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FMI: Compras do BCE podem não compensar choques nos juros da dívida
As injecções de liquidez da instituição monetária da Zona Euro têm pressionado as taxas de juro da dívida Portugal. Mas o FMI estima que o BCE tenha de deixar de comprar obrigações nacionais em breve, pelo que o programa de compra de activos poderá não resolver novos choques.
O programa de compra de activos do Banco Central Europeu (BCE) está a pressionar as taxas de juro da dívida portuguesa. Um factor que ajudou o país durante a turbulência política e a resolução do Banif. Mas a situação é, agora, diferente. Apesar de a instituição ter aumentado as compras mensais, o Fundo Monetário Internacional defende que estas poderão não compensar novos choques. É que o limite na aquisição de dívida nacional estará prestes a ser alcançado.
"Portugal tem beneficiado do programa de compra de activos do BCE", aponta a instituição liderada por Christine Lagarde, no relatório do terceiro processo de monitorização após a conclusão do programa de ajustamento. E a actuação da instituição monetária, acrescentou o FMI, "contribuiu para a compressão dos juros das obrigações no curto prazo e ajudou a reduzir a volatilidade".
Além disso, a instituição sediada em Washington destaca que "o aumento na maturidade média da dívida, o mais suave perfil de reembolsos e a razoável almofada de liquidez tem ajudado Portugal a preparar-se para uma potencial volatilidade nos mercados". Mas alerta que "o risco de uma subida sustentada das taxas de juro continua". E o FMI dá ainda o exemplo da recente turbulência política e financeira em Portugal, explicando que quase 80% da subida dos juros registada desde Outubro a factores internos.
Contudo, a instituição diz que, se houver novas fontes de turbulência – quer sejam de instabilidade política, incerteza no sistema financeiro, ou corte do "rating" -, "uma extensão das compras de activos [do BCE] poderá ser insuficiente para contrabalançar o impacto destes choques". Isto porque a instituição estima que "o BCE atinja o limite de 33% das compras de dívida portuguesa nos próximos nove meses".