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Farmacêuticas e investigadores procuram vacina para o zika

Em Portugal já foram detectados quatro casos da doença provocada pela picada de um mosquito. A proliferação nas Américas está a preocupar as autoridades, sobretudo no Brasil, à porta do Carnaval e dos Jogos Olímpicos.

Reuters
26 de Janeiro de 2016 às 21:00
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A rápida propagação do vírus zika, detectado em 22 dos 55 países das Américas do Norte e do Sul, tem levado várias entidades a procurar vacinas e formas de combater a doença transmitida pela picada do mesmo mosquito que também provoca o dengue ou a febre amarela.

Na indústria farmacêutica, a GlaxoSmithKline já revelou estar a concluir estudos de viabilidade para perceber se poderá aplicar alguma da tecnologia de vacinas de que dispõe para travar a propagação do zika.

"Estamos a concluir estudos de viabilidade tão rápido quanto podemos para ver se alguma das nossas plataformas de tecnologia de vacinas pode funcionar com o zika", avançou a porta-voz da empresa, Anna Padula, à Reuters, recusando dar mais detalhes. Frisou apenas que lançar novas vacinas pode demorar dez a 15 anos.

No início de Janeiro, a francesa Sanofi, que aprovou no ano passado a primeira vacina contra o dengue, também indicava estar a analisar a possibilidade de aplicar a sua tecnologia no combate ao vírus. "Porém, existem muitos aspectos desconhecidos sobre o zika para avaliar de forma fiável a hipótese de pesquisar e desenvolver uma vacina eficiente", lembrou um porta-voz.

O Brasil é, até agora, o país com mais pessoas infectadas: 1,5 milhões desde Maio de 2015. Segue-se a Colombia, com 13.500 casos. Mas, o que realmente está a preocupar as autoridades sanitárias é a suspeita de que possa existir uma relação entre a contaminação pelo vírus – sobretudo de grávidas - e os quase 4.000 casos de microcefalia (perímetro do cérebro inferior ao normal) em recém-nascidos entretanto registados, com posteriores danos cerebrais e motores irreversíveis, em território brasileiro.

À porta do Carnaval e a poucos meses de receber os Jogos Olímpicos, a situação já levou o governo brasileiro a decidir pôr na rua 220 mil militares para explicar à população formas de se prevenir e distribuir repelente a 400 mil grávidas.

Esta terça-feira, 26 de Janeiro, o jornal Estado de S. Paulo noticiava que o Brasil e os EUA planeiam desenvolver e produzir uma vacina contra o vírus zika, conforme revelou o director-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Jarbas Barbosa. O acordo entre os dois países – que também é aberto a outras nações - deverá ser assinado esta semana em Genebra.

"Para esse desenvolvimento de uma vacina, poderemos estabelecer uma rede de cooperação com os Institutos Nacional de Saúde americanos", afirmou Jarbas, até porque vários centros de investigação brasileiros já trabalham com congéneres norte-americanos numa vacina contra o dengue.

Também o director-geral da Organização Internacional da Energia Atómica, Yukia Amano, já veio sublinhar a hipótese de usar radiação nuclear para eliminar ou reduzir a população do mosquito que transmite o vírus zika. O responsável da agência da Nações Unidas que zela pelo uso pacífico da tecnologia nuclear lembrou que a entidade foi chamada a combater o surto de Ébola em África, em 2014.

Ontem, a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou que, nas Américas, o vírus deverá "espalhar-se e, provavelmente, atingir todos os países e territórios da região onde o mosquito está presente". Só o Canadá e o Chile estarão a salvo devido aos invernos rigorosos.

"A rápida expansão do vírus zika a novas zonas geográficas, onde a população regista baixos níveis de imunização, é um sério motivo de preocupação", enfatizou a directora-geral da OMS, Margaret Chan, numa reunião do comité executivo da organização, em Genebra.

Em Portugal, segundo a Direcção-Geral de Saúde (DGS), foram confirmados quatro casos da doença "que ocorreram em cidadão portugueses que regressaram do Brasil. Todos evoluíram favoravelmente". O Negócios contactou a DGS para actualizar estes números, mas ainda não obteve resposta. Sabe-se que mosquito não existe em território continental, mas que está identificado na Madeira há muito tempo.

"Na Europa existe uma possibilidade reduzida da ocorrência de casos de infecção por vírus zika associados a viagens. No entanto, com a propagação da epidemia no Continente Americano e no Pacífico sul, a probabilidade de importação de casos para a Europa poderá aumentar", realçou a DGS.

Para travar a proliferação da doença, vários países já emitiram alertas para que grávidas evitem viajar para as regiões mais afectadas. Na Colômbia, Equador, El Salvador e Jamaica, as autoridades aconselharam as mulheres a não engravidar nos próximos dois anos.

Tanto a DGS como a OMS já deixaram orientações aos profissionais de saúde e ao público em geral para lidar com o vírus.

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