"Todos os sinais de alerta estavam referidos ou no prospecto [do aumento de capital] ou nas notas às contas [de 2013] que foram aprovadas pelo conselho de administração do Banco Espírito Santo", afirmou o presidente da KPMG Portugal, Sikander Sattar. "Informação pública", acrescentou. 

Na audição desta terça-feira, 2 de Dezembro, da comissão parlamentar de inquérito ao BES e GES, Sattar afirmou que os alertas da auditora do banco, que exerceu essa função desde 2002, eram "muito claras em relação aos riscos" da exposição do banco à Espírito Santo International.

Em causa estava, nomeadamente, a exposição directa e indirecta à ESI, nomeadamente com a venda de títulos de dívida da empresa aos balcões do BES). O reembolso da mesma, disse a KPMG no prospecto do aumento de capital do primeiro semestre de 2014, estava "dependente da desalavancagem e da renovação de linhas de crédito" da ESI, processos para os quais poderia "precisar do apoio do ESFG e do BES". O que efectivamente veio a ser necessário, dado que foram estes – primeiro o ESFG e depois do BES – que tiveram de registar provisões para assegurar o pagamento daqueles títulos.

O aumento de capital do BES, de 1.045 milhões de euros, avançou, apesar desses eventuais riscos. Quem poderia impedir, perguntou o deputado Miguel Tiago? "Teria de ser o mercado a fazer o seu julgamento. Teria de ser o mercado a decidir", respondeu Sikander Sattar.

A KPMG Portugal defende que a sua responsabilidade no prospecto do aumento de capital é "circunscrita". 

O aumento de capital determinou a injecção de 1.045 milhões de euros mediante a entrada de novos accionistas. Os accionistas foram os maiores perdedores da resolução aplicada ao BES a 3 de Agosto.