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Lagarde: "A recuperação continua demasiado lenta e frágil"

"Estamos em alerta, não em alarme", disse a líder do FMI, que aproveitou o convite para discursar na Universidade Goethe, em Frankfurt, para pedir aos governos que preparem planos de contingência e tenham um papel mais activo na promoção do crescimento económico.

Bloomberg
05 de Abril de 2016 às 11:06
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A directora do Fundo Monetário Internacional (FMI) alertou esta terça-feira que os riscos para a recuperação económica global estão a aumentar e urgiu os países a adoptar políticas que impulsionem o crescimento. Em Frankfurt, Christine Lagarde mostrou-se ainda preocupada com a adopção de uma postura proteccionista e nacionalista dos países face aos desafios que se colocam num mundo cada vez mais interligado.

"A boa notícia é que a recuperação continua. Temos crescimento [económico]. Não estamos numa crise. A notícia menos boa é que essa recuperação continua demasiado lenta, demasiado frágil e os riscos à sua durabilidade estão a aumentar", disse Lagarde, convidada a discursar na Universidade Goethe, em Frankfurt, na Alemanha.

"Estamos em alerta, não em alarme", acrescentou, explicando que "se perdeu parte do 'momento' do crescimento", mas que "se os responsáveis de política monetária forem capaz de confrontar os desafios e agir juntos, os efeitos positivos na confiança global, e na economia global, serão substanciais".

Face a esta conjuntura, a responsável urgiu os governos a agir no sentido de impulsionar a economia global em vez que descansarem na actuação dos bancos centrais, conta o The Guardian. Neste sentido, a responsável pediu mais incentivos fiscais, investimento em inovação e infra-estruturas, reconhecendo porém que "em países com dívidas altas e a aumentar", a prioridade é a consolidação orçamental.

A responsável preveniu ainda os governos nacionais para a necessidade de planos de contingência caso as ameaças para a frágil economia global se materializem. "Os países devem preparar medidas orçamentais inteligentes que possam ser implementadas prontamente caso estes riscos [para a economia global] se materializem", disse.

"Os mercados emergentes lideraram a recuperação económica e a expectativa era de que as economias desenvolvidas agarrassem o bastão do crescimento. Isso não aconteceu", explicou Lagarde, reconhecendo porém que depois da turbulência dos mercados que se fez sentir no início deste ano, o sentimento tem vindo a melhorar.

A contribuir para isso está a política expansionista do Banco Central Europeu, a aparente cautela da Reserva Federal norte-americana no aumento das taxas de juro, a recuperação do preço do petróleo e menores saídas de capital da China.

Todavia, os riscos "permanecem e parecem ter aumentado" disse, justificando o piorar das perspectivas sobre o crescimento global nos últimos seis meses com a desaceleração da economia chinesa, a queda do preço das 'commodities' e a perspectiva de maior rigidez financeira em alguns países.

Na sua análíse a responsável considera que o dólar forte está travar o crescimento da economia norte-americana, enquanto a economia europeia ressente-se por causa do baixo investimento e das altas taxas de desemprego, escreve a Bloomberg. O crescimento da economia e da inflação no Japão ficaram aquém do esperado. No caso da China, a transição para uma economia mais sustentável implica uma desaceleração do crescimento, explicou. E, por fim, as crises no Brasil e na Rússia foram mais graves do que o antecipado e as nações no Médio Oriente foram muito afectadas pela queda do preço do petróleo.


"Fizemos certamente muitos progressos desde a crise financeira, mas como o crescimento tem sido demasiado lento por demasiado tempo, muitas pessoas simplesmente não o sentem", acrescentou, citada pela agência.

Escreve a Bloomberg que o discurso de Lagarde aumenta a expectativa de que o FMI venha a reduzir as suas estimativas de crescimento para a economia no relatório que será divulgado a 12 de Abril.

As declarações de Lagarde têm lugar a menos de duas semanas da reunião entre os responsáveis dos bancos centrais e os ministros das Finanças de 188 países em Washington para avaliar o estado da economia global, lembra a Reuters.

Neste discurso em Frankfurt, Lagarde manifestou ainda preocupação sobre a tendência de eleitores e políticos adoptarem uma postura nacionalista e proteccionista quando confrontados com a desigualdade, o terrorismo, as epidemias e também a crise dos refugiados.

"A frustração está a levar as pessoas a questionar as instituições estabelecidas e as normas internacionais. Para alguns a resposta é olhar para dentro, para outros cortar com estas ligações, fechar fronteiras e recuar para o proteccionismo. Como a História nos mostrou uma e outra vez, este seria um caminho trágico. A resposta para a realidade do nosso mundo interligado não é a fragmentação, é a cooperação", acrescentou.

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