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Trudeau prevê que guerra comercial com EUA continuará "no futuro próximo"
"Posso confirmar que continuaremos a estar envolvidos numa guerra comercial lançada pelos Estados Unidos num futuro próximo", afirmou o primeiro-ministro canadiano.
O primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, saudou esta quinta-feira a suspensão das taxas alfandegárias norte-americanas sobre vários produtos canadianos durante um mês, mas previu que a guerra comercial com os Estados Unidos continuará "no futuro próximo".
"Posso confirmar que continuaremos a estar envolvidos numa guerra comercial lançada pelos Estados Unidos num futuro próximo", afirmou hoje o primeiro-ministro canadiano numa conferência de imprensa em Otava, um dia após uma conversa telefónica de 50 minutos "colorida mas construtiva" com o Presidente norte-americano, Donald Trump.
Trudeau sublinhou que os líderes dos dois países estão "ativamente empenhados em manter conversações contínuas para tentar garantir que estas tarifas não prejudiquem excessivamente" determinados setores e trabalhadores.
Trump impôs na terça-feira taxas alfandegárias aos três maiores parceiros comerciais de Washington, atraindo a retaliação imediata do México, do Canadá e da China e lançando uma nova guerra comercial, que provocou um movimento global de venda nos mercados esta terça-feira.
O líder do executivo norte-americano impôs taxas de 25% sobre as importações mexicanas e canadianas, mas limitou as tarifas sobre a energia canadiana a 10%.
Donald Trump acusou Trudeau, que abandonará a liderança do Partido Liberal após a nomeação de um novo presidente no domingo, de instrumentalizar a questão das tarifas para fins eleitorais, apesar de o líder canadiano já ter anunciado que não tenciona candidatar-se à reeleição.
"Apesar do péssimo trabalho que tem feito pelo Canadá, penso que Justin Trudeau está a usar a questão das tarifas, que ele próprio causou em grande parte, para se candidatar novamente a primeiro-ministro. É tão divertido de ver!", escreveu Trump na rede social Truth Social.
As próximas eleições legislativas do Canadá estão previstas para outubro deste ano.
Em declarações ao canal norte-americano de televisão CNBC, o secretário do Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, sugeriu que a Administração Trump poderá suspender as tarifas de 25% sobre o Canada e o México na maioria dos produtos e serviços durante um mês, alargando a isenção que havia sido concedida na quarta-feira apenas a automóveis.
No entanto, apesar dos comentários "promissores" de Lutnick, Trudeau sublinhou que esperará por "um acordo oficial" para preparar a resposta canadiana.
"Isso significa que as tarifas permanecem em vigor e, portanto, a nossa resposta permanecerá em vigor", salientou.
Um dia após a entrada em vigor das taxas alfandegárias, Trump anunciou que iria conceder uma isenção de um mês aos fabricantes de automóveis norte-americanos, depois de se ter reunido com os líderes da Ford, da General Motors e da Stellantis, a empresa-mãe da Chrysler e da Jeep.
Os primeiros 21 mil milhões de dólares (19 mil milhões de euros) de direitos aduaneiros de retaliação do Canadá foram aplicados a produtos como sumo de laranja norte-americano, manteiga de amendoim, café, eletrodomésticos, calçado, cosméticos, motociclos e produtos de pasta de papel e papel.
Daqui a três semanas, Otava planeia aplicar mais 87 mil milhões de dólares (80 mil milhões de euros) de taxas alfandegárias sobre produtos norte-americanos, entre os quais veículos elétricos, frutas e legumes, laticínios, carne de vaca, carne de porco, produtos eletrónicos, aço e camiões.
O Canadá é o principal destino das exportações de 36 estados dos EUA e cerca de 2,7 mil milhões de dólares (2,49 mil milhões de euros) de bens e serviços atravessam a fronteira entre os dois países todos os dias.
Cerca de 60% das importações de petróleo bruto dos EUA provêm do Canadá, bem como 85% das importações da eletricidade norte-americana.