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FT: Grécia prepara-se para incumprimento da dívida se conversações com credores falharem
O Financial Times avança, citando fontes oficiais helénicas, que Atenas está a preparar-se para se declarar em "default" no caso de não chegar a acordo com os seus credores internacionais no final de Abril.
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"A Grécia está a preparar-se para dar o drástico passo de se declarar em ‘default’, a menos que consiga alcançar um acordo com os seus credores internacionais até ao final de Abril, comentaram fontes oficiais ao jornal britânico Financial Times.
O governo grego, liderado por Alexis Tsipras do Syriza, que no passado dia 9 cumpriu o pagamento do reembolso de 450 milhões de dólares ao FMI, enfrenta ainda uma factura de 2,4 mil milhões de euros com pensões e salários este mês.
E agora, segundo as fontes citadas pelo FT, decidiu que os 2,5 mil milhões de euros que tem a pagar ao FMI em Maio e Junho não serão reembolsados se não houver acordo.
Está previsto o pagamento ao FMI de 203 milhões de euros no dia 1 de Maio e de 770 milhões no dia 12 de Maio, mais 1,6 mil milhões em Junho.
"Chegámos ao fim da estrada…. Se os europeus não liberarem o dinheiro do resgate, não há alternativa [a um incumprimento no pagamento da dívida], comentou um responsável governamental ao jornal britânico.
Um ‘default’ da Grécia constituiria um choque sem precedentes para a união monetária, que conta já com 16 anos de existência, sublinha o Financial Times, recordando que foi há cinco anos que a Grécia recebeu o primeiro dos dois programas de assistência financeira da troika (BCE, Comissão Europeia e FMI) e que ascenderam a um total de 245 mil milhões de euros.
"A advertência quanto a um ‘default’ iminente poderá ser uma táctica negocial, reflectindo o objectivo do governo de conseguir as condições o mais flexíveis possíveis dos seus credores, mas destaca a realidade dos cofres públicos gregos, que estão a esvaziar-se rapidamente", acrescenta o FT.
A perspectiva de ‘default’ é real, o que já levou outros governos europeus a começarem a delinear planos de contingência. No curto prazo, um incumprimento da dívida por parte da Grécia levaria indubitavelmente à suspensão da ajuda de emergência do BCE aos sector financeiro helénico, ao encerramento de bancos gregos, a controlos de capital e a uma maior instabilidade económica, salienta o FT.
"Apesar de não forçar automaticamente a Grécia a sair da Zona Euro, um ‘default’ dificultaria bastante a Tsipras a tarefa de manter o seu país na união monetária", refere ainda a mesma publicação.
Esta segunda-feira o Ministério grego das Finanças, conduzido por Yanis Varoufakis, reiterou o compromisso do governo helénico de alcançar um acordo com os seus credores. Neste espírito, sublinha o FT, a Grécia retomou hoje negociações técnicas com os seus credores em Atenas e em Bruxelas, debruçando-se sobretudo sobre as medidas orçamentais, metas orçamentais e privatizações, condições colocadas pelos credores para libertarem os fundos de que a Grécia precisa para pagar os próximos reembolsos.
Pouco depois destas informações veiculadas pelo FT, um responsável governamental grego desmentiu, num email enviado à agência Bloomberg, que Atenas esteja a preparar-se para um cenário de ‘default’.
Entretanto, o vice-presidente da Comissão Europeia com o pelouro do euro, Valdis Dombrovskis, disse também na segunda-feira à Bloomberg que as conversações com a Grécia estão a acelerar, mas que há ainda "muito a fazer" até 20 de Abril, data em que Atenas tem de apresentar a lista de reformas para poder receber a última tranche do seu programa de assistência financeira, no valor de 7,2 mil milhões de euros.
Margaritis Schinas, porta-voz da Comissão Europeia, referiu igualmente, citada pela Bloomberg, que as negociações prosseguem e que Bruxelas continua a trabalhar com as restantes instituições e com as autoridades gregas.
A próxima reunião dos ministros das Finanças da Zona Euro (Eurogrupo), agendada para 24 de Abril na Letónia, deverá ser "o próximo momento possível" para as conversações decorrerem a nível ministerial, acrescentou Schinas.
(notícia actualizada com mais informação às 24h22)