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FMI pede à Europa para "limpar" dívidas das empresas
Há 900 mil milhões de euros de créditos malparados na Europa. Assegurar uma retoma económica geradora de emprego passa também por aqui: por agilizar os processos de insolvência e lidar com esta montanha de perdas potenciais que está a bloquear os canais de crédito, diz Christine Lagarde.
Criar estruturas eficazes para lidar com situações de insolvência é "crucial" para combater o excesso de dívida privada e lidar com o "stock" de 900 mil milhões de euros de créditos malparados que estão a travar novo financiamento bancário às empresas.
A recomendação foi nesta quinta-feira dirigida à Europa por Christine Lagarde, segundo a qual assegurar uma retoma económica geradora de emprego passa também por aqui: por agilizar os processos de insolvência e lidar com esta montanha de perdas potenciais que está a bloquear os canais de crédito na Zona Euro.
Falando perante o Atlantic Council, em Washignton, a directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI) disse que a economia europeia está agora a crescer mais do que se previa, mas em boa parte isso deve-se ao dinamismo nos Estados Unidos e à baixa do preço do petróleo – conjuntura que deve ser aproveitada para "fazer mais, não menos".
Neste contexto, Lagarde pediu a continuação de uma política de baixas taxas de juro ao BCE e mais investimento nos países onde não haja excesso de dívida, para evitar que a Europa mergulhe numa era de crescimento "medíocre".
"Prosseguir uma política monetária acomodatícia é necessário, especialmente na Zona Euro e no Japão" e a "política orçamental também precisa ser calibrada para reforçar a recuperação, sem perder de vista a sustentabilidade da dívida a médio prazo", afirmou Lagarde.
Nos cálculos do Fundo, os importadores de petróleo podem economizar, em média, 1% do respectivo PIB em 2015. "Esses recursos podem ser reafectados para investimentos que ajudem o crescimento, caso das infraestruturas, educação e saúde", sugere.
Lagarde disse ser preciso prosseguir igualmente com as reformas estruturais, designadamente no mercado de trabalho, tendo lamentado que num "número excessivo de países" essas reformas continuem a ser adiadas.
O FMI prepara-se para, na próxima semana, voltar a actualizar as suas previsões macroeconómicas. No início deste ano, a instituição reviu em baixa a sua previsão de crescimento da economia global de 3,8% para 3,5%. Para a Zona Euro, antecipava então uma progressão do PIB de 1,2% em 2015, duas décimas aquém da anterior previsão.