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BCE: Portugal precisa de "medidas decisivas" de reforma

Mario Draghi está confiante na retoma e pressiona reformas estruturais em vários países, incluindo Portugal. O BCE está decepcionado com a perda de ímpeto reformista nos últimos anos.

23 de Março – Draghi no Parlamento europeu

“O que é preciso é colocar no terreno um processo que restaure o diálogo de políticas entre o governo grego e as três instituições, de forma a que consigamos obter uma perspectiva credível de uma conclusão com sucesso da avaliação'
Bloomberg
20 de Abril de 2015 às 15:25
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O presidente do Banco Central Europeu (BCE) está confiante que com as medidas adoptadas em 2014 pela autoridade monetária – com destaque para a entrada em funcionamento do mecanismo único de supervisão e as medidas de estímulo monetário que culminaram no programa de compra de dívida anunciada em Janeiro deste ano. Estas vão garantir uma retoma "mais robusta e sustentável" à Zona Euro, escreve Mario Draghi no prefácio ao relatório anual da instituição, no qual o banco central deixa um puxão de orelhas aos governos: "É mais importante do que nunca" continuarem com a reforma estrutural das respectivas economias. Portugal é um dos países visados.

 

No relatório, divulgado segunda-feira, dia 20 de Abril, Mario Draghi escreve que consegue "agora antever com confiança que a recuperação fraca e desigual observada em 2014 dará lugar a uma retoma mais robusta e sustentável – e que a inflação regressará, sem atrasos indevidos, a níveis consentâneos com o objectivo do BCE de a manter abaixo, mas próximo, de 2% no médio prazo".

 

Mas este sucesso não deve desviar os governos do longo prazo. E aí, só políticas promotoras do crescimento poderão dar resposta ao cenário de abrandamento previsto para a Zona Euro que aponta para um crescimento em torno dos 1,5% no longo prazo, referem os responsáveis da

A recuperação fraca e desigual observada em 2014 dará lugar a uma retoma mais robusta e sustentável.
 
Mario Draghi

autoridade monetária, que defendem a urgência de medidas como a flexibilização de mercados de trabalho e do produto, investimento em inovação, redução de rendas excessivas, reformas dos sistemas de pensões, entre outras. O BCE avisa que as reformas estruturais perderam ímpeto nos últimos anos, e que Portugal está entre os países em pior situação.

 

"Os progressos nas reformas estruturais [na Zona Euro] perderam dinamismo ao longo dos últimos dois anos, o que constitui um motivo de preocupação, dado que reformas estruturais favoráveis ao crescimento são cruciais para aumentar a produtividade, o emprego e, consequentemente, o crescimento potencial na área do euro", lê-se no documento, onde os responsáveis pela instituição dizem que a implementação das recomendações específicas da Comissão Europeia aos vários países tem sido  "relativamente decepcionante".

 

Para 2015, "a prossecução de esforços no sentido da implementação de reformas continua a ser importante em todos os países. Em particular, são necessárias medidas decisivas nos países da área do euro que a Comissão Europeia identificou, em Fevereiro de 2015, como registando desequilíbrios excessivos (ou seja, França, Itália e Portugal) e nos restantes países da área do euro que se encontravam sob acompanhamento específico da Comissão em 2014, ou seja, Espanha, Irlanda e Eslovénia", salienta o banco central, que defende que "a implementação de reformas favoráveis ao crescimento credíveis e decisivas é mais importante do que nunca".

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