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FMI: Malparado em Portugal pode minar sucesso da “bazuca” do BCE

O crédito em incumprimento continua a aumentar em Portugal, mas também em toda a Zona Euro. Uma evolução negativa que, segundo FMI, deverá mitigar a concessão de crédito pelos bancos. Por isso, os efeitos das compras de dívida do BCE poderão ficar aquém do esperado.

Bloomberg
15 de Abril de 2015 às 14:00
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O crédito malparado continua elevado na Zona Euro. E Portugal é dos países que regista maiores níveis de incumprimento no sector financeiro. Quem o diz é o Fundo Monetário Internacional (FMI), que alerta para os efeitos que terá na concessão de crédito. Até a "bazuca" do Banco Central Europeu (BCE) poderá ver os seus efeitos ficarem aquém do esperado.

 

"A qualidade dos activos continuou a deteriorar-se na Zona Euro como um todo em 2014, apesar de mais lentamente, com o total de crédito malparado a ascender a 900 mil milhões de euros", nota o FMI, no mais recente Relatório da Estabilidade Financeira Global. Um montante do qual cerca de dois terços reside apenas em seis países: Portugal, Chipre, Grécia, Irlanda, Itália e Espanha. De facto, nestes países, "a maioria - se não todos - dos bancos envolvidos na Revisão à Qualidade dos Activos [AQR, na sigla anglo-saxónica] pelo BCE tinha níveis de incumprimento de 10% ou mais da exposição total".

 

E é o elevado peso do crédito malparado que "reduz a vontade e a capacidade de os bancos concederem crédito", atira a instituição liderada por Christine Lagarde. É que estes activos requerem uma elevada utilização de recursos das instituições financeiras, por exemplo, através na necessidade de constituir provisões. Além disso, "os bancos com elevados níveis de crédito em incumprimento no seu balanço poderão estar menos dispostos a emprestar a mutuários com a qualidade de crédito mínima exigida".

 

"Como resultado, os bancos com elevados níveis de crédito malparado poderão dificultar a transmissão dos programas de compra de dívida do BCE", explica ainda o FMI. Isto porque, para aumentar a inflação, o BCE começou a comprar títulos de dívida pública e privada no mercado, antecipando que as instituições financeiras seriam os principais vendedores. Desta forma, libertariam espaço nos próprios balanços que poderia ser usado para a concessão de crédito. Algo que, assim, está em risco.

 

Desta forma, o FMI considera que "são necessárias mais medidas para impulsionar o crédito bancário na Zona Euro". A instituição realizou uma simulação com mais de 100 bancos da região para antecipar a concessão de crédito entre 2015 e 2017, pressupondo que esta virá dos lucros retidos e da realocação de portfólios com a venda da dívida soberana. "Contudo, o impacto total é limitado porque a realocação aumenta o peso do risco médio nos portfólios dos bancos", diz a instituição. Conclusão? Sem medidas correctivas, "a capacidade média de concessão de crédito dos bancos poderá ficar limitada entre uns meros 1% e 3% em média, por ano".

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