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França admite seguir a Alemanha e aplicar controlo de fronteiras "se necessário"

O primeiro-ministro gaulês garante que a França "não hesitará" em aplicar medidas de controlo fronteiriço, "se necessário". A Croácia, que mantém as portas abertas, é agora o destino de centenas de migrantes.

Reuters
16 de Setembro de 2015 às 20:18
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Não é apenas o movimento migratório proveniente de África e do Médio Oriente em direcção à Europa que teima em não cessar. Também a tendência para a reposição de regras de controlo fronteiriço começa a ganhar um crescente número de aderentes. O caso mais recente é representado pela França que esta quarta-feira, 16 de Setembro, anunciou que poderá reintroduzir medidas de controlo de fronteiras caso tal se verifique "necessário".

 

O primeiro-ministro gaulês, Manuel Valls, em declarações proferidas no Parlamento francês e citadas pelo Le Figaro, garantiu que a França "não hesitará" em readoptar o controlo fronteiriço "se nos próximos dias ou semanas tal se revelar necessário". Nesse sentido, Valls recordou que há não muito tempo Paris impôs "controlos temporários" na fronteira franco-italiana na sequência do movimento migratório de pessoas que chegam, na sua maioria, a solo italiano depois de atravessarem o Mediterrâneo. As declarações hoje proferidas pelo governante francês acontecem no dia em que o Les Echos publica um estudo de opinião em que 34% dos inquiridos se mostram favoráveis às ideias anti-imigração defendidas por Le Pen e a sua Frente Nacional (FN).

 

Reconhecendo que o Acordo Schengen faz parte "da nossa identidade e da nossa segurança", Manuel Valls lembrou que este espaço de livre circulação é também "o controlo das fronteiras externas, sem o qual não funciona". Não obstante, tal como a Alemanha, que além de ter reposto medidas de controlo fronteiriço, também tem insistido na necessidade de a Europa ser "solidária" e precisar de encontrar "uma resposta comum" para esta crise migratória e de refugiados, também Valls insistiu ser fundamental que a Europa seja solidária para resolver este problema.

 

Valls tentou demonstrar que é preciso encontrar uma solução que se situe a meio caminho entre aqueles que defendem que a Europa não deve restringir a vinda de migrantes e aqueles que pedem o encerramento das fronteiras à chegada de mais pessoas. Citado pela Lusa, o chefe do Executivo gaulês notou que "alguns dizem-nos que temos de fechar tudo, [mas] isso é ignorar os refugiados que estão a morrer à nossa porta, [enquanto] outros dizem que temos de abrir tudo, [mas] isso é ignorar as realidades e dificuldades que a sociedade francesa enfrenta".

 

Croácia é novo destino dos migrantes

 

Apesar do crescente número de países que decidiram recolocar restrições fronteiriças, ou mesmo encerrar as suas fronteiras, como é o caso da Hungria na fronteira com a Sérvia, o Governo da Croácia mantém-se disponível para receber migrantes, rejeitando fazer qualquer tipo de distinção mediante a etnia, nacionalidade ou religião, como foi proclamado, por exemplo, pela Polónia. O primeiro-ministro croata, Zoran Milanovic, afirmou que os migrantes "poderão passar pela Croácia e nós estamos a trabalhar para isso". Durante o dia de hoje, a Croácia enviou autocarros para a fronteira croata com a Sérvia a fim de transportar os migrantes para um centro de registo.

 

A atitude das autoridades croatas contrasta com aquilo que tem vindo a passar-se na Hungria. Esta tarde, a polícia húngara recorreu a gás lacrimogéneo e canhões de água para tentar dispersar os migrantes que há cerca de dois dias permaneciam junto ao principal ponto de passagem entre a Hungria e a Sérvia, em Roszke, impossibilitados de aceder a solo húngaro depois de Budapeste ter concluído a construção de um muro de betão e arame farpado ao longo da sua fronteira com a Sérvia.  

 

Todavia, apesar da acção policial, o caos provocado pelos confrontos entre alguns migrantes e a polícia húngara, algumas pessoas, segundo refere a agência France Presse, terão conseguido ultrapassar as barreiras e entrar em solo húngaro. Na última madrugada, 367 migrantes foram detidos depois de entrarem na Hungria, país onde ontem entrou em vigor uma lei que criminaliza o acto de atravessar ilegalmente a fronteira húngara. E já depois de, segundo o Guardian, Budapeste ter avisado Belgrado de que a fronteira entre os dois países poderá permanecer encerrada, pelo menos, durante o próximo mês, o Governo sérvio já veio expressar o "mais duro protesto" contra as acções húngaras naquela fronteira.

 

Em resposta à aplicação, por parte da Eslovénia, de medidas restritivas na sua fronteira com a Hungria, a Áustria anunciou entretanto, pela sua ministra do Interior, Johanna Mikl-Leitner, que Viena, que também reintroduziu medidas de controlo nas suas fronteiras, iria iniciar um processo de controlo selectivo junto à fronteira comum entre a Áustria e a Eslovénia. Leitner sustentou que Viena envia assim um "claro sinal" de que não poderá lidar com a chegada massiva e descontrolada de migrantes ao seu território. 

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