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BNP considera que igualar Portugal à Irlanda é ainda "optimista"

O banco francês comparou o crescimento, o peso da dívida e os riscos políticos em Portugal e Irlanda. Entre as suas conclusões, considera que as eleições irlandesas representam um "risco maior" do que as portuguesas e que a banca portuguesa está mais exposta à Grécia.

15 de Abril de 2015 às 17:58
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Portugal não é a Grécia. Esta frase tem sido repetida insistentemente ao longo dos últimos anos pelos governantes portugueses. Mas, com o fim do programa de ajustamento e o regresso do crescimento, pode Portugal no médio prazo tornar-se na Irlanda, o país do euro que mais vai crescer em 2015 e 2016? Esta é a pergunta colocada pelo BNP Paribas numa nota de análise divulgada esta quarta-feira, 15 de Abril.

 

Os analistas do banco francês começam por olhar para as perspectivas de crescimento nos próximos anos e consideram que o potencial é mais elevado na Irlanda (média de 2,25%), por ter um dos "perfis demográficos mais favoráveis da Zona Euro".

 

Já em Portugal, a média potencial de crescimento deverá ficar abaixo de 1%, diz o BNP Paribas. "As fracas melhorias de competitividade e o fraco potencial de crescimento só enfatizam a necessidade de Portugal proceder a mais reformas", declara.

 

O peso da dívida é outra questão que afecta os dois países: com um peso maior em Portugal (129%) do que na Irlanda (119%). Lisboa deverá conseguir colocar a sua dívida numa "tendência decrescente" nos próximos anos, mas a "evolução vai ser mais vagarosa do que na Irlanda".

 

Esta lenta evolução deve-se ao perfil de crescimento nominal mais baixo de Portugal. Lisboa precisaria de gerar "saldos primários positivos mais largos para igualar a redução de dívida na Irlanda".

 

Já a redução do défice orçamental em Portugal está a ser "travada" pelas decisões do Tribunal Constitucional que vão reverter os cortes feitos durante o programa de ajustamento aos salários públicos e à redução da despesa da Segurança Social.

 

A dívida mais elevada significa que "Portugal permanece mais vulnerável a um choque adverso". O que pode acontecer na forma de um "crescimento mais baixo ou de juros mais elevados".

 

Este cenário está afastado, no entanto, no curto prazo, mas as taxas de juro da dívida soberana "deverão subir de novo" com o fim da expansão quantitativa do BCE no final do próximo ano.

 

Eleições irlandesas representam um maior risco

Em Portugal, o BNP Paribas constata que o apoio pelos partidos do centrão tem sido "extraordinariamente estável" e que não existe verdadeiramente um partido semelhante ao Syriza na Grécia ou ao Podemos em Espanha. "As hipóteses de uma perspectiva pouco amigável para os mercados parece limitada", declara.


Ambos os países enfrentam eleições no espaço de um ano, mas o "risco político é consideravelmente superior na Irlanda", com várias organizações mais à esquerda a ganharem terreno, o que "abre a possibilidade do próximo Governo ser menos amigável para os mercados".

 

A aproximação das eleições gerais nos dois países provocou um abrandamento no esforço de consolidação orçamental tanto em Portugal como na Irlanda. "Os esforços orçamentais ficaram congelados em 2015, com a natureza de qualquer melhoria fiscal a ser puramente cíclica", diz o BNP Paribas sobre Portugal.

 

A situação na Grécia pode vir a ter um "impacto adverso nos sectores bancários de ambos os países". O BNP Paribas considera que os bancos dos dois países melhoraram a sua solvência, mas que a recente fuga de depósitos na Grécia "pode repetir-se noutros países se a situação piorar". "Portugal sofreria mais provavelmente do que a Irlanda porque a sua capacidade de absorção de choques é mais fraca".

 

Portugal e Irlanda mantêm "grandes diferenças"

Para concluir, o BNP Paribas considera que é "um pouco optimista qualificar Portugal como a nova Irlanda" porque "grandes diferenças persistem entre as duas economias".

 

Na Irlanda, o "crescimento potencial é maior, o peso da dívida é menor e é mais resiliente a choques".

 

Com níveis de dívida mais elevados, Portugal precisa de explorar a "janela de oportunidade" providenciada pelo programa de expansão quantativa do BCE para "reformar a economia e reduzir a dívida o mais possível".

 

Caso contrário, quando a economia enfrentar uma desacelaração ou aumento de custos de financiamento "vai estar numa posição difícil". "Pensamos que é razoável ser mais cauteloso em relação a Portugal, apesar da perspectiva de médio prazo para ambos os países ter melhorado".

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