipras a tarefa de manter o seu país na união monetária", refere ainda a mesma publicação.

 

Esta segunda-feira o Ministério grego das Finanças, conduzido por Yanis Varoufakis, reiterou o compromisso do governo helénico de alcançar um acordo com os seus credores. Neste espírito, sublinha o FT, a Grécia retomou hoje negociações técnicas com os seus credores em Atenas e em Bruxelas, debruçando-se sobretudo sobre as medidas orçamentais, metas orçamentais e privatizações, condições colocadas pelos credores para libertarem os fundos de que a Grécia precisa para pagar os próximos reembolsos. 

 

Pouco depois destas informações veiculadas pelo FT, um responsável governamental grego desmentiu, num email enviado à agência Bloomberg, que Atenas esteja a preparar-se para um cenário de ‘default’. Já hoje, o ministro grego da Defesa também desmentiu o jornal.

 

Entretanto, o vice-presidente da Comissão Europeia com o pelouro do euro, Valdis Dombrovskis, disse também na segunda-feira à Bloomberg que as conversações com a Grécia estão a acelerar, mas que há ainda "muito a fazer" até 20 de Abril, data em que Atenas tem de apresentar a lista de reformas para poder receber a última tranche do seu programa de assistência financeira, no valor de 7,2 mil milhões de euros.

 

Margaritis Schinas, porta-voz da Comissão Europeia, referiu igualmente, citado pela Bloomberg, que as negociações prosseguem e que Bruxelas continua a trabalhar com as restantes instituições e com as autoridades gregas.

 

A próxima reunião dos ministros das Finanças da Zona Euro (Eurogrupo), agendada para 24 de Abril na Letónia, deverá ser "o próximo momento possível" para as conversações decorrerem a nível ministerial, acrescentou Schinas.

 

 

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