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BCE rejeita pedido do Monte dei Paschi para alargar prazo para aumento de capital
A notícia foi avançada na última sexta-feira por vários órgãos de comunicação, mas agora é oficial. O BCE rejeitou o pedido do Monte dei Paschi para alargar o período que a instituição tem para realizar um aumento de capital de cinco mil milhões de euros.
Não é uma notícia que apanhe o mercado de surpresa, mas desta vez é oficial. O Banco Central Europeu (BCE) rejeitou oficialmente o pedido do italiano Banca Monte dei Paschi di Siena para alargar o tempo que tem para realizar o seu aumento de capital de cinco mil milhões de euros, escreve a Bloomberg.
O banco queria ter até 20 de Janeiro do próximo ano para concluir o processo de recapitalização, um pedido que foi assim negado pela instituição liderada por Mario Draghi, tendo o banco a data limite de 31 de Dezembro para o aumento de capital. A decisão da autoridade monetária faz crescer a possibilidade de o Estado italiano intervir na instituição, uma vez que o tempo para angariar investidores privados diminuiu.
O líder do banco, Marco Morelli, segundo a agência noticiosa, está a tentar encontrar financiadores para a reorganização do banco que pode limpar a folha de balanço do Monte dei Paschi através da alienação de 28 mil milhões de euros em créditos considerados de má qualidade. A instituição financeira pondera pedir aos investidores no retalho para trocarem dois mil milhões de euros em obrigações subordinadas por acções, no caso de haver autorização do regulador para eliminar algumas cláusulas que desencorajaram os aforradores de participarem numa troca anterior, escreve ainda Bloomberg.
No domingo, o banco tinha apontado que ia manter o plano original para completar o processo de levantamento de capital até ao final do ano, ainda que, naquela altura não tivesse recebido oficialmente nenhuma resposta do BCE.
Na semana passada, o Monte dei Paschi pediu ao BCE o alargamento do prazo para a conclusão do processo de recapitalização até ao dia 20 de Janeiro de 2017, justificando a necessidade de mais tempo com a "alteração do contexto de referência". Na sexta-feira, 9 de Dezembro, a agência Reuters e a agência Bloomberg, apontava que o BCE tinha negado o pedido do Banca Monte dei Paschi di Siena.
A alteração pedida pelo banco - o terceiro maior do sistema italiano e o mais antigo do mundo em actividade – prendia-se com a crise política que eclodiu em Itália com a derrota do primeiro-ministro no referendo constitucional, o que levou Matteo Renzi a apresentar a sua demissão.
Com a extensão de cinco semanas pedida, a instituição financeira transalpina tentava ganhar tempo na expectativa de que até meados de Janeiro já pudesse haver fumo branco quanto ao próximo Governo de Itália.
Além de ser o terceiro maior banco italiano, o Monte dei Paschi tem no Estado transalpino o seu principal accionista, facto que leva o Financial Times a antecipava na última sexta-feira que a rejeição do BCE poderia tornar-se num novo impasse entre as autoridades italianas e a Zona Euro. Este jornal britânico retoma ainda a garantia que, a acontecer um falhanço na capitalização do Monte dei Paschi, a administração do banco atirará as responsabilidades para o BCE.