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Bruxelas chamada a ir mais longe nas regras do PEC

Os 27 pedem reforma de longo prazo nas regras orçamentais revistas há um ano para acomodar subida de gastos militares. Proposta da Alemanha, que antes tinha recusado a opção, reuniu consenso.

EPA
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Os chefes de Governo da União Europeia querem que a flexibilização das regras orçamentais europeias vá mais longe do que a já proposta ativação da cláusula de derrogação nacional do Pacto de Estabilidade e Crescimento para investimento em Defesa, apelando a uma reforma de longo prazo nas regras orçamentais a que estão sujeitos os 27, revistas há um ano.

Embora as conclusões finais do Conselho Europeu especial convocado para hoje por António Costa para discutir opções de financiamento para o rearmamento europeu e apoio à Ucrânia ainda não tenham sido publicadas, as agências internacionais avançam já que uma proposta apresentada pela Alemanha para que Bruxelas "explore mais medidas" de flexibilização reuniu o consenso dos Estados-membros, constando da comunicação final da cimeira.

De acordo com a Bloomberg, a comunicação reflete a intenção expressa pela Alemanha - ainda há um ano oposta a uma maior flexibilização para os gastos militares - de que seja possível ir mais longe do que uma exceção temporária do investimento em Defesa às regras comuns para o défice e dívida dos Estados-membros depois de a Comissão ter proposto que ao longo dos próximos quatro anos seja possível reforçar em até 1,5% do PIB a despesa militar dos 27 com capacidade de a flexibilização permitir uma margem orçamental superior a 600 mil milhões de euros. Somados a 150 mil milhões de euros de um novo fundo para gastos em Defesa, baseado em empréstimos, o reforço atingirá 800 mil milhões de euros.

O repto para nova revisão das regras orçamentais é expresso, então, com a chamada a "explorar mais medidas", ao mesmo tempo que os 27 consensualizaram também, para já, o apoio à proposta inicial da Comissão Europeia. Esta prevê a ativação de uma nova cláusula de derrogação nacional, integrada no Pacto há um ano, que exclui de procedimento por défice excessivo os desvios de despesa e nos saldos orçamentais que decorram de investimentos em equipamentos militares e outras despesas (Bruxelas, recorde-se, propõe que também as infraestruturas necessárias para corredores militares possam ser excecionadas).

Após ter assumido ao longo dos anos como um dos Estados-membros mais defensores do rigor da disciplina orçamental, a Alemanha - que pretende mobilizar um fundo nacional de 500 mil milhões de euros para Defesa e rever a Constituição para aliviar os limites ao défice público até 1% do PIB - liderou os esforços por medidas que vão mais longe.

Segundo a Bloomberg, Olaf Scholz, o ainda chanceler e provável parceiro de coligação do futuro Governo alemão, defendeu no Conselho Europeu que "será preciso assegurar a longo prazo que os Estados podem gastar em Defesa tanto quanto queiram". As declarações replicaram o que também Friedrich Merz, futuro chanceler, tinha dito mais cedo. "Temos de alcançar uma mudança nas regras na Europa a longo prazo, em linha com o que estamos a discutir atualmente na Alemanha", afirmou o líder do SPD, citado pelo diário Handelsbatt.

Em declarações transmitidas pela RTP após a reunião, o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, indicou que para o atual Governo português a intenção será beneficiar dos fundos que serão disponibilizados no novo instrumento financeiro de 150 mil milhões de euros - empréstimos a juros mais favoráveis - sendo que a possibilidade de ativação da cláusula de derrogação do PEC para o país não se colocará. Isto porque as contas públicas, ainda excedentárias em 2024, colocam o saldo orçamental muito longe dos 3% do PIB do teto do défice a partir dos quais se abre a possibilidade de procedimento por défice excessivo, indicou.

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