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FMI: Dívida privada em Portugal vai permanecer elevada até 2020

O FMI alerta que Portugal deverá manter elevados níveis de endividamento privado até 2020, uma situação que coloca obstáculos ao crescimento e à estabilidade do sistema financeiro.

Bloomberg
15 de Abril de 2015 às 14:00
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Os níveis de endividamento privado na economia nacional deverão manter-se em níveis elevados, em comparação com os outros países do euro, pelo menos até 2020. Estes elevados níveis de dívida são um travão ao crescimento e ameaçam a estabilidade financeira. O alerta é deixado pelo FMI, que reitera a necessidade de promover políticas para incentivar a desalavancagem do sector privado.

 

"Elevados níveis de dívida no sector privado continuam a ser um obstáculo ao crescimento e à estabilidade financeira", refere o FMI, no seu mais recente relatório de Estabilidade Financeira, onde identifica novos riscos que pairam sobre o sistema financeiro global. Ainda que reconheça que as políticas de estímulo monetário ajudaram a reduzir os rácios de dívida do sector privado, nalguns países os níveis de endividamento vão permanecer elevados até 2020. É o caso de Portugal.

 

"A dívida empresarial bruta em França, Itália, Portugal e Espanha espera-se que permaneça acima ou próxima de 70% do PIB até 2020 e a dívida das famílias bruta em Portugal e no Reino Unido projecta-se que permaneça elevada comparada com a das maiores economias desenvolvidas", adianta a instituição liderada por Christine Lagarde.

 

De acordo com as previsões do FMI, a dívida das famílias em Portugal deverá recuar de 82,6% do PIB no final de 2014, para 70,4% em 2020. Um valor inferior aos 86,9% em 2007, mas ainda assim acima da média registada pelo país em períodos pré-crise. Se nas famílias o endividamento permanece elevado, nas empresas os valores são ainda mais expressivos. A dívida empresarial bruta, actualmente em 108,5% do PIB, deverá manter-se em 92,5% do PIB em 2020.

 

A dívida privada tem sido, aliás, um dos principais problemas apontados pelo FMI na economia portuguesa. A instituição realça que desde 2007, "a dívida financeira líquida das famílias e empresas caiu em cerca de 10% do PIB, em resultado da política de estímulos monetários e a consequente reavaliação dos activos". Mas esse efeito não teve ainda grande impacto em Portugal. "Em contraste, países da Zona Euro, como França, Grécia, Portugal e Espanha não beneficiaram muito com este canal, até agora", conclui o relatório.

 

Reduzir dívida, mas proteger o crescimento

Perante este cenário, o FMI diz que é preciso estimular a redução da dívida, de modo a reduzir os riscos que colocam à estabilidade financeira, "mas a redução da dívida deve ser conduzida de um modo que seja consistente com a recuperação". "O ritmo e a composição da desalavancagem tem implicações macroeconómicas importantes", destaca o FMI.

 

De acordo com a instituição, estes esforços de diminuição do endividamento pode ser feito a vários níveis. "As contribuições podem ser necessárias de todas as três fontes de desalavancagem: desalavancagem macro (crescimento e inflação), desalavancagem do balanço (reembolso da dívida e reestruturação) e reavaliação de activos".

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