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Esquema "complexo" do BES comunicado pela primeira vez a 16 de Julho

A KPMG diz ter comunicado ao Banco de Portugal, a 16 de Julho, a existência de "operações de recompra" de dívida própria do BES com assunção de perdas. Foi uma identificação do problema. As perdas totais só se souberam mais tarde.

Bruno Simão/Negócios
02 de Dezembro de 2014 às 19:01
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A 16 de Julho, a KPMG Portugal falou ao Banco de Portugal sobre "operações de recompra, pelo BES, de obrigações próprias emitidas com perdas para o banco". A auditora, afirmou o seu presidente Sikander Sattar, estava naquela data a "investigar as operações" que havia detectado no âmbito da revisão das contas do primeiro semestre.

 

Aos deputados, na comissão parlamentar de inquérito à gestão do BES e do GES, Sattar afirmou que, nessa reunião, foi dito ao Banco de Portugal que foi "identificado o problema" de "perdas que o BES estava a ter com a recompra das obrigações". Estas obrigações tinham sido emitidas por sucursais do banco no estrangeiro.

 

Depois, o líder da auditora explicou que esteve em vários encontros, com o Banco de Portugal, a CMVM e a comissão executiva do BES, nomeadamente falando da utilização de quatro veículos que tinham dívida do banco como principal activo. O Banco de Portugal foi informado destes veículos a 22 de Julho.  

 

Foi este esquema que passou pela unidade do GES no Panamá – com a compra e revenda no "mesmo dia ou em dias próximos", com mais-valias "significativas" na ordem dos 700 milhões de euros que, contudo, não ficaram naquele banco.

 

Três dias depois, contou Sikander Sattar, a 25 de Julho, houve uma nova reunião entre a KPMG Portugal e o Banco de Portugal, em que foi explicada "detalhadamente a situação detectada relativamente às obrigações próprias emitidas em 2014, a identificação do circuito via ES Bank Panamá", tendo sido reiterado que "o valor a provisionar poderia ultrapassar significativamente os 700 milhões de euros".

 

O fim-de-semana seguinte serviu para a auditora contabilizar os valores detectados naquelas obrigações – 1.200 milhões de euros. A este valor foram acrescidos 267 milhões de euros relativamente a cartas-conforto que passaram para o banco obrigações assumidas por empresas do ramo não financeiro do GES. Daí que o prejuízo total do BES tenha ficado nos 3.577 milhões de euros com referência a 30 de Junho de 2014.

 

A medida de resolução ao BES foi aplicada pelo Banco de Portugal a 3 de Agosto, com a capitalização de 4,9 mil milhões de euros. 

 

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